domingo, 7 de outubro de 2018

DESPERTANDO O CONHECIMENTO - IANSÃ A LUZ DA KABBALAH

IANSà


Iansã a luz da Kabbalah


Numa primeira instância, quando lemos sobre Iansã é comum encontramos as descrições: Senhora dos Raios, dos Ventos e Tempestades.
Veja bem:
  • Iansã não é o acúmulo de carga elétrica, é o Raio.
  • Iansã não é a nuvem Cumulonimbus, é a Tempestade.
Para compreendermos melhor este Orixá, vamos por partes, estudando inicialmente o que é um raio.
Raio (meteorologia)
Um raio é uma descarga elétrica de grande intensidade que ocorre quando a rigidez dielétrica (capacidade isolante) do ar é quebrada e cargas elétricas fluem diretamente da nuvem para o solo, do solo para a nuvem ou ainda entre nuvens. Em média, de cinqüenta a cem descargas acontecem a cada segundo em todo o mundo.  Essas descargas representam um imenso fluxo de energia que atinge (em média) valores de 125 milhões de volts, 200 mil ampères e 25 mil graus centígrados.
A chave que nos interessa aqui é FLUXO DE ENERGIA.
Da mesma forma, uma tempestade contém em si uma quantidade absurda de energia e quando se forma e acontece, há uma grande dissipação dessa energia seja através de raios, chuva ou ventos, etc, constituindo um mecanismo gigantesco onde também se observa um imenso fluxo de energia.
Tudo bem; então raios, ventos e tempestades representam um imenso fluxo de energia. E Iansã com isso?
Este simbolismo genial, criado há milênios, foi uma forma muito sutil de associar Iansã a Chokmah, 2ª esfera da Árvore da Vida.
chokmah-IansaComo vimos anteriormente em Ibeji a luz da Cabala, Kether/Ibeji, a primeira esfera, equivale à forma mais transcendental de Deus que podemos conceber. Kether é o ponto formulado no vazio. De acordo com a definição euclidiana, um ponto tem posição, mas não dimensões. Se, contudo, concebermos esse ponto movendo-se no espaço, ele se transformará numa linha. E se imaginarmos o Ponto Primordial que é Kether estendendo-se pela linha que é Chokmah, teremos a representação simbólica mais adequada que seremos capazes de alcançar em nosso presente estágio de desenvolvimento. A força que flui incessantemente do Imanifesto transcende as suas limitações, demandando modos novos de desenvolvimento a estabelecendo relações e tensões novas. Chokmah é esse fluxo de força desorganizada a desequilibrada, e, sendo Chokmah uma Sephirah dinâmica, que flui incessantemente como energia ilimitada, poderíamos considerá-la, apropriadamente, mais como um canal por onde passa a energia do que como um receptáculo em que a força é armazenada.
Chokmah/Iansã não é uma Sephirah organizada, é sim a Grande Estimuladora do Universo. É de Chokmah/Iansã que Binah/Xangô, a Terceira Sephirah, recebe o seu influxo de emanação, e Binah é a primeira das Sephiroth organizadoras e estabilizantes.
Consoante a isso, também encontramos vários textos em que Iansã é denominada a Senhora das Paixões.
Paixão: amor, ódio ou desejo demonstrado de maneira extrema. “O mar é o amor, a onda é a paixão.” Ou seja, um imenso fluxo de energia que transborda do amor (ou do ódio).
Continuando, não é possível compreender nenhuma Sephirah sem estudar a sua companheira; por conseguinte, para compreender Chokmah/Iansã, deveremos dizer algo a respeito de Binah/Xangô. Em Chokmah e Binah temos, respectivamente, o positivo e o negativo arquetípicos; a masculinidade e a feminilidade primordiais, estabelecidas quando a manifestação ainda era incipiente. É desses pares de opostos primários que surgem os Pilares do Universo, por entre os quais se tece a rede da manifestação: O princípio Estimulante de Iansã com o poder formativo de Xangô.
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O chifre de Búfalo
Não é minha intenção aqui aprofundar este estudo à Árvore da Vida mas apenas observar sua relação com os Orixás Africanos e tentar, com isso, compreendê-los um pouco melhor. Dentro desta observação de correlação, notamos que um dos símbolos mais representados com Iansã é o chifre de búfalo. A origem dessa associação de Iansã ao chifre de búfalo pode ser lida na lenda anexa ao final do texto. Ocorre que este símbolo, o chifre, curiosamente também está incluído nesta correlação!
A Cornucópia
Um dos amuletos mais comuns e conhecidos no mundo são os pedaços de chifres e cornos (ou metais e corais moldados à forma de um chifre). Este amuleto é também chamado de Cornucópia de Amaltea e sua origem data das celebrações gregas.
E quem era Amaltea?
Amaltea era uma cabra descendente do Sol que vivia numa gruta no monte Ida, em Creta. Ou segundo outras fontes, era uma ninfa, filha de Meliseo, que alimentou Zeus com o leite de uma cabra. Segundo as lendas, quando Zeus era pequeno e estava escondido de seu pai, Saturno (Chronos) e era tratado por Amaltea, num ataque de ira, o deus menino agarrou com força o corno da cabra, puxou-o e arrancou-o, produzindo uma enorme dor à sua cuidadora. Quando Zeus ficou adulto, ele concedeu ao chifre arrancado o dom da abundância; a partir desse momento o chifre estaria sempre cheio de alimentos e bens que o seu dono possa desejar.
Quando Amaltea morreu, foi levada a Zeus, que a transformou na constelação de Capricórnio. O chifre ficou conhecido como “a cornucópia” ou “o corno da abundância”. Desta maneira, ao mesmo tempo, este símbolo representava o poder fálico dos deuses criadores e o ventre gerador da vida feminino. Traçando um paralelo com a Kabbalah hermética, temos o Caminho de Daleth, entre Chokmah/Iansã e Binah/ Xangô. Em Daleth nós encontramos a união do princípio fecundante masculino e o princípio receptivo feminino primordiais que resultam na manifestação do Universo. 
Aliás, se ninguém percebeu ainda, casualmente, Iansã que nas lendas é referida como esposa preferida de Xangô, na Árvore da vida também é seu par! Iansã é o Raio e Xangô o Trovão!
Senhora dos Eguns
Em segunda instância, Iansã é mencionada como a Senhora dos Eguns, aquela que exerce poder sobre eles os enfrentando quando necessário e encaminhando para a evolução.
Esta característica se deve a esta Chokmah ser o canal por onde flui a energia do Imanifesto.  Podemos verificar isso pelas características dos caminhos a ela ligados.
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  • Título: O Espírito Santo.
  • Inteligência: Inteligência cintilante.
  • Posição: Une as Esferas Kether (Ibeji) a Chokmah (Iansã)
A Inteligência Cintilante é a vitória sobre os véus da ilusão que se desfazem pelo o poder da Luz emanada de Kether, o Grande Dispersador.  Paulo, em sua carta para os coríntios, afirma que “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus“, mas ele fala de “um mistério: nem todos dormirão, mais será transformado tudo.”. . “Porque é necessário que este corpo corrutível se revista de incorruptibilidade e que o corpo mortal se revista de imortalidade.” Isto sugere que o homem comum, de mutável de natureza, será substituído pelo homem espiritual, imutável e imortal, pelo nascimento natural de um estado de consciência superior. Infelizmente, raramente isso ocorre antes do desencarne.
VAVVav
  • Título: O Hierofante.
  • Inteligência: Inteligência Triunfal.
  • Posição: Une as Esferas Chokmah (Iansã) a Chesed (Oxóssi)
O 16º Caminho é o da INTELIGÊNCIA TRIUNFAL ou ETERNA, porque é o prazer da Glória além de qual não há outro semelhante para ela, é chamado também o Paraíso preparado para os justos. Nele, nos deparamos com as puras emanações de planos superiores. Chokmah é considerado como um receptor dinâmico e transmissor das energias divinas; por isso este Caminho é denominado Triunfal ou da Inteligência Eterna. Chokmah é o Grande Estimulador, pois estimula e provoca a evolução.
O significado espiritual deste caminho é determinado pelo signo feminino e terreno de Touro que é o símbolo da concretização mais densa na Terra. Esta informação nos dá uma grande luz sobre o significado de Iansã se “despir de sua pele de búfalo” na lenda! Simboliza claramente sua atuação sobre os espíritos que “se despiram da carne”.
HEHHeh
  • Título: A Mãe.
  • Inteligência: Inteligência Constituinte.
  • Posição: Une as Esferas Chokmah (Iansã) a Tiferet (Oxalá)
O propósito deste Caminho é a Visão de Deus, cara a cara; em outras palavras, a Individualidade se coloca em frente a Chokmah com a dinâmica da pura energia divina, simbolizada pela carta Heh, chave deste Caminho que significa janela. A personalidade toma conhecimento, condicionamentos e experiências que se vão ampliar em razão do alongamento de seus horizontes mentais e espirituais.
Resumindo: Os aspectos descritos nesses 3 caminhos ligados a Chokmah nos leva a intuir que o fluxo de energiaemanado por Iansã é a chave para entendermos sua ligação com os Eguns, ou melhor, com os desencarnados que estão perdidos mas desejosos de encontrar um caminho e seguir a evolução. É ela quem estimula e provoca a evolução!
O Alfanje
Em outras representações, Iansã porta um Alfanje (sabre de folha curta e curva) de cobre. Qual o significado disso? Para esta questão não encontramos resposta na Árvore da Vida pois não há relação deste metal com Chokmah, então recorremos a outra fonte. O livro A Força Mística dos Metais nos apresenta o cobre como apropriado para o tratamento espiritual de saudade, infelicidade, frieza, falta de hospitalidade, frio interior, tristeza, rejeição e cólera; ou seja, é o metal mais adequado para o trato com recém desencarnados.
*** * ***
Anexo
Lenda: Iansã e a pele de búfalo
Ogum foi um dia caçar na floresta. Ele ficou na espreita e viu um búfalo vindo em sua direção. Ogum avaliou logo a distância que os separava e preparou-se para matar o animal com a sua espada. Mas viu o búfalo parar e, de repente, baixar a cabeça e despir-se de sua pele. Desta pele saiu uma linda mulher. Era Iansã, vestida com elegância, coberta de belos panos, um turbante luxuoso amarrado à cabeça e ornada de colares e braceletes. Iansã enrolou sua pele e seus chifres, fez uma trouxa e escondeu num formigueiro. Partiu, em seguida, num passo leve, em direção ao mercado da cidade, sem desconfiar que Ogum tinha visto tudo. Assim que Iansã partiu, Ogum apoderou-se da trouxa, foi para casa, guardou-a no celeiro de milho e seguiu, também, para o mercado. Lá, ele encontrou a bela mulher e cortejou-a. Iansã era bela, muito bela, era a mais bela mulher do mundo. Sua beleza era tal que se um homem a visse, logo a desejaria. Ogum foi subjugado e pediu-a em casamento. Iansã apenas sorriu e recusou sem apelo. Ogum insistiu e disse-lhe que a esperaria. Ele não duvidava de que ela aceitasse sua proposta. Iansã voltou à floresta e não encontrou seu chifre nem sua pele.
“Ah! Que contrariedade! Que teria se passado? Que fazer?”
Iansã voltou ao mercado, já vazio, e viu Ogum que a esperava.
Ela perguntou-lhe o que ele havia feito daquilo que ela deixara no formigueiro. Ogum fingiu inocência e declarou que nada tinha a ver, nem com o formigueiro nem com o que estava nele. Iansã não se deixou enganar e disse-lhe:
“Eu sei que você escondeu minha pele e meu chifre. Eu sei que você se negará a me revelar o esconderijo. Ogum, vou me casar com você e viver em sua casa. Mas, existem certas regras de conduta para comigo. Estas regras devem ser respeitadas, também, pelas pessoas da sua casa.
Ninguém poderá me dizer: Você é um animal!
Ninguém poderá utilizar cascas de dendê para fazer fogo.
Ninguém poderá rolar um pilão pelo chão da casa”.
Ogum respondeu que havia compreendido e levou Iansã. Chegando em casa, Ogum reuniu suas outras mulheres e explicou-lhes como deveriam comportar-se. Ficara claro para todos que ninguém deveria discutir com Iansã, nem insulta-Ia. A vida organizou-se. Ogum saía para caçar ou cultivar o campo. Iansã, em vão, procurava sua pele e seus chifres. Ela deu à luz uma criança, depois uma segunda e uma terceira … Ela deu à luz nove crianças. Mas as mulheres viviam enciumadas da beleza de Iansã. Cada vez mais enciumadas e hostis, elas decidiram desvendar o mistério da origem de Iansã. Uma delas conseguiu embriagar Ogum com vinho de palma. Ogum não pôde mais controlar suas palavras e revelou o segredo. Contou que Iansã era, na realidade, um animal; que sua pele e seus chifres estavam escondidos no celeiro de milho. Ogum recomendou-lhes ainda:
“Sobretudo não procurem vê-los, pois isto a amedrontará. Não lhes digam jamais que é um animal!” Depois disso, logo que Ogum saía para o campo,as mulheres insultavam Iansã: “Você é um animal! Você é um animal!!”
Elas cantavam enquanto faziam os trabalhos da casa:
“Coma e beba, pode exibir-se, mas sua pele está no celeiro de milho!”
Um dia, todas as mulheres saíram para o mercado. Iansã aproveitou-se e correu para o celeiro. Abriu a porta e, bem no fundo, sob grandes espigas de milho, encontrou sua pele e seus chifres. Ela os vestiu novamente e se sacudiu com energia. Cada parte do seu corpo retomou exatamente seu lugar dentro da pele.
Logo que as mulheres chegaram do mercado, ela saiu bufando. Foi um tremendo massacre, pelo qual passaram todas. Com grandes chifradas Iansã rasgou-lhes a barriga, pisou sobre os corpos e redou-os no ar. Iansã poupou seus filhos que a seguiam chorando e dizendo:
“Nossa mãe, nossa mãe! É você mesma? Nossa mãe, nossa mãe!!  Que você vai fazer? Nossa mãe, nossa mãe!!! Que será de nós?”
O búfalo os consolou, roçando seu corpo carinhosamente no deles e dizendo-lhes:
“Eu vou voltar para a floresta; lá não é um bom lugar para vocês. Mas, vou lhes deixar uma lembrança.”
Retirou seus chifres, entregou-lhes e continuou:
“Quando qualquer perigo lhes ameaçar,quando vocês precisarem dos meus conselhos, esfreguem estes chifres um no outro. Em qualquer lugar que vocês estiverem, em qualquer lugar que eu estiver, escutarei suas queixas e virei socorrê-los.”
Eis porque dois chifres de búfalo estão sempre no altar de Iansã.
*** * ***
Fontes:
A Cabala Mística – Dion Fortune

DESPERTANDO O CONHECIMENTO - OXUM A LUZ DA KABBALAH

OXUM 

Oxum a Luz da Kabbalah


“Pois nenhum pensamento humano criou deuses para amar e honrar
Senão depois que a canção vibrou no silêncio da alma,
E nem em sonhos pôde a terra unir-se aos céus
Antes que a palavra se vestisse de fala pelos lábios do homem” (1)

Quando os homens analisaram e discerniram, fator por fator, as causas primeiras, eles as endeusaram.  Ao descobrir que em todas as partes do globo as mesmas necessidades e os mesmos motivos atuavam sobre eles, desenvolveram panteões semelhantes.  Mas, visto que os temperamentos diferem, desenvolveram panteões tão diferentes quanto os bandoleiros do México a os radiantes seres da Hélade. (1)
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O texto que escolhi para abrir esse estudo é de uma precisão incrível ao descrever como nasceram os diferentes e, ao mesmo tempo semelhantes, panteões existentes em todas as culturas ao redor do globo.  As diferenças se devem sobretudo a imensa variedade de culturas e temperamentos dos povos; as semelhanças, ao fato de as mesmas “causas” ou energias, ou ainda “Manifestações Divinas” atuarem por todo o globo…ou universo.
Como prefiro enxergar a humanidade como um todo, sem qualquer tipo de discriminação, e ao mesmo tempo estudar e praticar a religião que escolhi, que por sua vez nasceu de uma cultura específica, entendo como de extrema valia o estudo comparado a outro conhecimento proveniente de outra cultura, pois “ver a mesma coisa” sob outro ponto de vista só tem a engrandecer nossa visão original.  Dito isto, podemos prosseguir com nosso estudo comparado entre os Orixás e a Cabala, lembrando que o trabalho original os relacionando, que inspirou este estudo, é da autoria de Marcelo Del Debbio.
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James C. Lewis – Noire 3000 Studios

OXUM

Òşun na África (2)
Oxum é a divindade do rio de mesmo nome que corre na Nigéria, em Ijexá e Ijebu. Era, segundo dizem, a segunda mulher de Xangô, tendo vivido antes com Ogum, Orunmilá e Oxossi.  As mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a Oxum, pois ela controla a fecundidade, graças aos laços mantidos com Ìyámi-Àjé (“Minha Mãe Feiticeira”). Sobre este assunto, uma lenda conta que:
Quando todos os orixás chegaram a terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram admitidas. Oxum ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para se vingar, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os orixás dirigiram-se a Olodumaré e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembléias. Olodumaré perguntou se Oxum participava das reuniões e os orixás responderam que não. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo. De volta a terra, os orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por aceitar depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes resultados. (2)
Praticamente todo o conhecimento que temos sobre os Orixás vem através de lendas (Itãs). Em nosso estudo, vamos analisar algumas delas aqui. Sobre essa primeira lenda, a única observação por agora (para aguçar a intuição) é lembrar que a mulher simboliza o campo emocional enquanto o homem, o campo lógico. Considerando apenas esse aspecto, já é possível começar a interpretá-la sob outro prisma. Porém, antes de podermos entender melhor seu significado, vamos ver o que temos a “colher” na Árvore da Vida, onde todas as deusas Sedutoras e/ou de Fertilidade estão relacionadas à energia da esfera de Netzach, o que inclui Oxum.

Kaballah_OxumNa Árvore da Vida – Netzach – a 7ª Esfera(1)
Título: Netzach, Vitória.
Imagem Mágica: Uma bela mulher nua.
Texto Yetzirático: O sétimo Caminho chama-se Inteligência Oculta porque é o esplendor refulgente das virtudes intelectuais percebidas pelos olhos do intelecto e pelas contemplações da fé.
Título Conferido a Netzach: Firmeza.
Chakra Cósmico: Nogah, Vênus.
Experiência Espiritual: A visão da beleza triunfante.
Virtude: Desprendimento.
Vício: Impudor. Luxúria.
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Vênus, ou, na sua forma grega, Afrodite, é a deusa do amor. Ora, no conceito grego da vida, o amor abrange muito mais do que o relacionamento entre os sexos, incluindo a camaradagem dos guerreiros e o relacionamento entre professor e aluno.(1)
E o que é o amor, em todas as suas esferas, senão a mais forte emoção que podemos conceber?  Emoção é a palavra chave das cachoeiras de Oxum. Enquanto Yemanjá é o mar que “pega tudo”, Oxum é a Cachoeira que não se consegue controlar, não se consegue segurar, como o choro emocionado e incontrolável que se observa nas médiuns incorporadas com as Caboclas desse Orixá.
Até aí tudo bem, nenhuma novidade pois o Amor, embora em seu aspecto afetivo entre um casal, é o que a maioria dos adeptos de Umbanda e Candomblé esperam de Oxum, mas o significado dessa emoção alcança, através do estudo de Netzach, um sentido muito além disso, do qual sequer desconfiávamos.
Como vimos na primeira lenda, Oxum mantém estreitos laços com Ìyámi-Àjé “Minha Mãe Feiticeira” e, de fato, em muitas lendas Oxum é referida como uma poderosa feiticeira e, a palavra chave aqui é Magia, a magia cerimonial, ou ritual.  Não existe rito, gira, xirê sem Oxum, sem Netzach.  Há mais uma lenda que sutilmente vem reforçar essa ideia:
Oxum , que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem em seus corpos os Orixás.
Oxum fez oferendas a Exú para propiciar sua delicada missão. De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos Orixás.
Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos.
Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola.
Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas.
O Orí, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa.
Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados indés.
Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás.
Esse oxo atrairia o Orixá ao Orí da iniciada e o Orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.
Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavam odara.
As iaôs eram a noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar.
Estavam prontas para os deuses.
Os Orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas.
Os humanos faziam oferendas aos Orixás, convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs.
Então os Orixás vinham e tomavam seus cavalos.
E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os Orixás dançavam e dançavam e dançavam. Os Orixás podiam de novo conviver com os mortais.
Os Orixás estavam felizes.  Na roda das feitas, no corpo das iaôs, eles dançavam e dançavam e dançavam. (3)
Todo ser celeste concebido pela mente humana tem como base uma força natural, mas que sobre a base dessa força natural, se ergue uma imagem simbólica que lhe corresponde e que é animada e ativada pela força que representa. A imagem, portanto, é apenas um modo de representação adotado pelo espírito Kaballah_Oxum-Exuhumano para a sua própria conveniência, mas a força que a imagem representa e que a anima é uma coisa muito real, e que, sob certas circunstâncias, pode ser extremamente poderosa. Em outras palavras, embora a forma sob a qual o deus é representado seja pura imaginação, a força que se lhe associa é real e ativa. (1)
Esse fato é a chave não apenas da Magia Talismãnica em seu sentido mais amplo, que inclui todos os objetos consagrados utilizados no cerimonial e na meditação, mas de muitas coisas na vida que não podemos deixar de observar, mas para as quais não temos nenhuma explicação. Isso explica muitas coisas na religião organizada que são muito reais para o devoto, mas muito estranhas para o incrédulo, que é incapaz de explicá-las e tampouco de negá-las. (1)
Em Netzach, contudo, temos a forma mais tênue dessas coisas, e elas são percebidas muito mais pelas “contemplações da fé” do que pelos “olhos do intelecto”. Na Esfera de Hod (par de Netzach que está associada a Exú, veremos em detalhes em outra oportunidade), executam-se todas as operações mágicas em que o próprio intelecto surge para conferir forma e permanência (razão) a essas imagens tênues e flutuantes; mas, na Esfera de Netzach, tais operações não ocorrem em qualquer grau; todas as formas divinas em Netzach são reverenciadas por meio das artes, e não concebidas por meio de filosofias.  Não obstante, para todos os propósitos práticos, é impossível separar as atividades de Hod e Netzach, que são um par funcional.  (1)

Oxum - Atelier Sandra
Oxum – Atelier Sandra
Para ficar mais fácil entender, imaginemos Hod como o poeta e Netzach como a musa inspiradora.  O contato com o astral não pode ser feito apenas usando-se a razão (“os olhos do intelecto”), esta serve apenas para dar forma ao que imaginamos estar conectando; é a inspiração, ou melhor, a Emoção de Oxum (“contemplações da fé”) que nos permite sintonizar as vibrações elevadas. E falando sobre emoção, quem nunca se emocionou ouvindo uma música, ou observando uma obra de arte, ou ainda ouvindo um pássaro cantar, ou talvez uma dança, ou de outras tantas formas possíveis? E se sentiu “elevado” e leve após tal experiência?  E, em todos esses casos, qual foi o motivo da emoção?…A Beleza contida, seja na imagem, no som, no movimento… a Beleza de Oxum! Este é o significado da Emoção e da Beleza de Oxum! Vai muito além de um Orixá num belo corpo feminino que se ocupa apenas em gerir o amor entre um casal…
E…qual é a atividade especializada em nos causar emoções?
Arte
Definição: A designação do termo Arte vem do latim Ars, que significa habilidade. É definida como uma atividade que manifesta a estética visual, desenvolvida por artistas que se baseiam em suas próprias emoções… A Arte é desenvolvida com o intuito de mostrar o pensamento do artista e expressar os sentimentos, por meio de correntes de estilo e estéticas diferentes. (4)
Começamos a observar aqui a estreita relação de Oxum com a arte, pois a arte de fato é baseada em emoções e beleza!  Vejamos o que diz Dion Fortune:
Os contatos com Netzach não se fazem concebendo-se a vida filosoficamente, nem por meio do psiquismo ordinário criador de imagens, mas pelo “sentimento adequado”. É por meio da dança, do som e da cor que entramos em contato com os anjos de Netzach e podemos evocá-los. O adorador de um deus na esfera de Netzach entra em comunhão com o objeto de sua adoração por meio das artes; e na medida em que seja um artista, de uma ou de outra maneira, e possa representar simbolicamente sua divindade, ele será capaz de fazer o contato e atrair a vida para si. Todos os ritos que têm ritmo, movimento e cor trabalha na Esfera de Netzach. E, como Hod, a Esfera das operações mágicas, extrai sua força de Netzach, segue-se que toda operação mágica da esfera de Hod precisa ter um elemento Netzach em si para ser animada eficazmente. (1)
Embora de forma bastante sutil, essa mesma relação é demonstrada na Dança de Oxum, coletada por Reginaldo Prandi.
Perante Obatalá, Ogum havia condenado a si mesmo a trabalhar duro na forja para sempre. Mas ele estava cansado da cidade e da sua profissão.  Queria voltar a viver na floresta, voltar a ser o livre caçador que fora antes .
Ogum achava-se muito poderoso, Sentia que nenhum Orixá poderia obrigá-lo a fazer o que não quisesse. Ogum estava cansado do trabalho de ferreiro e partiu para a floresta, abandonando tudo.
Logo que os Orixás souberam da fuga de Ogum, foram a seu encalço para convencê-lo a voltar à cidade e à forja, pois ninguém podia ficar sem os artigos de ferro de Ogum,
as armas, os utensílios, as ferramentas agrícolas. Mas Ogum não ouvia ninguém, queria ficar no mato. Simplesmente os enxotava da floresta com violência.
Todos lá foram, menos Xangô.
E como estava previsto, sem os ferros de Ogum, o mundo começou a ir mal.  Sem instrumentos para plantar, as colheitas escasseavam e a humanidade já passava fome.
Foi quando uma bela e frágil jovem veio à assembléia dos Orixás e ofereceu-se para convencer Ogum a voltar à forja.
Era Oxum a bela e jovem voluntária. Os outros Orixás escarneceram dela . . . tão jovem, tão bela, tão frágil.  Ela seria escorraçada por Ogum e até temiam por ela, pois Ogum era violento, poderia machucá-la, até matá-la.
Mas Oxum insistiu, disse que tinha poderes de que os demais nem suspeitavam. Obatalá, que tudo escutava mudo, levantou a mão e impôs silêncio. Oxum o convencera, ela podia ir à floresta e tentar. Assim, Oxum entrou na mata.
E se aproximou do sítio onde Ogum costumava acampar. Usava ela tão somente cinco lenços transparentes presos a cintura em laços, como esvoaçante saia.
Os cabelos soltos, os pés descalços, Oxum dançava como o vento e seu corpo desprendia um perfume arrebatador.
Ogum foi imediatamente atraído, irremediavelmente conquistado pela visão maravilhosa, mas se manteve distante.  Ficou à espreita atrás dos arbustos, absorto.
De lá admirava Oxum, embevecido.  Oxum o via, mas fazia de conta que não.  O tempo todo ela dançava e se aproximava dele mas fingia sempre que não dera por sua presença.
A dança e o vento faziam flutuar os cinco lenços da cintura, deixando ver por segundos a carne irresistível de Oxum.  Ela dançava, enlouquecia. Dele se aproximava e com seus dedos sedutores lambuzava de mel os lábios de Ogum.
Ele estava como que em transe. E ela o atraía para si e ia caminhando pela mata, sutilmente tomando a direção da cidade.  Mais dançava, mais mel, mais sedução,
Ogum não se dava conta do estratagema da dançarina.
Ela ia na frente, ele a acompanhava inebriado.
Quando Ogum se deu conta, eis que se encontravam ambos na praça da cidade.
Os Orixás todos estavam lá e aclamavam o casal em sua dança de amor.
Ogum estava na cidade, Ogum voltara!
Temendo ser tomado como fraco, enganado pela sedução de uma mulher bonita,
Ogum deu a entender que voltara por gosto e por vontade própria.
E nunca mais abandonaria a cidade. E nunca mais abandonaria a sua forja.
E os Orixás aplaudiam e aplaudiam a dança de Oxum.
Ogum voltou à forja e os homens voltaram a usar seus utensílios e houve plantações e colheitas e a fartura baniu a fome e espantou a morte. (3)
Netzach, no Microcosmo (alma), representa o dado instintivo e emocional de nossa natureza, e Hod representa o intelecto; Netzach é o artista em nós, Hod é o cientista. Se não há influência de Netzach para introduzir um elemento dinâmico, o predomínio de Hod conduzirá a muita teoria e a nenhuma prática nos assuntos ocultos. Ninguém pode manipular a magia na qual a Esfera de Netzach não tem funções, pois o ceticismo de Hod matará todas as imagens mágicas antes de seu nascimento. Como todas as coisas na Natureza, Hod, não fertilizada por sua polaridade oposta, é estéril. É necessário que, em todo ocultista que queira trabalhar praticamente haja um artista. Embora poderoso, o intelecto, por si só, não confere poderes. É por meio de Netzach, em nossa natureza, que as forças elementais têm acesso à consciência. Ensinam os Mistérios que todo nível de manifestação tem sua própria ética (padrão de certo e errado). No reino da mente, a ética é Verdade; no plano astral, que é a Esfera das emoções e dos instintos, a ética é a Beleza(1)
Sem a ajuda dos textos sobre Netzach, fica quase impossível dar entendimento racional a essa lenda, só através de intuição (que é relativa a própria Oxum) que se poderia desvendar o sentido de Ogum voltar a cidade através da arte, da dança de Oxum. É a Fartura (Espiritual) que se atinge ao permitir a Emoção atuar junto com a Razão.  Deixar a razão atuar sozinha é “condenar a si mesmo” a estagnação, a miséria e a fome espiritual.
A “coincidência” a se observar é que na lenda Yorubá, Oxum estava vestida por 5 lenços amarrados a cintura e na Cabala, Ogum está relacionado a 5ª esfera, Geburah! (Ogum a luz da Cabala) Ao mesmo tempo Vav(5), o 5º caminho da Árvore da Vida, está relacionado ao 5º arcano maior do Tarot – o Hierofante (o Papa) que em breve descrição: “É o arcano do ato da bênção, da iniciação, da demonstração, do ensino. … indicações do caminho da salvação.” (6)
Mas é claro que talvez seja apenas coincidência…
*** Obatalá:  Òrìsànlá ou Obàtálá na África, “O Grande Òrìsà” ou “O Rei do Pano Branco”, na mitologia Yorubá, é o criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Orixá criado por Olodumarê e é considerado o maior de todos os Orixás.
Mamãe Oxum
Oxum - Ronaldo Martins
Oxum – Ronaldo Martins
Em toda a mitologia Yorubá, encontramos várias referências a sua estreita relação com as crianças e a fecundidade:
As mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a Oxum, pois ela controla a fecundidade, graças aos laços mantidos com Ìyámi-Àjé (Minha Mãe Feiticeira)(2)
Contam os Itãs (conjunto de lendas e histórias passados de geração a geração pelos povos africanos) que os Igbejis são filhos paridos por Iansã, mas abandonados por ela, que os jogou nas águas. Foram abraçados e criados por Oxum como se fossem seus próprios filhos. Doravante, os Igbejis passam a ser saudados em rituais específicos de Oxum e, nos grandes sacrifícios dedicados à deusa, também recebem oferendas. (7)
E, considerando tudo o que vimos até aqui, não é tão difícil entender sua relação com as crianças, pois o que é um bebê senão Emoções e Instintos?
Segundo Piaget, o pensamento das crianças de até dois anos de idade se dá de maneira intuitiva. Chama-se esse estágio de sensório-motor.
Também a elevada clarividência que muitas crianças apresentam, com seus amiguinhos imaginários, talvez possa ser explicada através dessa relação com Mamãe Oxum e a Emoção, que vai “adormecendo” aos poucos ao longo da infância.
É o fator Netzach em nós a base de nossos instintos, cada um dos quais, em sua essência não-intelectualizada, dá origem a reflexos apropriados, assim como os lábios de um recém-nascido sugam tudo que é inserido entre eles.(1)
Ainda sobre a lenda de Iansã e os Ibejis; Iansã, Senhora dos Eguns (desencarnados) gera filhos e os abandona nas Águas (Emoção) de Oxum, que os adota e cria…Na minha visão, clara alusão ao ciclo de reencarnação, colocando Oxum logo no início da nova vida como encarnado.
O Abebé
Conta à lenda que, em um tempo imemorial, o rei Xangô, Orixá escolhido por Oxalá para governar a terra e os outros deuses, tinha diversas esposas. As duas mais importantes eram Iansã, a Senhora das Tempestades, e Oxum, cujo domínio se estendia pelos rios, lagos e cachoeiras.
Certo dia, enciumada da preferência de Xangô pela sua adversária; Iansã decidiu vingar-se de Oxum e, em um raio intempestivo de cólera, investiu contra a mãe das águas doces, quando esta se banhava nua às margens de um grande lago, tendo apenas um espelho entre as mãos. Devido ao fato de não ser uma guerreira, mas uma mulher dócil e vaidosa, afeita apenas aos expedientes da Sedução e da Dissimulação para se defender; Oxum viu-se completamente indefesa frente à ira arrebatadora da Rainha dos Raios. Oxum, então, rezou a Oxalá e, em um instante mágico, percebeu que o Sol brilhava forte nas costas de sua agressora. Rapidamente, ela utilizou seu espelho para refletir os raios solares de forma a cegar Iansã.
Ao saber da vitória de Oxum, o rei Xangô reafirmou sua preferência pela Senhora das Águas, que além de mais bela e delicada, provou ser também mais poderosa que a Senhora das Tempestades. (8)
Abebé - Aruanda Leonel
Abebé – Aruanda Leonel
O Abebé, ferramenta de Oxum, trata-se de um leque de metal, normalmente cobre por ser o metal mais valioso na época, com um espelho no centro.  A Dança de Oxum, a mais bonita dos Orixás, representa seus movimentos em meio as águas enquanto observa o reflexo de sua beleza tanto nas águas quanto no abebé.
Se fizermos uma pesquisa rápida no google, encontraremos algumas informações curiosas sobre espelhos; algumas culturas entendem o espelho como um portal para outras dimensões (lembram de Alice que passou através do espelho?); também pode ser usado como oráculo do elemento água; na Grécia, pessoas viram o espelho para a parede por acreditar que demônios os observem a noite,etc. De qualquer forma, o espelho tem seu papel real no ocultismo.
Na lenda acima, o espelho que basicamente reflete o que está a sua frente, tem um papel importante no auto-conhecimento.  Mas antes, vamos considerar algumas informações sobre o 4 elementos. No ocultismo o elemento Arrepresenta o mundo das idéias, o pensamento.  O elemento Água, as emoções. O elemento Fogo, a purificação, a transmutação que em termos estritamente espirituais, pode ser representado pelo poder da fé. Por fim, o elemento Terra, representa o lado visível da vida e tudo o mais relacionado ao mundo material.
Isto posto, quando Iansã, a Senhora dos Ventos, que aqui pode ser entendido como o elemento Ar simbolizando o nosso lado mental racional, investe contra Oxum, a Senhora das Águas, que também podemos interpretar como o nosso lado emocional (e tudo o mais que vimos anteriormente), doce e delicada que por portar apenas um espelho não poderia se defender em uma luta corporal – elemento Terra que nesse momento não serve de nada, usa o mesmo para refletir a luz do Sol – elemento Fogo para cegar sua oponente; cegar seus olhos racionais!
Toda pessoa que quiser se elevar espiritualmente na vai conseguir ir muito longe usando apenas a razão.  Vai ter que abrir as portas à sua intuição e deixar fluir sua emoção para sintonizar a atingir assim um plano mai elevado, transmutando seu estado espiritual.  Nesse campo, todo o plano material não vai fazer tanta diferença, é a virtude do desprendimento.  O espelho simboliza o verdadeiro portal que se nos abre oferecido pela Emoção de Oxum.