quinta-feira, 14 de agosto de 2014

SAÚDE E EQUILÍBRIO - Tireóide pode ser causa de depressão e ganho de peso

Tireóide pode ser causa de depressão e ganho de peso




Os hormônios por ela liberados, T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina)



Para quem já ouviu falar e não sabe sobre sua importância, a tiróide é uma glândula endócrina, em formato de borboleta, localizada na parte anterior do pescoço e essencial para o funcionamento harmônico do organismo.

Os hormônios por ela liberados, T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), regulam o metabolismo, ou seja, o conjunto de reações necessárias para assegurar todos os processos bioquímicos e funções vitais. “Quando essa pequena glândula desafina, começam os problemas”, explica o endocrinologista Flavio Madruga, de São Paulo.

Segundo ele, se a produção dos hormônios tireoidianos cai de forma significativa, a pessoa passa a manifestar cansaço, depressão, aumento de peso, pele seca, prisão de ventre, diminuição da freqüência cardíaca, entre outros sintomas. Nesse caso, ela sofre de hipotireoidismo. Por outro lado, se a tiróide acelera, há uma produção excessiva de T3 e T4, o que leva ao hipertireoidismo, distúrbio caracterizado por insônia, taquicardia, perda de peso abrupta, irritabilidade e falta de concentração.

Mas como identificar o problema? “Por meio da medição anual dos níveis de hormônios tireoideanos, recomendada após os 35 anos ou mesmo antes disso, caso haja alguma suspeita da disfunção”, esclarece Madruga.

O especialista diz, ainda, que uma eventual disfunção da tiróide pode ser detectada por meio da realização de um ultra-som da glândula e de um exame de sangue específico, que avaliará a dosagem de um terceiro hormônio, denominado TSH - produzido pela hipófise e diretamente relacionado aos hormônios tireoideanos -, além dos próprios T3 e T4. Esse mesmo exame mostra, também, se há ou não no organismo a presença de anticorpos contra a tireóide. “O ideal é que o diagnóstico seja precoce. Se estiver no início, o controle fica facilitado e o paciente ganha em qualidade de vida”, afirma Flavio Madruga.

Foi o que aconteceu com a engenheira Marcela Mercedes, 42 anos. Em 2006, ela procurou ajuda médica porque, além de tensão pré-menstrual e enxaqueca, tinha sono incontrolável e apresentava oscilações de humor. Nesse período, descobriu que sofria de hipotireoidismo. “Eu tinha os sintomas, mas não sabia que isso seria uma doença. Estou em tratamento, e hoje me sinto bem melhor”, conta Marcela.

As mulheres, aliás, maiores vítimas das disfunções da referida glândula, precisam ficar mais atentas ao hipotireoidismo, pois também podem apresentar alterações menstruais, redução da libido e dificuldades para engravidar e produzir leite na ocorrência de uma gestação. “Durante os nove meses de gravidez, é fundamental que a portadora do hipotireoidismo seja acompanhada atentamente também pelo endocrinologista, a fim de garantir um desenvolvimento saudável do bebê. Afinal, a doença é um mal congênito bastante freqüente”, complementa Madruga.

Isso significa que se a mãe não se cuidar, o filho pode nascer sem a tireóide ou com disfunções na glândula. Por esse motivo, é fundamental que a criança seja submetida ao tradicional “Teste do Pezinho” antes de deixar a maternidade, uma vez que é por meio dele que os médicos identificam um eventual problema do gênero no recém-nascido.

Em proporções menores, o hipertireoidismo atinge cerca de 3% da população. Provocado pelo excesso de hormônios tireoidianos, seus sintomas são opostos aos apresentados por pacientes que sofrem de hipotireoidismo. Uma de suas causas é a Doença de Graves, que pode provocar, entre outros sinais, uma protuberância no pescoço denominada bócio. “Eu ficava muito ‘elétrica’, acelerada, ansiosa, inquieta, tinha tremores, queda de cabelos, taquicardia, grande perda de peso, atraso menstrual, irritabilidade excessiva e insônia. Não tinha noção do que poderia ser. Até que fiz exames e passei a me tratar”, diz Érika Fidalgo, 46 anos, que descobriu sofrer de hipertireoidismo há seis anos.

Tratamento

Segundo o clínico geral Paulo Olzon Monteiro da Silva, de São Paulo, normalmente as duas disfunções tireoidianas são controladas por medicamentos. “O hipotireoidismo não tem cura e deve ser controlado por meio da reposição hormonal, com dosagem específica para cada caso. Já o hipertireoidismo é tratado com medicamentos antitireoidianos e, em alguns casos, com administração de iodo radioativo. É como se fosse uma cirurgia, mas sem intervenção cirúrgica. O iodo destrói o excesso de hormônios”, atesta.

O médico diz, ainda, que a utilização de medicamentos pode fazer com que o hiper vire hipotireoidismo, mas apenas de forma transitória. “A tireóide entra em exaustão”, ressalta Olzon.

A cirurgia para retirada da glândula, por sua vez, é restrita aos pacientes com grande aumento do bócio ou suspeita de câncer. “Esses são os casos em que é necessário fazer a intervenção”, conclui.

Fonte: Terra
Edição: Allison Bacelar

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