segunda-feira, 30 de setembro de 2013

EQUILÍBRIO E HARMONIA - Tantra: o caminho da plenitude

Tantra: o caminho da plenitude


Uma filosofia em que as mulheres são consideradas deusas, o sexo é sagrado e a união entre dois amantes atinge um nível espiritual. Parece sonho? Então descubra o tantra agora mesmo




Quando se houve falar sobre tantra, é quase automática a associação com a palavra sexo. Em uma época de apologia ao prazer, qualquer técnica ou filosofia que garanta sua expansão atrai curiosos. No entanto, engana-se quem pensa que o tantra se restringe ao campo sexual. Ele é, na verdade, uma filosofia comportamental que reúne uma série de práticas que buscam a integração completa entre mente, corpo e espírito. Nesse universo, a energia sexual é concebida como um caminho para o crescimento interior e causa mudanças não apenas na cama, mas na vida de quem o adota.

Mulheres divinas

A filosofia tântrica foi desenvolvida por um povo chamado drávida, há mais de cinco mil anos, em uma região que hoje é a Índia. Tratava-se de uma civilização agrícola (não-guerreira), que não tinha religião, e via a mulher como deusa, em virtude de seu dom de gerar. Exatamente por ser o meio pelo qual a mulher exerce sua capacidade reprodutora, o sexo passou a ser valorizado e tratado como algo sagrado.
O tantra, em sua essência, tem características dessa sociedade matriarcal, que promovia o uso dos sentidos e se opunha a qualquer repressão ou preconceito. Ele se dividiu em duas correntes distintas: Tantra da Mão Direita (ou Dakshina Tantra Yoga) – menos conhecido –, e Tantra da Mão Esquerda (ou Vama). O Tantra da Mão Direita considera que cada ser humano possui em si todos os pressupostos que lhe possibilitam alcançar o autoconhecimento e atingir a felicidade. O da Mão Esquerda preconiza que a energia sexual inerente a cada um, em vez de ser reprimida, deve ser canalizada para todos o setores da vida, gerando disposição e felicidade.

Sexo no altar

A cultura ocidental trata o sexo como algo pecaminoso, sujo e proibido. Aqueles que assumem ter libido intensa, especialmente as mulheres, são vítimas de apelidos depreciativos, que colocam em xeque até seu próprio caráter. O tantrismo propõe valores completamente antagônicos aos de nossa sociedade ao dizer que o sexo é sagrado.
A filosofia indiana reconhece a energia sensual interior de cada um e nos livra do medo e da culpa de assumir que o sexo pode ser o caminho para o autoconhecimento, o aumento da sensibilidade, da harmonia entre os casais e do ânimo diante das outras áreas de nossas vidas. O tantra vê o ato sexual, o qual denomina de maithuna, como muito mais do que uma relação física, mas uma experiência que transcende o espaço e o tempo e envolve corpo, mente e espírito.

Explosão de prazer

Em sociedades patriarcais, como a nossa, durante o sexo, o papel ativo cabe ao homem. Sua satisfação é o objetivo principal. Ele se concentra na aceleração de seus movimentos e abrevia a ejaculação, como se este fosse o ponto culminante do ato. Acostumadas, as mulheres, em sua maioria, não apenas se conformam, mas se empenham para que seu parceiro atinja logo esse momento tão esperado. Para tal, chegam a renunciar ao próprio prazer.
Nossa cultura limita o sexo à área genital. Para o adepto do tantra, o maithuana ultrapassa essa esfera e é conduzido pela mulher. Todo o corpo é explorado, pedaço a pedaço. O homem tântrico protela o quanto pode a ejaculação – já que ela causa o cansaço que o impede de continuar –, usando para isso muita concentração e exercícios. Segundo ele, a retenção do sêmen é um verdadeiro estoque de energia que, ao final, se transforma em uma incrível explosão de prazer.
Ao contrário do sexo convencional, no tântrico, os orgasmos não encerram o contato íntimo. É possível ter uma porção deles, mas ainda assim continuar. É por isso que o maithuana dura, em média, cerca de sete horas!  Só para se ter uma ideia, a média mundial de duração em uma relação comum é de apenas 15 minutos.
Depois de saber tudo isso, a pergunta que fica é: por que o tantra não se torna uma prática popular? Simplesmente porque não basta mudar de atitude na cama, como muita gente pensa. É verdade que os exercícios tântricos podem elevar a qualidade do sexo, porém não são suficientes. Para fazer sexo tântrico é preciso que os dois participantes estejam envolvidos espiritualmente. A entrega não é apenas física.
Além disso, é preciso conservar sua saúde, abandonar vícios e não ingerir qualquer substância que altere seu nível de consciência e obstrua os canais energéticos do corpo. Logo, não adianta você simplesmente decidir que fará sexo tântrico esta noite, mas sim, adotar um novo estilo de vida.

 Texto • Fabiana Oliveira

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