segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

EQUILÍBRIO E HARMONIA - Sexo, energia sexual e práticas espirituais, segundo a Medicina Tradicional Chinesa

Sexo, energia sexual e práticas espirituais

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O sexo é um tema visto com muito preconceito, e todo mundo acha que sabe de tudo, sendo que não sabem nem da metade do assunto.



A maioria das religiões abominam a expressão livre da sexualidade, sendo que deve ser feito apenas nas "condições certas", e se possível, com o mínimo de prazer.

A ciência convencional diz que o sexo faz bem para a saúde, e que deve ser feito frequentemente, desde que haja precaução com doenças sexualmente transmissíveis.

Já a MTC (medicina tradicional chinesa) tem uma outra visão sobre o assunto, que ao meu ver, une as duas preocupações: a da ciência e da religião, e dá uma nova visão, mais ampla, mais prática, e muito mais interessante.

Ah, só um detalhe: a MTC entra de acordo com o que é ensinado nas antigas tradições de Yoga, porém com outros nomes, e alguns detalhes, mas em geral, a essência do ensinamento é a mesma.

Em primeiro lugar, é preciso entender que a MTC lida com a teoria das energias opostas, yin yang. Resumindo, são termos de comparação. Tudo que é yin é mais frio, mais parado, mais denso, mais úmido. Representa o feminino, o negativo, a noite, o subsolo e a água. E tudo que é yang é mais quente, mais agitado, mais rarefeito, mais seco. Representa o masculino, o positivo, o dia, o céu e o fogo.

É por isso que homem e a mulher são diferentes entre si, principalmente no que diz respeito à sexualidade.

O homem é yang, e a mulher, yin, por natureza. Não significa que não se possam ter mulheres yang, e homens yin, mesmo sendo heterossexuais. Podem existir, e existem, mas são a exceção.

O que isso implica?

Na atividade sexual, o homem é mais quente, e mais rápido por natureza. É ele que age, que domina, que introduz, e ele que determina o tempo de duração.

A mulher, por outro lado, é mais fria, e mais lenta. Ela cede, recebe e acompanha o ritmo do parceiro.

Até aqui tudo bem, é óbvio até. Em termos de reprodução, se isso estiver assim, a coisa funciona muito bem.

Entretanto, o ser humano tem a capacidade de poder fazer sexo apenas por prazer e diversão. Neste caso, fazer sexo da forma normal, não é bom, é algo que pode prejudicar ambos os lados.

Por quê?

Existe um tipo de qi (ou chi, energia vital) chamada de jing, que nada mais é do que a energia essencial, ou essência, de um indivíduo. Esta essência é como uma reserva de energia, combinando a energia ancestral (herdada dos pais) com a energia acumulada do ar e dos alimentos. É uma energia muito preciosa, que demora para ser fabricada. Uma pessoa sem jing, fica fraca, com baixa imunidade, sem vontade, falta de memória, pensamento lento, e baixa vitalidade em geral.

E como se perde o jing? 

Para ambos, homens e mulheres, o jing é perdido quando há sangramentos, infecções com febre, e retirada de órgãos e partes do corpo.

Para as mulheres, o jing é perdido um pouco na menstruação, e muito na concepção de um filho. É por isso que mulheres sem jing ficam depressivas no pós-parto, e a maioria das mulheres saudáveis fica com uma aparência um pouco envelhecida depois que têm filhos. Mas com o tempo, essa essência volta ao normal, até o limite estabelecido pelo jing inato, herdado dos pais.

Para os homens, o jing é gasto no momento da ejaculação. É por isso que o homem não consegue ter muitas ejaculações seguidas, e logo em seguida, fica com sono e sem vontade para nada. Um homem que gasta muito seu jing dessa forma, acaba tendo problemas de memória, fica mais lento, menos inteligente, menos sagaz.

Em termos espirituais, uma pessoa sem jing é uma pessoa que está cada vez mais distante da energia superior (Deus, ou o que quer que acredite). O segredo de todas as religiões é este: preservar o jing para ficar mais perto da divindade. É por isso que é um tema tão controverso nas religiões. O próprio propósito das religiões é este: religare, ou se religar, reconectar, com algo superior. E uma pessoa sem jing não consegue ter energia e saúde suficiente para se religar.

Até agora, deu para entender que o sexo pode ser algo ruim, no caso dos homens... mas e as mulheres?

A maioria das mulheres (70%) não têm orgasmos durante a atividade sexual, e muitas nunca tiveram, mesmo tendo feito sexo. Isso, ao meu ver, é em parte, culpa da cultura, onde a mulher é desencorajada a se expressar sexualmente, com a ideia de que isso é coisa feia, que é errado se masturbar e se explorar.
Mas também é algo que naturalmente ocorre com as mulheres: elas são yin, elas demoram para "esquentar", e geralmente precisam de algum homem bem "quente", para fazer ferver suas energias até atingir o clímax.

Quando uma mulher tem orgasmos, ela não gasta energia nenhuma (a não ser os líquidos ejaculatórios que algumas mulheres têm quando são excitadas). O jing da mulher estará preservado. É por isso que a mulher pode ter orgasmos múltiplos: um seguido do outro, por muitas e muitas vezes, sem se desgastar.

O que acontece no orgasmo feminino (e no masculino também) é que o qi, ou energia vital, apenas se move e se espalha, fluindo e relaxando a musculatura e a tensão, promovendo uma espécie de prazer e relaxamento que dificilmente é produzido por outras formas que não sexuais.

No momento do orgasmo, a energia fica mais yang, e isso ajuda os processos corporais e mentais a funcionarem melhor, e é por isso que a ciência incentiva a prática sexual.

Quando a mulher faz sexo normal, e o homem é muito rápido, ela não tem tempo de atingir o orgasmo, e as energias dela ficam mais estagnadas do que antes, gerando uma sensação de frustração, e posteriormente, uma ansiedade e até nervosismo, entre outros problemas psicológicos. Entendeu porque as mulheres são tão ansiosas e tensas?

Então, o segredo de uma prática sexual equilibrada, sem visar a reprodução, e sim a harmonia, prazer e saúde, seria o homem buscar ser mais yin, no sentido de ser mais calmo, demorar mais na atividade, e de preferência ter um orgasmo não-ejaculatório (sim, isso é possível). E a mulher, ser mais quente, mais fluida, mais intensa e participativa, tendo quantos orgasmos for capaz de ter.

Ficou curioso como é que se faz para ter um orgasmo não-ejaculatório?

Leia o livro: O Orgasmo Múltiplo do Homem - Os Segredos do Prazer Prolongado, de Douglas Abrams & Mantak Chia.

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