.
.
Conhecimento é, fundamentalmente, aquilo que percebemos. A luz, portanto, simbolicamente representa aquilo que pode ser percebido e conhecido. A escuridão, o oposto da luz, também dela difere simbolicamente. Esta diferença está, do mesmo modo, associada à sensação humana primitiva. Onde há escuridão há sombras e mistério. Aquilo que não podia ser visto era, portanto, o desconhecido.
O desconhecido tem sempre causado efeito dual sobre o homem. Por um lado, ele o desafia a penetrar o seu véu. O homem tenta descobrir o que lá pode estar oculto. Por outro lado, o desconhecido e as trevas mentais que ele causa, geram medo.
Quando temos conhecimento de alguma coisa, dispomos, então, da possibilidade de enfrentá-la. Podemos dominá-la ou, se necessário, defendermo- nos contra ela. O desconhecido também pode sugerir perigo, a ameaça do incontrolável. Ele pode se tomar a substância com a qual a imaginação fabrica distorções pavorosas.
A verdadeira iluminação é mais do que percepção. Em outras palavras, é ela mais do que o sabermos que alguma coisa existe. Para que alguma coisa nos seja verdadeiramente conhecida, devemos saber o que ela é, e por que existe. Até certo ponto, o conhecermos realmente alguma coisa significa podermos relacioná-la conosco mesmos; ela deve, para nós, ter significado; deve se enquadrar no plano total de nossa existência ou naquilo que chamamos de natureza. A iluminação, portanto, significa compreensão.
A compreensão que é alcançada através do empirismo, isto é, da objetividade, é limitada. Muita coisa da vida escapa à nossa atenção. Além disso, nem tudo que sentimos é por nós compreendido.
Pode ser que não disponhamos de tempo ou de capacidade mental para analisar cada coisa que sentimos, quanto à sua natureza e função. Conseqüentemente, a vida, então, para todos nós, consiste de uma série de hiatos, isto é, de lacunas do desconhecido. Isto se assemelha a caminharmos por uma alameda com luz alternada e escuridão impenetrável.
Por esta razão, é difícil estabelecermos uma filosofia de vida que inspire confiança. Somos freqüentemente levados a nos sentir isolados, perdidos em um oceano de incertezas. Esta é a razão de muitas pessoas recorrerem à profecia. Elas querem saber o que o desconhecido pode revelar.
Desejam modificar sua vida em conformidade com o que possa ser revelado. Não obstante, tudo que possa ser vaticinado nessas profecias deixa sempre uma dúvida persistente quanto à sua exatidão.
Para que haja paz mental na vida, necessário se faz um elo de continuidade. Nenhuma coisa deve parecer estar completamente separada do homem, e, inversamente, o homem separado de qualquer coisa. Até certo ponto, coisas diversificadas como a vida, a morte, o cosmos, o passado, o presente e o futuro, devem se converter, para nós, em seqüência harmoniosa de compreensão subjetiva. Não devem continuar como mistérios insondáveis.
Contudo, a inteligência, por si só, não pode propiciar a união desses mistérios com a compreensão. Como pode, então, ser alcançada a compreensão perfeita, a iluminação?
O místico é que pode alcançara verdadeira iluminação. Ele faz isto transcendendo o finito e alcançando o infinito. Deve ser compreendido que não há, verdadeiramente, um mundo finito do qual falamos como coisa distinta em si mesma. O mundo finito, assim chamado, constitui os limites dos sentidos objetivos do homem.
É a parte do infinito em redor da qual os sentidos do homem e suas limitações construíram um mundo mental. Todavia. a consciência que os místicos podem alcançar é capaz de atravessar esse muro. É, então, que o homem sente o infinito como uno. Disse, certa vez, um filósofo e místico: "A experiência mística da realidade é como que um imenso reservatório de essência vivificadora".
A revelação que o homem tem do infinito, a inspiração especial que ele alcança, é chamada de iluminação. Com tal iluminação, o mistério da existência é revelado ao homem. Ele percebe interiormente a divindade que existe em todas as coisas. Não percebe apenas peculiaridades ou separação de coisas, sentindo, porém, a essência da qual TUDO consiste.
O primeiro é o despertar do Eu para o que é sublime. Esse despertar representa a compreensão do homem no sentido de que ele não está apenas ligado ao corpo; em outras palavras, que o Eu pode sentir prazer, estados de consciência que ultrapassam os estados proporcionados pelos apetites e pelas paixões. Como analogia, se o homem olhasse continuadamente para o seu reflexo em um espelho, esse reflexo lhe parecelìa constituir o seu Eu total.
No entanto, ao se afastar do espelho e fechar os olhos, despertaria, então, para a realidade de um outro Eu, do Eu que é sentido em seu próprio interior.
O segundo estágio da iluminação é a percepção das mudanças na natureza do Eu. Na verdade, aquilo que denominamos Eu consiste de estados de consciência inseparáveis. Esses estados são o físico, o mental, e o estado de êxtase. O êxtase é o prazer sublime que parece ter causa ou natureza imaterial. Neste segundo estágio, o místico se apercebe da maneira em que, anteriormente, estava restringindo, embora de modo inconsciente, o seu desenvolvimento potencial de autoconsciência.
O estágio final da iluminação ultrapassa a compreensão de que há uma realidade absoluta. Isto significa que o místico, nesse estágio, sente que está verdadeiramente imerso no Absoluto. Sente, então, a união mística, apercebendo-se de que está em todas as coisas e que todas as coisas nele estão. O místico aprende que não é necessário oscilar, alternar a sua consciência de um para outro lado, através dos vários estágios. Ele pode, à vontade, alcançar a iluminação suprema, ou Consciência Cósmica. Todavia, isto somente é possível quando o místico aperfeiçoou a técnica dos três estágios resumidamente acima apontados.
Iluminação é a transição do conhecimento material (do conhecimento estritamente intelectual) para o conhecimento psíquico. O místico gradualmente transforma muitas das coisas desconhecidas em conhecimento subjetivo.
O aspirante, contudo, deve aprender que a purgação e a iluminação estão relacionadas. Em outras palavras, o místico deve purgar-se daquilo que a sua consciência lhe diga ser, para ele, indigno.
Revista Rosacruz
por: Ralph M. Lewis
Nenhum comentário:
Postar um comentário