A NATUREZA DA EXPERIÊNCIA MÍSTICA
Como uma ampulheta que permite que a areia se mova em duas direções,
dependendo de qual bulbo está acima e qual está abaixo, assim também
Deus pretende que a alma humana tenha a possibilidade de se mover em
duas direções – em direção à unidade com Tudo O Que É, fundida em um
universo infinito de Luz, e em direção à existência individual, como um
ser distinto, um ponto dentro deste infinito universo.
Como a
areia que flui de um bulbo da ampulheta para o outro, assim também, a
consciência é capaz de fluir para um espaço além dos limites da
percepção comum – além dos limites, nomes, definições e distinções, em
um reservatório de luz, no qual há somente o Um – e deste para outro
espaço, quando as condições o justifiquem, onde nos tornamos únicos, uma
única gota da luz infinita.
Porque ambas as potencialidades
existam na consciência humana, o que chamamos de “experiência mística”
é, em todas as suas muitas variações, tanto uma profunda experiência da
Unidade, mas também simplesmente uma parte do que significa ser humano.
Pois é parte da perfectibilidade (a capacidade que o homem possui de
aperfeiçoar-se) da consciência humana de se conhecer como Um com tudo o
que a rodeia, enquanto ao mesmo tempo, ser capaz de existir como um ser a
fim de agir, criar, viver, respirar e trazer esta consciência à forma.
Um dia, o que separamos algo que chamamos de “místico” e algo que
chamamos de “comum”, não será mais. O místico não terá um nome, e
especialmente, não um nome que o distinga do comum. Neste dia, a
potencialidade humana terá evoluído o suficiente para unir a distância
entre o infinito e o finito, entre o invisível e a realidade tangível da
vida na forma. Portanto, o que é místico será simplesmente “o que é” e
toda a vida física parecerá como uma polaridade dentro de uma mudança de
consciência que se move para trás e para frente, entre pólos de
consciência – ora se fundindo e perdendo os limites, ora se manifestando
para se mover, falar, gesticular e agir.
No presente,
entretanto, estamos ainda nos aproximando desta realidade. Estamos
aprendendo a existir dentro do invisível – ocuparmos o nosso espaço
dentro dele, como plenos participantes em um mundo cujas definições
mudaram e dentro do qual não podemos operar com as nossas mentes, como o
navegador principal. Neste mundo, estamos ainda nos acostumando a
confiar em nossa intuição, e o mais importante, a confiarmos na intuição
e na inteligência Divina, que nos levam através das experiências que
são tanto formativas, quanto expansivas.
Um grande volume de
aprendizagem está em deixar ir o velho e de vir a compreender a
diferença entre nos sentirmos como parte de algo, e estarmos em frente
de algo enquanto o observamos. Esta é a distinção fundamental na nova
percepção – que nós não vemos mais com os olhos de um observador, mas
sim que permitimos um compromisso com a realidade que é mais íntima –
aquela em que perdemos o sentido da separação e ganhamos a possibilidade
de experienciarmos a vida de uma forma expandida.
Quando
chegamos nesta nova percepção, seja através da meditação, da sintonia ou
pela luz do amor e da graça, subitamente, não somos mais testemunhas.
Em vez disto, estamos dentro do outro, em harmonia com eles, e não há
ninguém para observar. Há apenas experienciar. Há apenas ser.
Deste modo, a abertura da sensibilidade mística nos permite conhecer a
Beleza que está no centro da Criação. Não pensamos sobre isto. Nós nos
tornamos isto. Ganhamos a entrada em um mundo do sagrado e do divino, no
qual a beleza é tudo o que há. Este grande dom da percepção expandida,
esta nova consciência que se revela, surge repentinamente de dentro de
nós porque ela sempre esteve lá. Embora no passado a sua presença
interior possa ter sido descoberta por somente alguns iluminados, agora,
neste momento de luz intensa, ela se tornou o caminho para uma maior
Vida para muitos.
Pois, algum dia, muitos saberão que estas
coisas não podem ser colocadas em palavras e compreenderão que elas são
as coisas mais importantes que somos capazes de experienciar. Este
momento não chegou ainda, mas está no horizonte. Estamos nos movendo
para ele e ele está se movendo para nós – o início de um mundo novo e
sagrado, revelado – o início de uma nova vida para os habitantes da
Terra.
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