terça-feira, 13 de maio de 2014

DESPERTANDO O CONHECIMENTO - SABEDORIA AFRICANA "O HOMEM ESTA NA NATUREZA E A NATUREZA ESTA NO HOMEM"

SABEDORIA AFRICANA  "O HOMEM E A NATUREZA SÃO UM"
ORÍ – CABEÇA
Há numerosas traduções para ORÍ, algumas são mais apropriadas que outras dependendo do contexto. No uso comum ORÍ significa cabeça. Entretanto a tradução literal é mais perto do significado espiritual da palavra. ORÍ é composto do prefixo "O", que é o pronome pessoal ele/ela, e do sufixo "RÍ" que significa perceber. Assim melhor que significar apenas cabeça física, seria mais exato compreender o significado da palavra como o assento da percepção. Na terminologia ocidental poderia também significar o assento da consciência. O conceito do assento da percepção é conhecido no Taoísmo como o "Eu desconhecido" que existe no ponto central da consciência. A disciplina espiritual de Ifá sugere que o "Eu desconhecido" descrito em Taoísmo possa ser aproximado com a possessão do transe. Em IFÁ, ORÍ é considerado também o altar sagrado pessoal que acomoda uma comunicação com as forcas espirituais que existem no mundo. Esta ligação ocorre através de três centros de axé situados na cabeça. Estes centros são chamados IWÁJÙ-ORÍ, ÀTÀRÍ e IPÁKÒ. IWÁJÙ-ORÍ - A fonte da Potência Espiritual na testa. A palavra IWÁJÙ-ORÍ é traduzida geralmente para significar testa. Entretanto na língua de IFÁ tem um significado esotérico mais profundo. O axé situado na testa é a fonte da Divina inspiração a respeito das perguntas do desenvolvimento do caráter. Isto sugere que o IWÁJÙ-ORÍ é similar ao conceito místico oriental do TERCEIRO OLHO.

ÀTÀRÍ - Fonte da Potência Espiritual no alto da cabeça. ÀTÀRÍ significa o topo superior da cabeça. Refere-se também ao axé central no topo da cabeça ou a coroa do crânio. Na forma oriental da Yoga, esta área é geralmente referida como o chacra da coroa. É neste ponto que o indivíduo liga o espírito interno com a dimensão transcendental chamada Nirvana. Em IFÁ esta dimensão é chamada LÀÍ-LÀÍ. Quando um indivíduo liga sua própria consciência com o reino de LÀÍ-LÀÍ têm uma experiência de fonte da criação que é descrita geralmente como sendo além do tempo e do espaço. Esta é uma ideia difícil de explicar, porque não traduz facilmente em palavras. Entretanto este conceito de LÀÍ-LÀÍ sugere que há uma diferença entre a compreensão intelectual da unidade de estar e da experiência emocional da unidade de estar. Historicamente, sempre que os místicos tentaram descrever o índice de sua experiência do visionário, é expresso geralmente na língua poética ou simbólica. A finalidade do uso deste tipo de língua é a esperança que guiará outros além do intelecto a uma experiência direta no reino místico. IPÁKÒ - A fonte da FORÇA ESPIRITUAL na base do crânio. O IPÁKÒ fica situado na base do crânio onde o crânio junta-se com a garganta. É neste lugar que individuais forças da natureza (Orixá) unem com a consciência individual. O IWÁJÙ-ORÍ permite a visão mística e o IPÁKÒ permite a possessão. Isto pode parecer como uma distinção sutil, mas tais distinções são um aspecto importante na instrução de IFÁ. Quando o novato está executando a adivinhação, uma comunicação com o espírito é dirigida com o IWÁJÙ-ORÍ. Sempre que um novato se torna possuído por seu Orixá, o axé do Orixá entra no ORÍ do médium pelo IPÁKÒ. A habilidade do ORÍ ao receber o axé de Orixá é uma função da ressonância interna do próprio ORÍ. Em outras palavras, o axé de um Orixá particular que existe na consciência de um indivíduo particular tem a habilidade de atrair o axé deste mesmo Orixá que existe no mundo. Isto pode ocorrer como uma experiência visionária, ou como uma experiência de transe ou possessão. Um não é considerado tão melhor quanto o outro, ele simplesmente tem diferentes funções ritualísticas.

ORÍ-INÙ – INTERIOR ORÍ-INÙ significa interior. Esta definição é exata, mas limitada. Se o ORÍ for o assento da consciência, a seguir o ORÍ-INÙ é como um mistério dentro de um mistério. É o ser invisível dentro do próprio invisível, ou para usar uma frase do Yoruba, é o próprio que dança na frente do próprio. Ifá ensina que mesmo depois que nós alcançamos esse ponto central do nosso ser, ou a fonte da consciência, há um mistério interno mais profundo que permanece ilusório. É a tarefa de todas as várias formas e iniciação de Orixá e de IFÁ revelar o ORÍ-INÙ AO ORÍ. Os antigos sábios de Ifá fez uma análise muito completa daqueles elementos que dão forma a fundação do si próprio. Distinguiram mesmo entre elementos que unem a forma do interior (ORÍ-INÙ) que está na fundação de percepção do si próprio. Os componentes do ORÍ-INÙ são ÀPÁRÍ-INÙ e ORÍ ÀPEERE.
ÀPÁRÍ-INÙ - A FONTE DA CONSCIÊNCIA. ÀPÁRÍ-INÙ é feito das palavras "PÁ" que significa "marca ou sinal", da palavra "ORÍ" significando "consciência" e da palavra "INÙ" que significa "interno". A tradução mais desobstruída no português seria a MARCA DO SER INTERNO. Esta é uma referência à disposição interna para o processo de construir o caráter. IFÁ ensina que um ORÍ vem ao mundo com uma disposição para desenvolver o BOM CARÁTER e outro ORÍ vem ao mundo incapaz de agarrar facilmente a importância de desenvolver o bom caráter. Aqueles que conhecem a fonte necessária para construir o bom caráter através de seus próprios recursos internos desenvolvem o que é chamado a testemunha "ÈRÍ-OKÀN" que significa "TESTEMUNHA DO CORAÇÃO". Na língua de IFÁ para testemunha do coração é ter uma boa consciência. Àqueles que têm dificuldade de se tornar "ÈRÍ-OKÀN" são dados orientações e os rituais de limpeza para desenvolver esta consciência. Ambas as tendências emergem do ÀPÁRÍ-INÙ que está no núcleo da consciência de cada pessoa. ORÍ-ÀPEERE - OS PADRÕES DA CONSCIÊNCIA. A palavra ORÍ-ÀPEERE traduz para significar também modelo, o exemplo, ou o sinal da consciência. IFÁ ensina que todas as coisas são criadas pelos padrões da energia chamados ODÙ. Os padrões de ODÙ reaparecem durante toda a criação. Isto sugere que os padrões similares da energia em dimensões diferentes da evolução têm uma afinidade. Por exemplo, o fogo no centro do sol, o fogo no centro da terra e todos os fogos no fundo do forno dos ferreiros representam padrões similares da energia em reinos diferentes da criação. IFÁ diria que o mesmo espírito foi renascido em casas diferentes. Quando cada indivíduo escolhe um destino estão de fato escolhendo uma determinada energia padrão ou uma forca espiritual para guiar sua consciência em uma determinada reencarnação. A forca espiritual que encarna no consciente de um indivíduo, então torna-se o principal Orixá que é adorado em uma determinada estadia na vida. Com as sucessivas reencarnações, o Orixá que molda o ORÍ-ÀPEERE de um espírito humano mudaria, adicionando camadas de profundidade a consciência em desenvolvimento de cada alma reencarnada. ÌPÒNRÍ - O EU MAIS ELEVADO. O ÌPÒNRÍ é associado com o conceito de IFÁ de um "Eu" mais elevado. É uma referência que IFÁ descreve porque o dobro perfeito de cada alma existe no ÒRUN, ou dimensão invisível. Este é um conceito esotérico que sugere que toda a forma de consciência evolui de uma fonte primária que existe em purificar o impuro. Em IFÁ a finalidade de todo o crescimento espiritual é mover o ORÍ da animada consciência humana no alinhamento perfeito com a consciência eterna transcendente da qual toda vida evolui. É função da maioria das formas de transe usados em IFÁ para elevar a consciência além do "Eu" da consciência humana para o "Eu" que gera todos os ciclos de reencarnação. Este é um conceito difícil de expressar em termos objetivos, mas é um conceito que aumenta na clareza quando um indivíduo desenvolve a habilidade de funcionar como um médium para o Orixá. Quando um novato começa agarrar inteiramente o significado do ÌPÒNRÍ da uma dimensão adicionado a opinião de IFÁ que quando a vida de outra pessoa melhora a vida de todos melhoram. A base metafísica para esta opinião é que o ÌPÒNRÍ está enraizado ao ODÙ, e o ODÙ é enraizado a essência da criação que faz todas as coisas uma extensão desta.
ÌPÍN NKAN TÀBÍ TI ENÌKAN - O CONCEITO DE IFÁ SOBRE DESTINO. É a frase do yoruba usada para expressar a ideia do destino. É difícil traduzir literalmente, mas sugere a ideia que os limites do "Eu" estão determinados pelo coração. A frase é usada para descrever o conceito do destino, porque o destino é uma ideia multidimensional. O conceito Ifá para destino é uma integração de três componentes conhecidos como ÀKÚNLÈYÀN, ÀKÚNLÈGBÁ E ÀYÀNMÓ. ÀKÚNLÈYÀN - O conceito de ifá sobre escolha. É a parte do destino individual que é criado pela escolha individual. Isto seria comparável ao que é conhecido na filosofia ocidental como LIVRE-ARBÍTRIO. Na metafísica de IFÁ o livre-arbítrio inclui aquelas escolhas feito durante uma vida e aquelas que são feitas entre reencarnação sucessiva. Enquanto a vida progride, o ORÍ está efetuado pelos elementos do destino que são predeterminados e os elementos do destino que resultam do livre-arbítrio. Ou seja, nós podemos escolher um destino e nós podemos escolher ignorá-lo. Enquanto mais um indivíduo ignora seu destino escolhido, mais duro torna-se trazer o destino escolhido dentro do ser. ÀKÚNLÈGBÁ - O conceito de Ifá sobre Livre-arbítrio. É aquele elemento do destino pessoal que muda em consequência das escolhas feitas com o livre-arbítrio. Este conceito sugere que algumas escolhas que são feitas no curso de uma vida podem limitar ou expandir as escolhas que se tornam disponíveis deste ponto em diante. Por exemplo, a decisão de não aprender ler limitará o fluxo futuro da informação que está disponível a um dado pessoal. Se essa pessoa tem escolhido um destino como escritor, a decisão de não aprender a ler elimina a possibilidade de seu potencial inerente como um autor. ÀYÀNMÓ - Conceito de IFÁ sobre Predeterminação. São aqueles aspectos do destino que não podem ser alterados. Dentro da metafísica de IFÁ o aspecto mais significativo do ÀYÀNMÓ seria a época de morte predeterminada. IFÁ ensina que esta data não pode ser prolongada, mas com a infeliz escolha este dia pode vir prematuramente. Em termos muito simples, o conceito do ÀYÀNMÓ sugere que cada pessoa tenha uma escala de potencial nas áreas dadas que não podem ser prolongadas além de algum ponto. Dado a natureza do destino como descrita por IFÁ, é impossível ter um destino positivo que se torne interrompido pelo desenvolvimento infeliz do caráter. IFÁ ensina que a vacância do desenvolvimento do bom caráter pode conduzir a um decrescimento no potencial pessoal. Esta é porque que a sagrada escritura de IFÁ diz "ÌWÁ-PÈLÉ NI ÀYÀNMÓ" que significa que o CARÁTER É DESTINO. A opinião que o CARÁTER É DESTINO, coloca um valor espiritual elevado na elevação espiritual do ORÍ, porque o ORÍ é o centro do controle que guia o desenvolvimento do bom caráter. APEERE - CONCEITO DE IFÁ SOBRE PERFEIÇÃO. A escritura sagrada de IFÁ descreve o potencial humano pelos dizeres "ORÍ LÓ KÓ WON L'APEERE" que significa "SOMENTE O EU ALCANÇA O ESTADO DE PERFEIÇÃO". A sugestão aqui é que o ORÍ continua a se desenvolver até alcançar o APEERE, que á a palavra Yoruba para a conclusão e perfeição. De acordo com a escritura sagrada de IFÁ, aqueles que alcançam APEERE vivem na cidade sagrada chamada ILÉ IFÉ, que existe no centro do reino invisível do "ÒRUN". Aqueles que procuram APEERE (transformação espiritual) são guiados pelo conceito de IFÁ sobre BOM CARÁTER. A escritura sagrada de IFÁ está desobstruída que o CARÁTER não é uma introdução de riqueza ou de status social. O BOM CARÁTER é considerado um processo interno que coloca valores na honestidade, na limpeza e no interesse para o bem-estar da família prolongado. Valores como status sociais e riquezas são considerados ser aspectos do ÀYÀNMÓ, que é o aspecto fixo do destino. Os valores tais como HONESTIDADE, HUMILDADE E GENEROSIDADE são aspectos de ÀKÚNLÈYAN que é o destino que pode ser efetuado pelo LIVRE ARBÍTRIO. Estas ideias podem parecer obscuras e sem importância àquelas que foram levantadas com conceitos filosóficos ocidentais sobre o destino. Entretanto, são feitos exames muito seriamente por aqueles que executam a adivinhação e conduzem o ritual na cultura tradicional Yoruba. Três dias depois que uma criança nasce em uma família de adoradores de IFÁ/ORIXÁ, os mais velhos da comunidade executam uma cerimônia chamada "IKÒ ÉDAYÈ". Durante esta cerimônia, a adivinhação é executada para revelar os elementos fixos do destino da criança. Se a adivinhação indicar pouco no caminho da boa fortuna, os pais são lembrados de pagar uma atenção especial ao desenvolvimento do CARÁTER. Isso é por causa da opinião que o desenvolvimento do BOM CARÁTER pode literalmente mudar o destino de uma pessoa para melhor. Inversamente, o CARÁTER INFELIZ pode mudar o destino de uma pessoa para pior. É por causa desta dinâmica, dentro do desenvolvimento do potencial humano que a maioria de adivinhos de Ifá examina valores do CARÁTER quando uma pessoa vem para a consulta e se queixa de infortúnio.

ÀTÚNWÁ - O CONCEITO DE IFÁ SOBRE O RENASCIMENTO DO CARÁTER. A palavra ÀTÚNWÁ é uma contração de "ÀTÚNBÍ", (regeneração) e "ÌWÁ", significando CARÁTER. Em IFÁ a palavra é usada para descrever o que o misticismo oriental chama de REENCARNAÇÃO. Em muitas tradições religiosas orientais, a reencarnação é definida como o renascimento continuo da alma. O conceito de IFÁ sobre ÀTÚNWÁ é uma opinião similar, que incluí uma explanação complexa das forcas espirituais que são envolvidas no renascimento da alma. É significativo que a palavra Yoruba para reencarnação faz uso da palavra "ÌWÁ". É porque IFÁ ensina que através do processo de construção do CARÁTER, estão envolvidos o indivíduo e a família. Isto significa que o conceito de IFÁ sobre o CARÁTER está relacionado às introduções da responsabilidade geral. De acordo com IFÁ, não pode haver nenhum crescimento pessoal à custa de outro, e quando alguém na família prolongada não exibe o BOM CARÁTER, a família inteira sofre. Quando alguém em uma comunidade Yoruba exibe o CARÁTER INFELIZ, uma pessoa idosa perguntará invariável à pessoa para identificar seus pais. Isto é, porque a falha de viver até os limites gerais é considerada uma falha coletiva. Quando tal falha é identificada, há um esforço considerável dentro da família inteira para resolver o problema. Em termos metafísicos, o conceito do ÀTÚNWÁ está na fundação do conceito de IFÁ sobre o "Eu". Isto é porque o princípio organizado que cria a consciência humana (ORÍ) é ligado com o princípio organizado que cria a todas as formas de consciência. Quando esta ligação é agarrada com a visão mística, o ORÍ torna-se ciente de seu relacionamento com o ÌPÒNRÍ (o Eu mais elevado). O índice desta visão é a consciência que o Eu eterno remanesce durante toda a manifestação do ÀTÚNWÁ (reencarnação).
ÒRÌSÀ ORÍ
Segundo o pensamento da Cultura Yorùbá, o homem é constituído pelos seguintes princípios vitais: ARA – corpo físico; ÒJÌJI – Essência Espiritual; OKÁN – literal “coração” com profunda relação com o èjè (sangue), sede do pensamento intuitivo e fonte originária de todas as ações; ÈMÍ – sopro Divino, intimamente ligado a “respiração”. Quando uma pessoa morre se diz que Èmí foi embora. ORÍ – literal “cabeça”, abriga Orí Inú, a Consciência, responsável pelo destino pessoal, pelas oportunidades e dificuldades existenciais. Orí é a mais importante Divindade dessa constituição do Ser, visto que, por maior que possa ser o empenho das outras Divindades em tentar fortalecer o Ser, tudo dependerá de ser sancionado por Orí. Única Divindade que vem do Òrun para o Àiyé junto com o Ser e com ele fará a viagem do retorno. Orí Inú já existia antes do nascimento do Ser no Àiyé, podendo ser comparado a palavra “alma” ou “espírito”, segundo nos relata um destes ÈSÉ ÌTÒN ODÙ IFÁ que compõe o Odù Ògúndá Méjì nos informando que Orí é a ÚNICA Divindade que acompanhará o Ser no além-túmulo. Todos nascem com um “destino” a realizar, mas isso não quer dizer que sejamos um “joguete” nas mãos das forças que “determinam” radicalmente os acontecimentos a serem vividos no Àiyé (no Mundo). O Ser tem o poder de decidir pelo rumo dos acontecimentos da sua própria vida, principalmente de modo responsável do seu desenrolar, ampliando sua consciência e conhecimentos, desenvolvendo e disciplinado sua vontade, um dito popular Yorùbá diz: “A consciência da própria responsabilidade exigirá a disciplina da vontade”. Ifá diz que: “As realizações fundamentais da existência dependem não apenas de inclinações naturais ou da sorte, mas também dos esforços pessoais que, aliados à força do destino (Odù), promovem o desenvolvimento do ”Homem forte”, rico em saúde, genitor de prole numerosa e possuidor de respeitáveis recursos materiais.” ( Bàbálàwó Fabunmi Sowunmi) Orí Inú (Eu interior) e Eléèdá (Destino pessoal trazido pelo Odù + Òrìsà individual) estão relacionados intimamente.
Nos conta Ifá em uma Ìtòn Orí Òfúnkònròn em sua tradução para o Português: “Ao amanhecer Olókònròn não colocou sua coroa”. Não colocou em seu pescoço seu ilèké nlá (Grande Colar) que revela sua realeza. Não vestiu roupas especiais de ide. É com nobreza que se trata o nobre. É com sabedoria que se trata o sábio. Quando o mais velho parte fica o mais novo em seu lugar. É com prosperidade que se cresce na vida. Orí que será coroado não precisa ser grande. O pescoço que ostentará o colar da nobreza não precisa ser grande nem comprido. O corpo que vestirá o vestido com roupa de ide não precisa ser grande. Foram eles que fizeram um Jogo Divinatório para Orí no dia em que ele estava vindo do Òrun para o Àiyé. Orí perdeu-se e foi consultar Egúngún. Orí perdeu-se e foi consultar Oró. Orí perdeu-se e foi consultar Ifá, que é quem indica o caminho do Ser. Eléèdá, o Destino, indica ao Ser um bom lugar. Aquele que vem para o Mundo e deseja Ter sorte na vida deve perguntar à Ifá.

O SER QUE VEM AO MUNDO E QUER SER IMPORTANTE DEVE DEIXAR ESPAÇOS PARA FAZER PERGUNTAS. NÃO RESPEITAR OS CONSELHOS DOS OUTROS, NÃO RESPEITAR AS PESSOAS QUE PODEM ORIENTAR, DEIXAR DE PERGUNTAR PELO CAMINHO É O QUE FAZ O HOMEM SE PERDER.

Orí o grande teimoso. Òrìsà chamou Orí. Ele diz que Orí não tem sabedoria: - Você não sabe que Òsó é o líder dos feiticeiros? - Você não sabe que Ajé é a líder das bruxas? O Ser é quem dá origem ao Ser. O animal é que dá origem ao animal. - Orí, você não sabe que a mosca, antes de vir ao Mundo, consultou Ifá? - E que quando o pássaro vem ao Mundo, antes de vir, consulta Ifá? - Você sabe que nem as árvores que estão na floresta vieram ao Mundo sem antes consultar Ifá? - E que as folhas também não vieram ao Mundo sem antes consultar Ifá? Sòngó diz que quando você fala em sabedoria a uma pessoa e ela não entende, pode ser chamada de KO SI (não sabe – ignorante). Orí se cansou. Orí pensou muito e ficou cansado com seus problemas. Ele não sabia o que falar. Não sabia o que fazer. Quem não pergunta por nossos problemas não saberá de nossos problemas. Ògún chamou Orí: - Aquele para quem você se esforça para transmitir sabedoria e não chega a ser sábio (não aprende) é como uma árvore que não responde; - Aquele que você se esforça para transmitir conhecimentos e não chega a Ter conhecimento é como uma palmeira em uma floresta; - Aquele cuja sensibilidade você estimula e não chega a ser sensível é como uma árvore na qual se esbarra. - Aquele a quem você indica o caminho e não reconhece o caminho é como uma árvore a que prestasse um favor. Ògún ainda diz para Orí: - Já te dei sabedoria. Agora procure mais sabedoria e junte à que já te dei. - Já te dei conhecimentos. Agora procure mais conhecimentos e junte aos que já te dei. Ògún foi embora dizendo: - Quando recebemos sabedoria de um sábio devemos acrescentar a ela nossa própria sabedoria. Quando recebemos sabedoria, orientamos aos outros. O QUE DETÉM SABEDORIA É CHAMADO DE SÁBIO. O QUE CONHECE AS COISAS É CHAMADO DE CONHECEDOR. O QUE TEM SENSIBILIDADE É CHAMADO DE SENSÍVEL. Orí pensou a respeito de sí próprio. Estava cansado de si mesmo. Orí foi consultar Èsú e lhe disse: - Você Èsú que é famoso e generoso, é você que vim consultar. Orí lhe disse que pensara tanto sobre os próprios problemas que chegava ao ponto de sentir um nó no intestino. Èsú disse para Orí que seu problema era consigo mesmo e pediu a ele que o conduzisse para o Mundo. Èsú lhe pediu: Três búzios; Um galo; Bastante azeite de dendê; Bastante oti (gyn). Orí providenciou tudo. Èsú lhe disse: - QUEM TEM PROSPERIDADE NO MUNDO TEM QUE SEPARAR A PARTE DE ÈSÚ. - QUEM QUISER PROCRIAR NO MUNDO NÃO DEVE DEIXAR ÈSÚ PARA TRÁS. E perguntou para Orí: - Você não sabe que eu sou o mensageiro de Elédùmarè? - E que sou eu quem está atrapalhando seu caminho? - Que sou eu que estou te empurrando para todos os caminhos? Orí deu-lhe as costas e foi indo embora. Èsú o chamou para que voltasse. Disse-lhe que quando uma pessoa faz uma pergunta, deve aguardar a resposta. Èsú mandou que Orí o acompanhasse e o levou para a casa de Òrúnmìlà. Na casa de Ifá, Èsú deu para Orí um búzio para que ele falasse nele os seus problemas. Orí falou no búzio seus problemas e entregou a Òrúnmìlà. Òrúnmìlà fez o jogo. O que apareceu foi um símbolo de que Orí se perdera no caminho. Òrúnmìlà disse: - Orí, você se perdeu muito e foi parar no infinito. Sofreu tanto que já está perdendo os cabelos. - Você andou e foi para na casa de Sòngó.

- Você andou e foi parar na casa de Ògún. Falaram com você por metáforas e símbolos e você não entendeu. A terceira pessoa, que é Èsú, foi quem te trouxe aqui. - Você não sabe que ninguém vai para o Mundo sem antes consultar Ifá? - Você não sabe que ninguém faz nada se deixar para trás a importância de seu Orí? - Você não sabe que ninguém faz nada sem pedir consentimento de seu destino? Òrúnmìlà pediu que Orí providenciasse os seguintes elementos para Ifá: 2 camundongos; 2 peixes; 1 galo ou galinha grande; 1 cabra com chifres grandes; Obi grande; Orógbó grande Sèkèté (um tipo de aguardente de milho). Òrúnmìlà recomendou que Orí oferecesse um galo para Èsú. Òrúnmìlà recomendou que Orí oferecesse um obi de três partes e água fresca para seu Eléèdá. Orí providenciou tudo. Fez as oferendas para Ifá, para Èsú e para seu Eléèdá, conforme instruído por Ifá. Após as oferendas Ifá respondeu para Orí: - O seu problema não está nem com Egúngún nem com Òrìsà. Seu problema é com seu Eléèdá. SE O HOMEM TEM PROSPERIDADE NA VIDA AGRADEÇA A SEU ORÍ. SE O HOMEM TEM PROGRESSO NA VIDA AGRADEÇA A SEU ORÍ. O HOMEM DEVE VENERAR SEU ORÍ PORQUE ELE É O PRIMORDIAL ENTRE OS ÒRÌSÀ. ORÍ É O MAIS VELHO DOS ÒRÌSÀ. Òrúnmìlà chamou Èsú e mandou que indicasse o caminho para Orí. Quando Èsú chegou a encruzilhada que liga o Òrun ao Àiyé, mostrou o caminho que Orí deveria seguir para encontrar seu Destino. E mandou que ele seguisse esse caminho entoando a seguinte cantiga: “MEU PROBLEMA NÃO É COM EGÚNGÚN; MEU PROBLEMA NÃO É COM ÒRÌSÀ; MEU PROBLEMA É COM MEU ELÉÈDÁ.” CONCLUSÕES: Devemos observar que Orí recebe ensinamentos de Èsú, Sòngó, Ògún e Òrúnmìlà. Ògún enfatiza que O ESFORÇO DO MESTRE NÃO É SUFICIENTE PARA DESENVOLVER O APRENDIZ. Tem que haver o empenho de ambos e determinada tarefa do Mestre cabe ao Aprendiz dar continuidade a busca de mais conhecimentos, pois para ele caberá o trabalho de levar conhecimento para outras pessoas. Èsú mostra para Orí A NECESSIDADE DE PERGUNTAR, SANAR DÚVIDAS E AGUARDAR A RESPOSTA. Deixa ele claro também que uma das coisas que fez por desorientar Orí FOI A NEGLIGÊNCIA NO TRATO COM ÈSÚ. Já Òrúnmìlà, além de enfatizar que OS ENSINAMENTOS DADOS POR ÈSÚ E ÒGÚN SALIENTAM A NECESSIDADE DE ORÍ SEGUIR CONSELHOS DE QUEM ORIENTA. Acatado por Orí todos os conselhos e ensinamentos, mesmo assim é recomendado que ele retorne para ao Àiyé repetindo, para não se esquecer, que SEUS PROBLEMAS E RESPECTIVAS SOLUÇÕES SERÃO ENCONTRADAS NA SUA RELAÇÃO COM SEU ELÉÈDÁ.

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