sexta-feira, 29 de maio de 2015

SAÚDE E EQUILÍBRIO - Cansaço excessivo pode ser um sinal de doenças

Desequilíbrios hormonais e deficiência nutricional podem estar por trás do sintoma


Ela pode chegar de mansinho, se instalando vagarosamente, uma sensação defadiga, moleza e falta energia, até mesmo para executar as pequenas atividades cotidianas. Mas será que é isso normal? Com a correria do dia a dia muitos atribuem essa sensação de cansaço extremo a noites mal dormidas e ao estresse, situações de desânimo que geram um impacto profundo nas atividades sociais e na produtividade profissional, tornando-se hoje uma das principais queixas dos consultórios médicos. 
A severidade dessa sensação de cansaço e fadiga pode e deve ser avaliada por uma escala de sinais, pois uma noite mal dormida, horas enfrentando o trânsito das grandes capitais ou ainda viver em eterno estado de tensão e estresse podem sugar sua energia. No entanto, existem outros fatores que podem e devem ser considerados, como os desequilíbrios clínicos decorrentes de carências nutricionais, desequilíbrios hormonais, infecções e doenças autoimunes. Vamos falar sobre os principais fatores que podem causar o cansaço excessivo:

Desequilíbrios hormonais


O declínio hormonal pode ocorrer em ambos os sexos, sendo um fator mais comum para as mulheres no período próximo ao climatério, e entre os 50 e 60 anos para o homem. O declínio hormonal é fisiológico, e não uma doença, mas quando a queda é acentuada pode gerar sintomas desagradáveis, dentre eles a sensação de fadiga e o cansaço.
Definir as causas da fadiga e do cansaço é de extrema importância, e isso deve ser feito por meio de avaliação médica criteriosa
Uma das hipóteses estudadas associa a sensação de cansaço permanente a uma queda de atividade dos neurotransmissores, como serotonina, dopamina e noradrenalina, indicando que o declínio hormonal pode ter ligação direta com a falta de energia e a sensação de fadiga. Nesse caso, é indicada a reposição hormonal, para reequilibrar o correto funcionamento do sistema nervoso central.
A baixa produção ou a falta de hormônios tireoidianos, por exemplo, pode agravar a sensação da falta de energia e causar sintomas de depressão, sendo portanto fundamental que o médico analise também os hormônios tireoidianos para buscar as causas da fadiga.
Alguns estudos, ainda não aceitos por toda a classe médica, propõem a reposição desses hormônios em pacientes com hipotireoidismo sub-clínico (quando os níveis hormonais estão apenas um pouco abaixo do limite ou no limite) e que apresentem quadro de cansaço excessivo, queda de cabelo e outros sintomas que tirem a qualidade de vida do paciente, melhorando assim a volta às atividades habituais do dia a dia com energia e disposição revigoradas.
Alimentos que ajudam na produção de hormônios tireoidianos (Iodo e Selênio) são indicados como coadjuvantes. Boas fontes de selênio são as oleaginosas (castanhas do Pará, castanha de caju e etc) e boas fontes de iodo são o sal marinho (evite excesso), peixes e algas marinhas.

Anemia

Muitas doenças hoje são ocasionadas por desequilíbrios alimentares, e esse é o caso do desenvolvimento da anemia ferropriva, situação muito associada à queda de energia e disposição física. Isso acontece pois o ferro é um nutriente essencial ao organismo, responsável pela produção de glóbulos vermelhos e transporte de oxigênio. A deficiência de ferro surge principalmente por carência nutricional, infecções intestinais, menstruação com fluxo sanguíneo muito intenso e durante a gravidez - mas qualquer pessoa pode desenvolver anemia, se não receber o aporte correto na dieta ou tiver problemas de absorção.
O tratamento contra a anemia é determinar sua causa e corrigi-la, uma vez constatada por exames laboratoriais, e nesses casos a recomendação é uma dieta rica no nutriente, que é encontrado principalmente na carne vermelha, em verduras verde escuras, leguminosas e alimentos enriquecidos, que ajudarão a suprir as necessidades diárias de ferro.

Déficit vitamina D

Estudos atuais revelam que a baixa dosagem de vitamina D no sangue é uma das prováveis causas do cansaço excessivo e sensação de desânimo. A dosagem de vitamina D no sangue é feita em laboratório e deve ficar acima de 30 mg/dl. Expor-se mais ao sol, mas sem exagero, e aumentar a ingestão de alimentos ricos em vitamina D, como a sardinha, é uma das estratégias de combate ao cansaço.

Dietas restritivas

Eliminar de maneira radical grande quantidade de alimentos ou fazer dietas da moda que cortam de maneira exagerada certos grupos alimentares podem gerar déficits nutricionais, pela dificuldade de conseguir obter por meio da alimentação nutrientes importantes para o organismo. O carboidrato, por exemplo, nos dá glicose, que é um combustível importante para o corpo e sem ele a sensação de esgotamento é mais frequente, tornando as queixas de cansaço e falta de energia mais comuns após as duas primeiras semanas de restrição.
O tratamento consiste em uma dieta equilibrada, que privilegie os bons carboidratos, boas proteínas e boas gorduras, além de combinar bons nutrientes, como os alimentos ricos em vitaminas do complexo B, que aumentam a resistência à fadiga.

Estresse e ansiedade

A ansiedade e o estresse são sem sombra de dúvidas males da vida moderna e a queixa mais frequente é a de acordar cansado. Isso ocorre porque o estresse libera quantidades altas de cortisol e adrenalina, hormônios que em altas doses prejudicam o funcionamento dos neurotransmissores, deixando os indivíduos ansiosos, com dificuldade de concentração e no sono. O tratamento nesse caso é praticar uma atividade física prazerosa, que alivie as tensões, e em casos extremos a recomendação é a de uso de medicamentos.
Definir as causas da fadiga e do cansaço é de extrema importância, e isso deve ser feito por meio de avaliação médica criteriosa, na qual um especialista fará um check-up clínico, nutricional e hormonal, descartando assim patologias que podem originar todos os sintomas.

SAÚDE E EQUILÍBRIO - Reconheça os sinais de que sua tosse não é normal

Presença de secreções e tempo de duração acusam diferentes doenças

tosse é um reflexo natural do aparelho respiratório para eliminar micro-organismos que estejam afetando as vias aéreas - seja nariz, garganta ou pulmões. Mas nem sempre a tosse é igual ou chega sozinha, e analisar os diversos aspectos dela pode ajudar a entender se é um quadro alérgico leve ou sintoma de algo mais grave, como uma pneumonia. Conheça as principais características da tosse e quando buscar ajuda médica:

Tosse seca

De acordo com o otorrinolaringologista Jamal Azzam, da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, geralmente a tosse seca é bastante incomodativa e não faz barulho de secreção - nem na garganta, nem nos pulmões. A tosse seca quase sempre sofre alguma alteração no sistema respiratório, como:

mulher tossindo - foto: Getty Images
A tosse aguda é aquela que dura até 3 semanas

  • Rinite alérgica
  • Faringites agudas irritativas, virais, bacterianas ou fúngicas
  • Amigdalites virais ou bacterianas
  • Laringites irritativas, virais ou bacterianas
  • Traqueítes ou laringotraqueítes virais ou bacterianas
  • Crise de asma/bronquite aguda
  • Pneumonia viral ou bacteriana
  • Uma causa grave e que pode levar à risco de morte é a embolia pulmonar.
Entretanto, a tosse também pode ocorrer como sintoma de outras doenças. "Ela pode ser sintoma de alterações cardiovasculares, reumatológicas ou gastroenterológicas, assim como de tumores benignos e malignos ou então um efeito colateral de medicamentos", explica o otorrinolaringologista Jamal. Além disso, muitos quadros virais ou bacterianos - como um resfriado ou gripe - podem manifestar tosse seca no final ou após o final do tratamento. "A pessoa tem nariz entupido, secreções e cerca de uma semana depois tem tosse."
O especialista afirma que se a tosse seca estiver acompanhada de febre alta persistente, mal estar intenso no corpo e dores nos olhos, é necessário buscar ajuda médica.

Tosse produtiva

"Na tosse é expelido o muco ou mais conhecido como catarro, que pode ser claro, espesso, branco, verde, amarelado ou em alguns casos acinzentado", diz Jamal Azzam. O muco ou catarro é produzido por pequenas glândulas que ficam abaixo da mucosa, uma camada que reveste internamente as vias aéreas. Segundo o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o muco é composto por água (90 a 95%), glicoproteínas, sais e restos celulares. Sua função é proteger as vias aéreas do ataque de vírus, bactéria se outros micro-organismos que podem infectar nosso corpo.
A presença do sangue na tosse pode indicar uma infecção viral, fúngica ou bacteriana.
Justamente por isso, a cor, consistência e até mesmo o odor do muco podem nos dizer se há algo de errado, uma vez que para eliminar os organismos invasores ele poderá ficar mais concentrado, com sangue ou mesmo mal cheiroso. "Quando existe catarro, a sugestão é que não seja somente uma doença irritativa, e sim viral ou bacteriana", explica Jamal. Da mesma forma que a tosse seca, a tosse produtiva também pode ocorrer após o tratamento de algumas doenças, uma vez que o organismo ainda está eliminando os micro-organismos.
Segundo os especialistas, sintomas como falta de ar e cansaço constante e/ou para atividades físicas leves devem motivar uma consulta médica. Clique aqui para saber mais sobre a cor e consistência do muco e quando ele indica problemas.

Que produz gosto ácido ou amargo na boca

Doenças como gastrite e refluxo gastroesofágico podem gerar uma tosse com gosto amargo na boca. "Quando há um retardo no esvaziamento dos alimentos do estômago, que sofrem uma fermentação por ação de bactérias, liberando odores desagradáveis", explica o gastroenterologista Décio Chinzon, do Laboratório Pasteur, em Brasília. "Algumas sintomas associados à tosse levantam suspeita para um problema gastroenterológico, como azia, irritação constante na garganta, sensação de que tem algo parado na garganta, ardor na garganta ou na boca e queimação na língua", enumera o otorrinolaringologista Jamal.

Tosse por tabaco

tabagismo leva a uma tosse crônica, persistente e bastante incomodativa. Geralmente tem secreção associada cronicamente também. A secreção liberada na tosse do tabagista costuma ser escura, amarronzada. "O tabaco é um importante irritante das vias aéreas, tanto nasais como brônquicas e pode estimular as glândulas a produzirem mais muco", diz o pneumologista Ciro.
Parar de fumar aumenta as chances desse tipo de tosse diminuir com o tempo. "No entanto, pessoas que fumam há anos dificilmente irão parar de tossir, uma vez que a irritação de toda árvore respiratória é crônica e sequelar", completa Jamal Azzam.

Tosse com sangue

A presença do sangue na tosse pode indicar uma infecção viral, fúngica ou bacteriana. "Outras causas de tosse com sangue incluem ruptura de vasos do sistema respiratório, tumores, tuberculose, entre outros", afirma o otorrinolaringologista Jamal. Segundo o especialista, toda a tosse com sangue deve ser investigada, principalmente se associada à rouquidão persistente.

Por que a tosse piora à noite?

Quem sofre com tosse crônica ou está passando por um quadro agudo sabe que a situação tende a piorar à noite, principalmente durante o sono. Segundo o otorrinolaringologista Jamal, nosso sistema de proteção contra as inflamações e infecções fica mais debilitado durante a noite. "A causa é que o hormônio anti-inflamatório e antialérgico, o corticoide natural, é liberado uma vez por dia, somente de manhã, então à noite esse hormônio já foi consumido, causando uma piora no quadro de diversas doenças", diz. Essa situação é especialmente comum em crianças que apresentam alergia - nesses casos, a tosse começa cerca de 1 hora depois do sono e pode perdurar a noite toda.
Além disso, a posição deitada prejudica a drenagem das secreções das vias respiratórias, o que favorece seu acúmulo e estimula a tosse. Investir em travesseiros mais altos durante as crises de tosse podem ser uma alternativa para reduzir o problema.

Diferenças entre tosse aguda e crônica

De acordo com os especialistas, a tosse aguda é aquela que dura até 3 semanas. Já a tosse crônica dura mais de 8 semanas e deve ser investigada independente dos sintomas relacionados. "Entre as tosses aguda e crônica existe a tosse subaguda, que já deve ser tratada com atenção", afirma Jamal Azzam. Por isso, muito cuidado: tosse persistente por mais de 10 dias já é justificativa para uma consulta médica!
POR CAROLINA SERPEJANTE ATUALIZADO EM 21/05/2015