quarta-feira, 11 de maio de 2016

DESPERTANDO A CONSCIÊNCIA - INTIMIDADE NÃO É SEXO

VOCÊ JÁ FOI VERDADEIRAMENTE INTIMO DE ALGUÉM?





Essa é uma confusão frequente das pessoas. Acham que ter intimidade é igual a transar ou fazer amor, como preferem nomear.  Mas esse é um erro conceitual.

Podemos ter sexo sem ter intimidade nenhuma com a outra pessoa. Essas são aquelas experiências quando duas pessoas se conhecem “numa noite”, sentem tesão uma pela outra e decidem fazer sexo.

Elas se conhecem de forma bastante superficial e, portanto não têm intimidade.

Por outro lado, encontramos também casais que passam a vida inteira juntos, fazem sexo, até conversam de vez em quando, mas não compartilham suas questões mais profundas, nem seus sentimentos mais íntimos. Estes também não têm intimidade.

A construção da intimidade depende de uma relação que se prolonga no tempo, mas o tempo por si só, não garante que um casal seja íntimo.

Para que haja intimidade, é necessário que os parceiros se predisponham a revelar-se e a conhecer o outro mais profundamente.

Vivemos numa cultura extremamente ansiosa especialmente em termos relacionais. Queremos e chegamos ao sexo ou a paixão muito rapidamente, mas não damos tempo necessário e nem saboreamos a construção de uma intimidade afetiva consistente.

Intimidade, sexo, tempo, Sobonfu Somé, o espírito da intimidade, romance, medo, relacionamentos Sobonfu Somé, autora do livro “O Espírito da Intimidade” aborda os ensinamentos ancestrais africanos sobre os relacionamentos.

Em seu livro tem uma metáfora maravilhosa comparando a construção da intimidade como uma a subida na colina.

Ela diz que observou na cultura americana que os casais costumam começar o relacionamento no topo da colina, onde existe a sensação de romance e paixão. Mas um relacionamento que começa no topo não terá pra onde evoluir mais e tenderá a descer a colina, forçando o enfrentamento dos problemas que se tentou evitar.

Na cultura africana, a comunidade juntamente com o casal, tendo em vista o propósito do espírito*, procura empurrar gradualmente o relacionamento de baixo para cima na colina, e assim, quando chegam ao topo, estão fortalecidos e levam a comunidade junto.

Para a autora, “O romance ignora todos os estágios de uma união espiritual, em que começamos embaixo da montanha e, gradualmente, caminhamos juntos até o topo; não deixa espaço para a verdadeira identidade das pessoas aparecer; estimula o anonimato e força as pessoas a se mascararem” (SOMÉ, p.106, grifo meu).





E se relacionamos com o outro mascarado e não conhecemos seu verdadeiro eu, não há intimidade.

Então, a construção da intimidade dá trabalho e requer um investimento dos parceiros em conhecer a si mesmos para em seguida se revelarem ao outro.

Requer também um aprendizado da escuta sem defesas, para que se possa conhecer o outro de maneira mais profunda, com suas qualidades e defeitos, com sua luz e sua sombra.

O problema para os relacionamentos é quando os indivíduos querem chegar ao topo da colina caindo de paraquedas e não fazendo a caminhada da subida. Isso não é intimidade, mas sim duas pessoas (des)conhecidas que compartilham apenas a parte prática da vida e suas ilusões.

Acredito que um dos maiores medos dos indivíduos sobre viver a intimidade nos relacionamentos é a própria necessidade de terem intimidade consigo mesmos. Conhecer a si mesmo é muitas vezes assustador quando passamos uma vida escondendo nossas feridas infantis e nosso lado sombrio.

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Outro medo é porque ao se revelarem, ao mostrarem suas feridas mais profundas, ficarão vulneráveis ao parceiro, que poderá usar suas fragilidades como arma em algum momento de raiva e briga.
Infelizmente ou felizmente, há que se correr tais riscos se deseja construir intimidade num relacionamento.

E por que valeria a pena? Porque o ganho quando se consegue chegar a uma intimidade verdadeira é muito maior do que qualquer risco. É o ganho de se sentir vinculado profundamente com outro ser humano e poder desfrutar de sentimentos de pertencimento, cumplicidade, tendo trocas afetivas, amorosas, e compartilhando desejos de crescimento e desenvolvimento de potencial de ambas partes.

E você leitor, consegue identificar as relações que tem ou teve intimidade verdadeira? Compartilhe conosco no espaço para comentários abaixo!
 


Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica em BH
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