Supere os nove maiores desafios de morar junto
Dividir despesas e lidar com as cobranças são fontes de discussões
Em alguns relacionamentos,
morar junto não passa de uma decisão mais cômoda para continuar o namoro
ou ganhar momentos de intimidade. Um teste para o casamento
propriamente dito é outra situação cada vez mais comum, principalmente
entre os casais de jovens que ainda não saíram da casa dos pais. Nos
dois casos, entretanto, um benefício é certo: a vida a dois aumenta a
longevidade e melhora a qualidade de vida dos cônjuges. Uma pesquisa
recente da Universidade da Califórnia, em São Francisco, comparou o
estado de saúde de homens e mulheres com mais de 60 anos e descobriu que
o grupo de solitários tem o coração mais frágil e estado de espírito
mais depressivo - a partir de uma série de cálculos, os especialistas
concluíram que os sozinhos apresentam chances 45% superiores de morrer
mais cedo em comparação àqueles que dividem a rotina com alguém.
Só não vale esquecer que, para o arranjo dar certo, é preciso
haver disposição em ceder e uma capacidade de tolerância acima da média
para aceitar ritmo, comportamento e costumes diferentes. São desafios
novos a cada dia, não importa a o grau de cumplicidade do casal. "Pensar
sobre isso traz a dúvida, mas esse sentimento faz parte das grandes
decisões e é importante para evitar atitudes impulsivas e diminuir as
frustrações", afirma a psicóloga clínica Raquel Baldo Vidigal.
Para ajudar você na reflexão sobre essa mudança e antecipar
respostas para conflitos que, mais cedo ou mais tarde, tendem a
aparecer, fomos atrás de especialistas no assunto. Eles reúnem dicas e
alertas que mostram se este é, realmente, o melhor passo para o seu
relacionamento.
Desafio 1: respeitar os costumes diferentes
A sua educação e as suas prioridades deram
origem a costumes que são privilégio seu. As discussões sobre a forma de
apertar a pasta de dentes (no meio ou no pé da bisnaga) rende uma piada
clássica. Mas a brincadeira é só um exemplo simples de discussões que
podem se encaminhar para brigas sérias. Para evitar desentendimentos,
você precisa ver se está preparado para dar espaço ao outro, absorvendo
novos costumes ou respeitando, pelo menos. "Os dois lados precisam ceder
para a relação prosperar, em vez de opiniões isoladas, vocês vão
experimentar o que é melhor para o casal", afirma a terapeuta Familiar e
de Casal Marina Vasconcellos, da Unifesp.
Desafio 2: afastar o tédio da rotina
Criar uma rotina é parte da relação e ajuda a
evitar discussões - se quarta é o dia do futebol dele, por exemplo, a
mulher sabe que pode sair com as amigas e ficar com elas até mais tarde.
Os hábitos de sempre viram um problema quando eles se tornam um
obstáculo para a intimidade em vez de aproximar o casal. A melhor
maneira de evitar isso é cultivar amizades e preservar a vida social,
além de expor seus sentimentos em vez de deixar que eles se acumulem em
forma de mágoa. "Se receber uma crítica, avalie e veja como ela pode
melhorar relação de vocês, essa é a melhor maneira de amadurecer a
relação sem cair na rotina", afirma a psicóloga Raquel Baldo Vidigal.
Desafio 3: preservar a vida sexual
Quando você decide morar junto com alguém, é
natural notar mudanças na vida sexual - a frequência com que vocês ficam
juntos e a disposição para ousar podem diminuir. "O sexo é importante e
muito saudável para o casal, ele melhora a relação de intimidade e de
segurança", diz a terapeuta Familiar e de Casal Marina Vasconcellos, da
Unifesp. Para evitar um cenário que prejudique a autoestima dos dois
lados, propor surpresas é uma boa tática - vale desde uma viagem rápida
no final de semana até uma noite no motel como nos tempos de solteiro.
Desafio 4: respeitar a individualidade do outro
Um casal que acabou de se unir tem mania de fazer
tudo junto, da balada no final de semana às compras no supermercado. O
hábito é saudável enquanto não prejudica a convivência, mas deve ser
repensado quando um dos dois lados sentir que está sendo sufocado pela
relação. "Seus hábitos, seus sonhos e mesmo o seu espaço em casa precisa
ser preservado, graças a ele você tem condições de se equilibrar e
oferecer uma companhia agradável", afirma a terapeuta Marina
Vasconcellos. Quando sentir que houve qualquer tipo de invasão, física
ou simbólica, fale sobre isso imediatamente em vez de esperar que o
problema e se torne mais difícil de resolver.
Desafio 5: dividir as tarefas domésticas sem brigas
Para evitar que as tarefas domésticas passem a
ser motivo de brigas do casal, o melhor é criar uma divisão clara das
funções. Isso inclui não somente o que fazer, mas como fazer - por
exemplo: quem for lavar a louça deve fazer isso logo após a refeição ou
existe alguma tolerância? Se a decisão for contratar uma empregada
doméstica, discutam o pagamento antes de fechar o valor para que as
brigas não acabem tirando o sossego de vocês.
Desafio 6: ele(a) tem um vício que me incomoda
O ciúme exagerado ou o cigarro, por exemplo, não
são surpresas para quem decide morar junto. Claro que isso não tira o
seu direito de reclamar e propor uma solução para melhorar a vida
conjugal, mas o melhor mesmo é refletir sobre isso antes de assumir o
compromisso. "A chantagem da separação não funciona, porque mostra que
você não está preocupado com a qualidade da vida a dois, mas consigo
mesmo", afirma a psicóloga Raquel Baldo. Propor um tratamento e até
fazer companhia nas sessões serve como incentivo, informe-se sobre o
problema, tente entender as origens dele e superem a situação como um
casal.
Desafio 7: dividir as despesas
A divisão de despesas está por trás da maioria
das brigas conjugais. Antes de morar junto, vale discutir se vocês vão
fazer a divisão por igual ou se quem ganha mais fica responsável por uma
fatia maior nos débitos. A conta bancária conjunta também precisa ser
avaliada com cuidado. "Quem aceita isso precisa estar preparado para
questionamentos em relação às compras realizadas, o que pode causar um
desgaste frequente", afirma a psicóloga Raquel Vidigal. A melhor opção é
cada um ter responsabilidades específicas e ficar a cargo delas.
Havendo necessidade de economizar, no entanto, a decisão do que deve ser
cortado precisa acontecer em conjunto.
Desafio 8: ele (a) não gosta da minha família
A convivência familiar pode ser evitada, mas
dificilmente será banida na rotina do casal. Nem que seja em ocasiões
festivas, os grupos acabam se encontrando e é preciso respirar fundo
para se sair de perguntas e situações inconvenientes. Fazer visitas
breves, receber pequenos grupos em casa e convidar amigos íntimos ou
parentes mais sociáveis são algumas alternativas para diminuir a tensão
dos encontros familiares e deixar o ambiente mais leve. Após o encontro,
tente conversar sobre os momentos mais divertidos e, aos poucos,
estimule a conciliação. Também vale controlar bem o álcool servido
nessas ocasiões, o excesso de bebida normalmente está relacionado a
discussões.
Desafio 9: evitar o excesso de cobranças
Qualquer mudança vem rodeada de expectativas e,
quando decide morar junto com alguém, a situação ganha peso ainda mais
forte. Isso porque existem as cobranças relativas à vida conjugal, que
passa a ser uma novidade divida com todo mundo, e as cobranças pessoais
quanto ao seu comportamento nessa nova situação. "Falar sobre essas
expectativas abertamente é a melhor maneira de entender o quanto elas
fazem sentido e podem ser atendidas", afirma a terapeuta Marina
Vasconcellos. Ficar sonhando com um ambiente ou com uma pessoa diferente
daquilo que você tem, sem agir para que a realidade se transforme, só
vai criar terreno para decepções e aumentar o risco de um
desapontamento. Reclame se houver alguma cobrança que parece exagerada
sob o seu ponto de vista e não deixe de mostrar o que você espera desta
relação, a transparência diminui o estresse no relacionamento e permite
que vocês construam juntos as expectativas dessa nova fase.
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