MEDICINA CHINESA E ENERGIA VITAL
A proposta desta breve artigo é
refletir com vocês sobre saúde, sobre estado de equilíbrio físico,
mental, emocional e espiritual. Isto existe de fato? É possível?
Retomaremos, do ponto de vista chinês,
as eternas questões que, desde sempre, estão (ou deveriam estar…) na
base de toda medicina: Como cada um de nós se sente neste momento?
Saudável? Sem dores? Alegre? Em paz? Sereno? Feliz? Como alcançar o
equilíbrio físico, mental , emocional e espiritual tão almejado?
Em nossa perspectiva , para começar, é
necessário tentar entender o fluido energético que percorre o nosso
corpo e está presente na natureza e em todo o universo. Não podemos ter
saúde se não estivermos fluindo energia de modo regular e pleno. Como
isso se dá? Lemos num clássico taoísta:
“Todo o nascimento é uma
condensação; toda morte, uma dispersão da matéria. O nascimento não é um
ganho, a morte não é uma perda… Condensada a matéria, sobrevém um ser;
rarefeita, será o substrato das mutações.” (Zhuang Zi, Nan Hua Jing)
A milenar cultura chinesa guarda
segredos ainda não revelados; parte deles o Ocidente já aprendeu; outros
ainda permanecem reservados a um restrito círculo. Segundo os chineses,
na hora da fecundação uma energia, chamada de energia ancestral,
penetra no corpo e desse fluido gera-se todo o restante; daí surgem
todos os órgãos. Se uma pessoa nasce com a essência lesada, recebe uma
essência que não está adequada e o primeiro efeito é o retardo no
fechamento da sua fontanela, demora para andar; os ossos, os dentes e os
cabelos serão frágeis.
Para a tradição chinesa, todos os
canais de energia, todos os órgãos do corpo começam no rim. A sede do
espírito, no momento da fecundação, é o rim. Eles dizem que temos três
rins. Um rim filtrador, um reprodutor e um chamado de portão da
vitalidade (que alberga a energia vital).
Na perspectiva da medicina chinesa, o
homem é um ser funcional no qual o relacionamento de cada órgão com o
meio, exterior e interior, resulta num tipo específico de fluido. Os
meridianos são caminhos interligados construídos pelos respectivos
órgãos para que o Qi (energia) e os fluidos percorram todo o corpo. Os
meridianos fazem com que os órgãos e as substâncias se comuniquem entre
si e põe ainda o interior em contato com o exterior. A energia, o
fluido, pode estar na forma de: Qi, Essência, Sangue, Espírito e
Líquidos orgânicos; cada um com sua peculiaridade.
O início do Qi e do fluido vital nasce
com o indivíduo e provém da energia ancestral. A energia ancestral,
oriunda dos antepassados, vem com a fecundação e se aloja nas células
que serão o futuro rim direito do feto. Energia ou Qi ancestral ou
primordial é, segundo os chineses, a quantidade de energia que fará a
pessoa viver 20, 50, 80 ou 100 anos . É imutável, não renovável e vai
sendo usada e gasta lentamente ao longo da vida: desde a concepção e
nascimento, nas fases de crescimento, desenvolvimento, amadurecimento,
idade adulta, etc.
Portanto, a quantidade de Qi com que o indivíduo
nasce é suficiente para toda sua vida. Em situações de trauma emocional
violento, como no caso de morte de entes queridos, situações de assalto,
acidentes graves etc., gasta-se o Qi ancestral rapidamente e o
indivíduo perde dias ou anos de vida, envelhecendo de modo mais veloz.
Existem, porém, outras fontes de energia ou Qi renováveis diariamente
que vêm dos alimentos, respiração, exercícios físicos, meditações, sono,
etc.; esse Qi é abastecido a cada 24hs e se aloja no rim esquerdo do
indivíduo.
Em situações de forte fadiga e stress prolongados, gasta-se
demais a energia captada pelo rim esquerdo, obrigando o organismo a
lançar mão da energia do rim direito (a ancestral), levando ao
envelhecimento precoce e adoecimentos como: falta de memória,
fibromialgia, problemas ósseos articulares, auditivos, baixa imunidade,
cabelos brancos, dentes fracos culminando com medos, impaciência e muito
cansaço.
A partir dos rins, saem todos os canais
de energia fluídica que compõem o nosso corpo; os chamados meridianos
não são vasos sanguíneos e nem linfáticos, mas canais não visíveis
sutis, virtuais, que percorrem caminhos de cima a baixo no organismo,
levando fluido energético capaz de fazer funcionar todos os mecanismos
celulares e teciduais. É a energia que flui e anima o corpo, que o faz
movimentar, pulsar, é enfim o chamado FLUÍDO VITAL, descrito por
médicos, como, Samuel Hahnemann (o pai da Homeopatia) e por mestres e
pensadores orientais.
A doença vem do desequilíbrio da
energia ou fluido vital, causada por fatores emocionais, ambientais ou
até espirituais que afetam os meridianos de circulação de energia,
ocasionando os sintomas físicos e emocionais aparentes. Portanto, a cura
da chamada “doença” vem da reorganização e equilíbrio do fluido vital,
obstruído nos meridianos de energia. A visão do médico holístico é
diferente, pois tenta sentir, observar e diagnosticar o desequilíbrio
como um todo; tenta fazer voltar o fluido vital ao seu estado de
normalidade através de ações no corpo físico, como medicamentos
homeopáticos, fitoterápicos, acupuntura, e também propostas de
tratamentos psicopterápicos, energéticos, como Reiki e diversas outras
formas de reequilíbrio vital. São feitas 67 orientações também para que o
indivíduo procure um caminho espiritual próprio de acordo com suas
crenças e convicções. Essas ações não excluem, muitas vezes, a
prescrição de medicamentos alopáticos bem indicados e organizados de uma
forma não antagônica, que não atrapalhe o retorno da energia vital ao
seu estado de normalidade. Por tudo isso, defendemos a MEDICINA
INTEGRATIVA, que une as medicinas oriental e ocidental, de forma que o
melhor seja feito ao paciente.
Os fluidos vitais adquirem as
propriedades do meio externo, ou seja, sofrem a influência das emoções,
desejos e das aspirações. A pureza absoluta é o ponto de partida do
fluido vital universal; o ponto oposto é sua transformação em matéria
tangível, palpável. Entre esses dois extremos acontecem inúmeras
transformações entre o que chamamos de saúde e doença. A Medicina
Holística é filosófica, sintética, espiritual, individual, subjetiva e
natural. A causa da doença tem menos importância, pois a cura é baseada
na reforma do caráter e do comportamento através de ações opostas à
causa da doença: ações que diluem os fluidos deletérios. Os fluidos
adquirem as propriedades do meio, ou seja, sofrem a influência das
emoções, dos desejos e das aspirações. A partir desse posicionamento,
pensar de modo holístico, a proposta é ajudar cada um a pensar em sua
vida no seu todo: nos seus sentimentos, emoções, alegrias e frustrações,
raivas e tristezas. E fazer algo para mudar, a partir de uma
conscientização que leva cada um a cuidar melhor de si, deixar fluir o
Qi e reorganizar sua energia vital.
Naturalmente, a postura holística aplica-se também no sentido da famosa sentença de Ortega y Gasset:
“eu sou eu e minha circunstância”:
se eu melhoro, melhoram também os que
estão a meu redor e o meu ambiente, humano e físico. Daí que o diálogo
médico-paciente, transcende (e não exclui), digamos assim, o recorte da
mera dimensão bioquímica, as baterias de exames e seus resultados
numéricos etc. a que costuma se ater a medicina ocidental. E deve
incluir a totalidade corpo-espírito
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