domingo, 7 de outubro de 2018

DESPERTANDO O CONHECIMENTO - OXUM A LUZ DA KABBALAH

OXUM 

Oxum a Luz da Kabbalah


“Pois nenhum pensamento humano criou deuses para amar e honrar
Senão depois que a canção vibrou no silêncio da alma,
E nem em sonhos pôde a terra unir-se aos céus
Antes que a palavra se vestisse de fala pelos lábios do homem” (1)

Quando os homens analisaram e discerniram, fator por fator, as causas primeiras, eles as endeusaram.  Ao descobrir que em todas as partes do globo as mesmas necessidades e os mesmos motivos atuavam sobre eles, desenvolveram panteões semelhantes.  Mas, visto que os temperamentos diferem, desenvolveram panteões tão diferentes quanto os bandoleiros do México a os radiantes seres da Hélade. (1)
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O texto que escolhi para abrir esse estudo é de uma precisão incrível ao descrever como nasceram os diferentes e, ao mesmo tempo semelhantes, panteões existentes em todas as culturas ao redor do globo.  As diferenças se devem sobretudo a imensa variedade de culturas e temperamentos dos povos; as semelhanças, ao fato de as mesmas “causas” ou energias, ou ainda “Manifestações Divinas” atuarem por todo o globo…ou universo.
Como prefiro enxergar a humanidade como um todo, sem qualquer tipo de discriminação, e ao mesmo tempo estudar e praticar a religião que escolhi, que por sua vez nasceu de uma cultura específica, entendo como de extrema valia o estudo comparado a outro conhecimento proveniente de outra cultura, pois “ver a mesma coisa” sob outro ponto de vista só tem a engrandecer nossa visão original.  Dito isto, podemos prosseguir com nosso estudo comparado entre os Orixás e a Cabala, lembrando que o trabalho original os relacionando, que inspirou este estudo, é da autoria de Marcelo Del Debbio.
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James C. Lewis – Noire 3000 Studios

OXUM

Òşun na África (2)
Oxum é a divindade do rio de mesmo nome que corre na Nigéria, em Ijexá e Ijebu. Era, segundo dizem, a segunda mulher de Xangô, tendo vivido antes com Ogum, Orunmilá e Oxossi.  As mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a Oxum, pois ela controla a fecundidade, graças aos laços mantidos com Ìyámi-Àjé (“Minha Mãe Feiticeira”). Sobre este assunto, uma lenda conta que:
Quando todos os orixás chegaram a terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram admitidas. Oxum ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para se vingar, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os orixás dirigiram-se a Olodumaré e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembléias. Olodumaré perguntou se Oxum participava das reuniões e os orixás responderam que não. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo. De volta a terra, os orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por aceitar depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes resultados. (2)
Praticamente todo o conhecimento que temos sobre os Orixás vem através de lendas (Itãs). Em nosso estudo, vamos analisar algumas delas aqui. Sobre essa primeira lenda, a única observação por agora (para aguçar a intuição) é lembrar que a mulher simboliza o campo emocional enquanto o homem, o campo lógico. Considerando apenas esse aspecto, já é possível começar a interpretá-la sob outro prisma. Porém, antes de podermos entender melhor seu significado, vamos ver o que temos a “colher” na Árvore da Vida, onde todas as deusas Sedutoras e/ou de Fertilidade estão relacionadas à energia da esfera de Netzach, o que inclui Oxum.

Kaballah_OxumNa Árvore da Vida – Netzach – a 7ª Esfera(1)
Título: Netzach, Vitória.
Imagem Mágica: Uma bela mulher nua.
Texto Yetzirático: O sétimo Caminho chama-se Inteligência Oculta porque é o esplendor refulgente das virtudes intelectuais percebidas pelos olhos do intelecto e pelas contemplações da fé.
Título Conferido a Netzach: Firmeza.
Chakra Cósmico: Nogah, Vênus.
Experiência Espiritual: A visão da beleza triunfante.
Virtude: Desprendimento.
Vício: Impudor. Luxúria.
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Vênus, ou, na sua forma grega, Afrodite, é a deusa do amor. Ora, no conceito grego da vida, o amor abrange muito mais do que o relacionamento entre os sexos, incluindo a camaradagem dos guerreiros e o relacionamento entre professor e aluno.(1)
E o que é o amor, em todas as suas esferas, senão a mais forte emoção que podemos conceber?  Emoção é a palavra chave das cachoeiras de Oxum. Enquanto Yemanjá é o mar que “pega tudo”, Oxum é a Cachoeira que não se consegue controlar, não se consegue segurar, como o choro emocionado e incontrolável que se observa nas médiuns incorporadas com as Caboclas desse Orixá.
Até aí tudo bem, nenhuma novidade pois o Amor, embora em seu aspecto afetivo entre um casal, é o que a maioria dos adeptos de Umbanda e Candomblé esperam de Oxum, mas o significado dessa emoção alcança, através do estudo de Netzach, um sentido muito além disso, do qual sequer desconfiávamos.
Como vimos na primeira lenda, Oxum mantém estreitos laços com Ìyámi-Àjé “Minha Mãe Feiticeira” e, de fato, em muitas lendas Oxum é referida como uma poderosa feiticeira e, a palavra chave aqui é Magia, a magia cerimonial, ou ritual.  Não existe rito, gira, xirê sem Oxum, sem Netzach.  Há mais uma lenda que sutilmente vem reforçar essa ideia:
Oxum , que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem em seus corpos os Orixás.
Oxum fez oferendas a Exú para propiciar sua delicada missão. De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos Orixás.
Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos.
Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola.
Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas.
O Orí, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa.
Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados indés.
Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás.
Esse oxo atrairia o Orixá ao Orí da iniciada e o Orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.
Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavam odara.
As iaôs eram a noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar.
Estavam prontas para os deuses.
Os Orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas.
Os humanos faziam oferendas aos Orixás, convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs.
Então os Orixás vinham e tomavam seus cavalos.
E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os Orixás dançavam e dançavam e dançavam. Os Orixás podiam de novo conviver com os mortais.
Os Orixás estavam felizes.  Na roda das feitas, no corpo das iaôs, eles dançavam e dançavam e dançavam. (3)
Todo ser celeste concebido pela mente humana tem como base uma força natural, mas que sobre a base dessa força natural, se ergue uma imagem simbólica que lhe corresponde e que é animada e ativada pela força que representa. A imagem, portanto, é apenas um modo de representação adotado pelo espírito Kaballah_Oxum-Exuhumano para a sua própria conveniência, mas a força que a imagem representa e que a anima é uma coisa muito real, e que, sob certas circunstâncias, pode ser extremamente poderosa. Em outras palavras, embora a forma sob a qual o deus é representado seja pura imaginação, a força que se lhe associa é real e ativa. (1)
Esse fato é a chave não apenas da Magia Talismãnica em seu sentido mais amplo, que inclui todos os objetos consagrados utilizados no cerimonial e na meditação, mas de muitas coisas na vida que não podemos deixar de observar, mas para as quais não temos nenhuma explicação. Isso explica muitas coisas na religião organizada que são muito reais para o devoto, mas muito estranhas para o incrédulo, que é incapaz de explicá-las e tampouco de negá-las. (1)
Em Netzach, contudo, temos a forma mais tênue dessas coisas, e elas são percebidas muito mais pelas “contemplações da fé” do que pelos “olhos do intelecto”. Na Esfera de Hod (par de Netzach que está associada a Exú, veremos em detalhes em outra oportunidade), executam-se todas as operações mágicas em que o próprio intelecto surge para conferir forma e permanência (razão) a essas imagens tênues e flutuantes; mas, na Esfera de Netzach, tais operações não ocorrem em qualquer grau; todas as formas divinas em Netzach são reverenciadas por meio das artes, e não concebidas por meio de filosofias.  Não obstante, para todos os propósitos práticos, é impossível separar as atividades de Hod e Netzach, que são um par funcional.  (1)

Oxum - Atelier Sandra
Oxum – Atelier Sandra
Para ficar mais fácil entender, imaginemos Hod como o poeta e Netzach como a musa inspiradora.  O contato com o astral não pode ser feito apenas usando-se a razão (“os olhos do intelecto”), esta serve apenas para dar forma ao que imaginamos estar conectando; é a inspiração, ou melhor, a Emoção de Oxum (“contemplações da fé”) que nos permite sintonizar as vibrações elevadas. E falando sobre emoção, quem nunca se emocionou ouvindo uma música, ou observando uma obra de arte, ou ainda ouvindo um pássaro cantar, ou talvez uma dança, ou de outras tantas formas possíveis? E se sentiu “elevado” e leve após tal experiência?  E, em todos esses casos, qual foi o motivo da emoção?…A Beleza contida, seja na imagem, no som, no movimento… a Beleza de Oxum! Este é o significado da Emoção e da Beleza de Oxum! Vai muito além de um Orixá num belo corpo feminino que se ocupa apenas em gerir o amor entre um casal…
E…qual é a atividade especializada em nos causar emoções?
Arte
Definição: A designação do termo Arte vem do latim Ars, que significa habilidade. É definida como uma atividade que manifesta a estética visual, desenvolvida por artistas que se baseiam em suas próprias emoções… A Arte é desenvolvida com o intuito de mostrar o pensamento do artista e expressar os sentimentos, por meio de correntes de estilo e estéticas diferentes. (4)
Começamos a observar aqui a estreita relação de Oxum com a arte, pois a arte de fato é baseada em emoções e beleza!  Vejamos o que diz Dion Fortune:
Os contatos com Netzach não se fazem concebendo-se a vida filosoficamente, nem por meio do psiquismo ordinário criador de imagens, mas pelo “sentimento adequado”. É por meio da dança, do som e da cor que entramos em contato com os anjos de Netzach e podemos evocá-los. O adorador de um deus na esfera de Netzach entra em comunhão com o objeto de sua adoração por meio das artes; e na medida em que seja um artista, de uma ou de outra maneira, e possa representar simbolicamente sua divindade, ele será capaz de fazer o contato e atrair a vida para si. Todos os ritos que têm ritmo, movimento e cor trabalha na Esfera de Netzach. E, como Hod, a Esfera das operações mágicas, extrai sua força de Netzach, segue-se que toda operação mágica da esfera de Hod precisa ter um elemento Netzach em si para ser animada eficazmente. (1)
Embora de forma bastante sutil, essa mesma relação é demonstrada na Dança de Oxum, coletada por Reginaldo Prandi.
Perante Obatalá, Ogum havia condenado a si mesmo a trabalhar duro na forja para sempre. Mas ele estava cansado da cidade e da sua profissão.  Queria voltar a viver na floresta, voltar a ser o livre caçador que fora antes .
Ogum achava-se muito poderoso, Sentia que nenhum Orixá poderia obrigá-lo a fazer o que não quisesse. Ogum estava cansado do trabalho de ferreiro e partiu para a floresta, abandonando tudo.
Logo que os Orixás souberam da fuga de Ogum, foram a seu encalço para convencê-lo a voltar à cidade e à forja, pois ninguém podia ficar sem os artigos de ferro de Ogum,
as armas, os utensílios, as ferramentas agrícolas. Mas Ogum não ouvia ninguém, queria ficar no mato. Simplesmente os enxotava da floresta com violência.
Todos lá foram, menos Xangô.
E como estava previsto, sem os ferros de Ogum, o mundo começou a ir mal.  Sem instrumentos para plantar, as colheitas escasseavam e a humanidade já passava fome.
Foi quando uma bela e frágil jovem veio à assembléia dos Orixás e ofereceu-se para convencer Ogum a voltar à forja.
Era Oxum a bela e jovem voluntária. Os outros Orixás escarneceram dela . . . tão jovem, tão bela, tão frágil.  Ela seria escorraçada por Ogum e até temiam por ela, pois Ogum era violento, poderia machucá-la, até matá-la.
Mas Oxum insistiu, disse que tinha poderes de que os demais nem suspeitavam. Obatalá, que tudo escutava mudo, levantou a mão e impôs silêncio. Oxum o convencera, ela podia ir à floresta e tentar. Assim, Oxum entrou na mata.
E se aproximou do sítio onde Ogum costumava acampar. Usava ela tão somente cinco lenços transparentes presos a cintura em laços, como esvoaçante saia.
Os cabelos soltos, os pés descalços, Oxum dançava como o vento e seu corpo desprendia um perfume arrebatador.
Ogum foi imediatamente atraído, irremediavelmente conquistado pela visão maravilhosa, mas se manteve distante.  Ficou à espreita atrás dos arbustos, absorto.
De lá admirava Oxum, embevecido.  Oxum o via, mas fazia de conta que não.  O tempo todo ela dançava e se aproximava dele mas fingia sempre que não dera por sua presença.
A dança e o vento faziam flutuar os cinco lenços da cintura, deixando ver por segundos a carne irresistível de Oxum.  Ela dançava, enlouquecia. Dele se aproximava e com seus dedos sedutores lambuzava de mel os lábios de Ogum.
Ele estava como que em transe. E ela o atraía para si e ia caminhando pela mata, sutilmente tomando a direção da cidade.  Mais dançava, mais mel, mais sedução,
Ogum não se dava conta do estratagema da dançarina.
Ela ia na frente, ele a acompanhava inebriado.
Quando Ogum se deu conta, eis que se encontravam ambos na praça da cidade.
Os Orixás todos estavam lá e aclamavam o casal em sua dança de amor.
Ogum estava na cidade, Ogum voltara!
Temendo ser tomado como fraco, enganado pela sedução de uma mulher bonita,
Ogum deu a entender que voltara por gosto e por vontade própria.
E nunca mais abandonaria a cidade. E nunca mais abandonaria a sua forja.
E os Orixás aplaudiam e aplaudiam a dança de Oxum.
Ogum voltou à forja e os homens voltaram a usar seus utensílios e houve plantações e colheitas e a fartura baniu a fome e espantou a morte. (3)
Netzach, no Microcosmo (alma), representa o dado instintivo e emocional de nossa natureza, e Hod representa o intelecto; Netzach é o artista em nós, Hod é o cientista. Se não há influência de Netzach para introduzir um elemento dinâmico, o predomínio de Hod conduzirá a muita teoria e a nenhuma prática nos assuntos ocultos. Ninguém pode manipular a magia na qual a Esfera de Netzach não tem funções, pois o ceticismo de Hod matará todas as imagens mágicas antes de seu nascimento. Como todas as coisas na Natureza, Hod, não fertilizada por sua polaridade oposta, é estéril. É necessário que, em todo ocultista que queira trabalhar praticamente haja um artista. Embora poderoso, o intelecto, por si só, não confere poderes. É por meio de Netzach, em nossa natureza, que as forças elementais têm acesso à consciência. Ensinam os Mistérios que todo nível de manifestação tem sua própria ética (padrão de certo e errado). No reino da mente, a ética é Verdade; no plano astral, que é a Esfera das emoções e dos instintos, a ética é a Beleza(1)
Sem a ajuda dos textos sobre Netzach, fica quase impossível dar entendimento racional a essa lenda, só através de intuição (que é relativa a própria Oxum) que se poderia desvendar o sentido de Ogum voltar a cidade através da arte, da dança de Oxum. É a Fartura (Espiritual) que se atinge ao permitir a Emoção atuar junto com a Razão.  Deixar a razão atuar sozinha é “condenar a si mesmo” a estagnação, a miséria e a fome espiritual.
A “coincidência” a se observar é que na lenda Yorubá, Oxum estava vestida por 5 lenços amarrados a cintura e na Cabala, Ogum está relacionado a 5ª esfera, Geburah! (Ogum a luz da Cabala) Ao mesmo tempo Vav(5), o 5º caminho da Árvore da Vida, está relacionado ao 5º arcano maior do Tarot – o Hierofante (o Papa) que em breve descrição: “É o arcano do ato da bênção, da iniciação, da demonstração, do ensino. … indicações do caminho da salvação.” (6)
Mas é claro que talvez seja apenas coincidência…
*** Obatalá:  Òrìsànlá ou Obàtálá na África, “O Grande Òrìsà” ou “O Rei do Pano Branco”, na mitologia Yorubá, é o criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Orixá criado por Olodumarê e é considerado o maior de todos os Orixás.
Mamãe Oxum
Oxum - Ronaldo Martins
Oxum – Ronaldo Martins
Em toda a mitologia Yorubá, encontramos várias referências a sua estreita relação com as crianças e a fecundidade:
As mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a Oxum, pois ela controla a fecundidade, graças aos laços mantidos com Ìyámi-Àjé (Minha Mãe Feiticeira)(2)
Contam os Itãs (conjunto de lendas e histórias passados de geração a geração pelos povos africanos) que os Igbejis são filhos paridos por Iansã, mas abandonados por ela, que os jogou nas águas. Foram abraçados e criados por Oxum como se fossem seus próprios filhos. Doravante, os Igbejis passam a ser saudados em rituais específicos de Oxum e, nos grandes sacrifícios dedicados à deusa, também recebem oferendas. (7)
E, considerando tudo o que vimos até aqui, não é tão difícil entender sua relação com as crianças, pois o que é um bebê senão Emoções e Instintos?
Segundo Piaget, o pensamento das crianças de até dois anos de idade se dá de maneira intuitiva. Chama-se esse estágio de sensório-motor.
Também a elevada clarividência que muitas crianças apresentam, com seus amiguinhos imaginários, talvez possa ser explicada através dessa relação com Mamãe Oxum e a Emoção, que vai “adormecendo” aos poucos ao longo da infância.
É o fator Netzach em nós a base de nossos instintos, cada um dos quais, em sua essência não-intelectualizada, dá origem a reflexos apropriados, assim como os lábios de um recém-nascido sugam tudo que é inserido entre eles.(1)
Ainda sobre a lenda de Iansã e os Ibejis; Iansã, Senhora dos Eguns (desencarnados) gera filhos e os abandona nas Águas (Emoção) de Oxum, que os adota e cria…Na minha visão, clara alusão ao ciclo de reencarnação, colocando Oxum logo no início da nova vida como encarnado.
O Abebé
Conta à lenda que, em um tempo imemorial, o rei Xangô, Orixá escolhido por Oxalá para governar a terra e os outros deuses, tinha diversas esposas. As duas mais importantes eram Iansã, a Senhora das Tempestades, e Oxum, cujo domínio se estendia pelos rios, lagos e cachoeiras.
Certo dia, enciumada da preferência de Xangô pela sua adversária; Iansã decidiu vingar-se de Oxum e, em um raio intempestivo de cólera, investiu contra a mãe das águas doces, quando esta se banhava nua às margens de um grande lago, tendo apenas um espelho entre as mãos. Devido ao fato de não ser uma guerreira, mas uma mulher dócil e vaidosa, afeita apenas aos expedientes da Sedução e da Dissimulação para se defender; Oxum viu-se completamente indefesa frente à ira arrebatadora da Rainha dos Raios. Oxum, então, rezou a Oxalá e, em um instante mágico, percebeu que o Sol brilhava forte nas costas de sua agressora. Rapidamente, ela utilizou seu espelho para refletir os raios solares de forma a cegar Iansã.
Ao saber da vitória de Oxum, o rei Xangô reafirmou sua preferência pela Senhora das Águas, que além de mais bela e delicada, provou ser também mais poderosa que a Senhora das Tempestades. (8)
Abebé - Aruanda Leonel
Abebé – Aruanda Leonel
O Abebé, ferramenta de Oxum, trata-se de um leque de metal, normalmente cobre por ser o metal mais valioso na época, com um espelho no centro.  A Dança de Oxum, a mais bonita dos Orixás, representa seus movimentos em meio as águas enquanto observa o reflexo de sua beleza tanto nas águas quanto no abebé.
Se fizermos uma pesquisa rápida no google, encontraremos algumas informações curiosas sobre espelhos; algumas culturas entendem o espelho como um portal para outras dimensões (lembram de Alice que passou através do espelho?); também pode ser usado como oráculo do elemento água; na Grécia, pessoas viram o espelho para a parede por acreditar que demônios os observem a noite,etc. De qualquer forma, o espelho tem seu papel real no ocultismo.
Na lenda acima, o espelho que basicamente reflete o que está a sua frente, tem um papel importante no auto-conhecimento.  Mas antes, vamos considerar algumas informações sobre o 4 elementos. No ocultismo o elemento Arrepresenta o mundo das idéias, o pensamento.  O elemento Água, as emoções. O elemento Fogo, a purificação, a transmutação que em termos estritamente espirituais, pode ser representado pelo poder da fé. Por fim, o elemento Terra, representa o lado visível da vida e tudo o mais relacionado ao mundo material.
Isto posto, quando Iansã, a Senhora dos Ventos, que aqui pode ser entendido como o elemento Ar simbolizando o nosso lado mental racional, investe contra Oxum, a Senhora das Águas, que também podemos interpretar como o nosso lado emocional (e tudo o mais que vimos anteriormente), doce e delicada que por portar apenas um espelho não poderia se defender em uma luta corporal – elemento Terra que nesse momento não serve de nada, usa o mesmo para refletir a luz do Sol – elemento Fogo para cegar sua oponente; cegar seus olhos racionais!
Toda pessoa que quiser se elevar espiritualmente na vai conseguir ir muito longe usando apenas a razão.  Vai ter que abrir as portas à sua intuição e deixar fluir sua emoção para sintonizar a atingir assim um plano mai elevado, transmutando seu estado espiritual.  Nesse campo, todo o plano material não vai fazer tanta diferença, é a virtude do desprendimento.  O espelho simboliza o verdadeiro portal que se nos abre oferecido pela Emoção de Oxum.

DESPERTANDO O CONHECIMENTO - OXÓSSI A LUZ DA KABBALAH

OKÊ ARÔ OXÓSSI, O ORIXÁ DAS MATAS.

Oxóssi a Luz da Kabbalah

Para nos situarmos, vamos pincelar o que nos dizem alguns grandes autores sobre Oxóssi
— Pierre Verger
Osoosì na África
Oxóssi, o deus dos caçadores, teria sido o irmão caçula ou filho de Ogum. Sua importância deve-se a diversos fatores.
– O primeiro é de ordem material, pois, como Ogum, ele protege os caçadores, torna suas expedições eficazes, delas resultando caça abundante.
– O segundo é de ordem médica, pois os caçadores passam grande parte do seu tempo na floresta, estando em contato freqüente com Ossain, divindade das folhas terapêuticas e litúrgicas, e aprendem com ele parte do seu saber.
– O terceiro é de ordem social, pois normalmente é um caçador que, durante suas expedições, descobre um lugar favorável à instalação de uma nova roça ou de um vilarejo. Torna-se assim o primeiro ocupante do lugar e senhor da terra (oníle), com autoridade sobre os habitantes que aí venham a se instalar posteriormente.
– O quarto é de ordem administrativa e policial, pois antigamente os caçadores (ode) eram únicos a possuir armas no vilarejo, servindo também de guardas-noturnos (oso).
— No Candomblé
Oxóssi é o Orixá da fartura, o sustento, está nas refeições, pois é quem provê o alimento. É a ligeireza, a astúcia, a sabedoria, o jeito ardiloso para faturar sua caça. É um Orixá de contemplação, amante das artes e das coisas belas.  É o caçador de axé, aquele que busca as coisas boas para um Ilê, aquele que caça as boas influências e as energias positivas.
— Na Umbanda – Rubens Saraceni
É o caçador por excelência, mas sua busca visa o conhecimento. Logo, é o cientista e o doutrinador, que traz o alimento da fé e o saber aos espíritos fragilizados tanto nos aspectos da fé quanto do saber religioso.
— Na Umbanda – Francisco Rivas Neto
A vibração de Oxóssi reflete o Princípio Envolvente em Ação e suas reflexivas – as Reações.  É o Catequizador das Almas, A Doutrina em Ação, que pretende envolver a todos para o entendimento da Lei Divina. É o caçador de Almas desgarradas, e como caçador, procura arrebanhar almas desgarradas para futuramente formar um só rebanho.
Isto posto, podemos “caçar” alguma coisa na Árvore da Vida.
Kaballah-OxossiTítulo: Chesed, Misericórdia.
Na Árvore da Vida, Oxóssi está relacionado à 4ª esfera: Chesed.
Imagem mágica: Um poderoso rei coroado, sentado em seu trono.
Texto Yetzirático: O Quarto Caminho chama-se Inteligência Coesiva ou Receptiva, porque contém todos os Poderes Sagrados, dele emanando as virtudes espirituais com as suas essências mais requintadas.
Títulos Conferidos a Chesed: Gedulah. Amor. Majestade.
Virtude: Obediência.
Vícios: Fanatismo. Hiprocrisia. Gula. Tirania.
Então já podemos começar a pensar e alinhar os conceitos.
Quanto a posição na Árvore
Kaballah_Ogum_OxossiOxóssi aparece em muitas lendas africanas como irmão de Ogum.  Na Árvore da Vida são associados a esferas vizinhas, Oxóssi/Chesed e Ogum/Gebura.  Esse “parentesco” com Ogum significa o equilíbrio que um promove ao outro.  As imagens mágicas que simbolizam essas esferas são ambas de reis; a de Chesed/Oxóssi é um rei em seu trono, e a de Geburah/Ogum, um rei em seu carro; em outras palavras, os governantes do reino na paz a na guerra; um como legislador, outro como guerreiro.  O título de Chesed/Oxóssi é Misericórdia e o de Geburah/Ogum é Severidade; um equilibra o outro.  Isto pode ser observado na seguinte lenda, em que nos é mostrado Oxóssi despertar a Misericórdia (sentimento de compaixão, despertado pela desgraça ou pela miséria alheia) em Ogum:
“Oxóssi é irmão de Ogum. Ogum tem pelo irmão um afeto especial. Num dia em que voltava da batalha, Ogum encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras. Ogum vinha cansado de outra guerra, mas ficou irado e sedento de vingança. Procurou dentro de si mais forças para continuar lutando e partiu na direção dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.
Quando por fim venceu os invasores, sentou-se com o irmão e o tranqüilizou com sua proteção. Sempre que houvesse necessidade ele iria até seu encontro para auxiliá-lo. Ogum então ensinou Oxóssi a caçar, a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas. Oxóssi aprendeu com o irmão a nobre arte da caça, sem a qual a vida é muito mais difícil. Ogum ensinou Oxóssi a defender-se por si próprio e ensinou Oxóssi a cuidar da sua gente. Agora Ogum podia voltar tranqüilo para a guerra.”
Equilíbrio
Esta lenda mostra claramente a Severidade agindo pela Misericórdia, mostrando que, ainda que sutilmente, ambas se equilibram.  Severidade sem Misericórdia se transforma em crueldade.  Da mesma forma, Misericórdia sem Severidade pode sufocar.
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A Inteligência Coesiva ou Receptiva
Lembremos o que nos disse Pierre Verger: “O terceiro fator é de ordem social, pois normalmente é um caçador que, durante suas expedições, descobre um lugar favorável à instalação de uma nova roça ou de um vilarejo. Torna-se assim o primeiro ocupante do lugar e senhor da terra (oníle), com autoridade sobre os habitantes que aí venham a se instalar posteriormente.” 
Curiosamente, encontramos o seguinte texto de Dion Fortune sobre Chesed: “Chesed representa a formulação da idéia arquetípica, a concretização do abstrato. Quando o princípio abstrato que forma a raiz de alguma nova atividade é formulado em nossas mentes, estamos operando na esfera de Chesed. Um exemplo esclarecerá esse ponto. Suponhamos que um explorador contemple, do alto de uma montanha, uma região recentemente descoberta e comprove que as planícies que se estendem para além da costa são férteis e que são cortadas por um rio que abre caminho até o mar através de um vale na cadeia de montanhas. Ele pensa na riqueza agrícola das planícies, nas facilidades de transporte que o rio oferece a imagina um porto no estuário, pois sabe que o escoadouro do rio forma, com toda certeza, um canal que permitiria a passagem dos navios. 

Em seu olho mental, ele vê os ancoradouros, os armazéns, as lojas a as habitações. Pergunta a si mesmo se as montanhas contêm minérios e imagina uma estrada de ferro ao longo do rio a com ramificações pelos vales. Vê a chegada dos colonizadores e deduz que eles terão necessidade de uma igreja, um hospital, um cárcere, o ubíquo botequim. Sua imaginação traça a rua principal da cidade, e resolve adquirir os terrenos das esquinas para que possa prosperar, ele mesmo, com a prosperidade geral da nossa cidade. Ele vê tudo isso enquanto a floresta virgem cobre a costa e fecha as passagens da montanha. Mas, como sabe que as planícies são férteis e que o rio cruza as montanhas, ele contempla em termos de primeiros princípios os desenvolvimentos que se farão necessários.
Enquanto sua mente assim opera, ele está funcionando na Esfera de Chesed, saiba-o ele ou não; e todos aqueles que podem também funcionar nos termos de Chesed, adiantando-se ao futuro, como o faz o explorador de nosso exemplo, vendo as coisas que devem surgir de causas dadas, muito antes de a primeira linha ser traçada no projeto ou o primeiro ladrilho ter sido assentado, têm o poder de possuir a valiosa terra onde os ancoradouros deverão ser construídos e por onde deverá correr a rua principal.”
Todo trabalho criativo do mundo segue esse curso, graças às mentes que operam nos termos de Chesed, o rei sentado em seu trono, sustendo o cetro e o orbe, governando e guiando seu povo.  É desta forma que a Fonte Inesgotável do Criador começa a fluir em nossas mentes.  Por isso é intitulado “O Princípio Envolvente em Ação” – Rivas Neto e “O Orixá do Conhecimento” – Rubens Saraceni.  Esta é uma outra visão que podemos ter do alimento, ou da forma como Oxóssi alimenta a família.
O que significam as matas?  Talvez um lugar ainda virgem da Criação Divina? Talvez caçar seja receber as idéias arquetípicas da Emanação Divina e concretizar idéias abstratas análogas?  Seria esse o significado oculto do caçador?  Lembremos que embora seja Oxóssi quem alimenta a família, ele não planta nem cria animais, apenas colhe e caça nas matas.  É exatamente essa a idéia de Inteligência Coesiva ou Receptiva.  Podemos então entender desta forma a Emanação Divina através do Orixá Oxóssi.
Um pouco aquém do Orixá – Assim na Terra como no Céu

Caboclo Roxo da pele morena
Ele é Oxóssi, caçador lá na Jurema

Como é sabido, a Umbanda nasceu em meio a um cenário religioso formado pelo Catolicismo, Kardecismo, Candomblé e diversos cultos Indígenas, entre eles o culto a Jurema Sagrada ou Catimbó.  Neste ponto, nos interessa especialmente o Catimbó, que muito se parece e influenciou a Umbanda.
Catimbó ou Culto à Jurema Sagradaanterior a Umbanda, é resultado da fusão da pratica original indígena (Palelança) com o Catolicismo (desde a época do descobrimento) com influências do Kardecismo, Cultos Africanos e outros conhecimentos Europeus.
O culto tem por base um sistema mitológico no qual a jurema é considerada árvore sagrada* e, em torno dela, dispõe-se o “Reino dos Encantados” ou “Juremá”, formado por cidades, que por sua vez são habitadas pelosEncantados, Mestres e Caboclos.
*(O culto à árvore da Jurema remonta a tempos imemoriais, anteriores, inclusive à colonização portuguesa na América.)
O Mestre é a entidade espiritual central da Jurema nordestina. Os Mestres são falecidos juremeiros que detinham os conhecimentos de sua prática. Segundo Mário de Andrade, no século XVII, em Portugal, os feiticeiros curadores eram chamados de Mestres. Nas cerimônias da Jurema, também se denomina mestre o dirigente de uma sessão. Os Mestres vivos incorporam os Mestres mortos que habitam as cidades sagradas da Jurema, ligando esses dois mundos por meio do transe. Os Mestres seriam espíritos curadores que, em vida, conheceram os segredos das plantas curativas e que são convocados para trabalharem em uma sessão, a fim de aliviar os sofrimentos humanos.
Pois bem, vejamos a semelhança com o que diz Dion Fortune
Um papel muito importante e muito mal-compreendido nos Mistérios é o desempenho pelos seres chamados geralmente de Mestres. Escolas diferentes definem o termo de maneira diferente e alguns incluem os adeptos vivos de alto grau entre os Mestres (enquanto outros, apenas os desencarnados). Uma parte muito importante do trabalho dos Mestres é a concretização das idéias abstratas concebidas pela Consciência Logoidal.

O Logos**, cuja meditação dá nascimento aos mundos e cuja consciência reveladora é evolução, concebe as idéias arquetípicas extraídas da substância do Imanifesto – para utilizar uma metáfora, já que a definição é impossível. Essas idéias permanecem na consciência cósmica do Logos assim como na flor, porque não há solo para a sua germinação. 
A Consciência Logoidal, enquanto ser puro, não pode, de seu próprio plano, fornecer o aspecto formativo necessário para a sua manifestação. Ensinam as tradições esotéricas que os Mestres, consciências desencarnadas disciplinadas pela forma, mas atualmente informes, em sua meditação sobre a divindade, são capazes de perceber telepaticamente essas idéias arquetípicas na mente de Deus e, compreendendo a aplicação prática destas aos planos da forma e a linha que esse desenvolvimento seguirá, produzir imagens concretas em sua própria consciência, que serve para trazer as idéias arquetípicas abstratas ao primeiro dos planos da forma, chamado pelos cabalistas de Briah. Essa é, pois, a tarefa que os Mestres realizam em sua Esfera especial, a Esfera de Chesed, organizadora, construtiva a edificadora, no Pilar da Misericórdia. O ponto de contato entre os Mestres e os seus discípulos humanos está em Hod, a Sephirah da Magia Cerimonial (Exú, mas isso é assunto para outro dia), conforme indica o Texto Yetzirático.”
Então…estávamos falando do caçador, que vai às matas para alimentar a família…
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**Logos (em grego λόγος, palavra), no grego, significava inicialmente a palavra escrita ou falada—o Verbo. Mas a partir de filósofos gregos como Heráclito passou a ter um significado mais amplo. Logos passa a ser um conceito filosófico traduzido como razão, tanto como a capacidade de racionalização individual ou como um princípio cósmico da Ordem e da Beleza.
Na teologia cristã o conceito filosófico do Logos viria a ser adaptado no Evangelho de João, o evangelista se refere a Jesus Cristo como o Logos, isto é, a Palavra: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra é Deus” João 1:1 
(Há traduções do Evangelho em que Logos é o “Verbo”). O Logos também pode ser visto como o “Motivo” de todas as coisas, sendo a causa que explica o anseio existencial humano tão discutido pela filosofia.**
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Fontes
“Cabala Mística” – Dion Fortune

DESPERTANDO O CONHECIMENTO - ÁRVORE DA VIDA – um resumo pra entender Daath

ÁRVORE DA VIDA 

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A Cabala eh um dos sistemas de estudo e pratica de magia-mística que mais nos oferece recursos de desenvolvimento espiritual, tanto que a maioria das escolas  ou Ordens Iniciaticas desenvolveram sua pratica baseadas na Cabala.
No sistema ocidental de iniciação, a Cabala tem sido usada com sucesso por muitos séculos, ela contem o mais seguro e conveniente corpo de correspondências jamais concentrado em um só  diagrama: A Arvore da Vida.  A Arvore da Vida eh o diagrama das energias de formação da própria vida.

Os Quatro Mundos

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As Sephiroth se manifestam em quatro diferentes planos, interconectando as dez Sephiroth em camadas cada vez mais densas.

Atziluth o Mundo Arquetípico – Kether
Briah o Mundo Criativo – Chochmah e Binah
Yetzirah o Mundo Formativo – Chesed (Hesed) à YesodArvore
Assiah o Mundo Material – Malkuth
Assim temos: Atziluth: Kether a coroa ocupando sozinha um plano inteiro, eh o mundo arquetipico, o domínio do Logos.
Briah: A segunda e a terceira Sephiroth, o Pai e a Mae supremos constituem o mundo criativo, recebendo e executando a divina imaginação.
Yetzirah: O terceiro plano ou mundo formativo, o plano astral eh compreendido pelas seis Sephroth seguintes, em cujo  mundo tudo eh preparado para a manifestação visível.
Assiah: Malkuth, o reino, eh o mundo físico.

Os Pilares

A Árvore também pode ser dividida em três pilares:
  • Pilar da Severidade – esquerdo (Binah, Geburah e Hod)
  • Pilar do Equilíbrio – centro (Kether, Tiphereth, Yesod e Malkuth)
  • Pilar da Misericórdia – direito (Chokmah, Chesed e Netzach)
No topo do Pilar da Severidade, o pilar feminino e negativo, esta  Binah a Grande Mae. Esta esfera eh atribuída a Saturno, e Saturno eh o doador da vida. No topo do Pilar da Misericórdia estah Chokmah, o Pai Supremo, potência masculina; e temos aqui nesses dois pilares a oposição entre a forma e a forca. Verificamos que essa oposição entre os sephiroth continua entre  Geburah e Chesed e entre Hod e Netzach. No topo do Pilar do Equilibrio  ou Meio se encontra Kether, a coroa.
Kether eh a coroa que estah acima do sistema de emanação, eh o ápice da Arvore da Vida que tem suas raízes nos ceus, descendo em desenvolvimento a terra, Kether constitui o substrato da consciência humana e a raiz ultima da substancia. Esse ponto central, sensível e espiritual, este centro ou monada metafísica de consciência,  existe como a real individualidade e a divisão ultima da materia. Da monada brota a dualidade, dois princípios distintos de atividade permanente atraves de um período inteiro de manifestação, co-existente e co-eterno. Trata-se da consciência e da base substantiva metafísica sobre a qual a consciência sempre atua, substancia da raiz cósmica. Um eh chamado Chokmah – sabedoria,  e ao outro atribui-se o título de Binah – compreensão. Nota-se que a manifestação não pode ocorrer antes da diferenciação dos pares de opostos.
A Chokmah eh dado o título de Pai, e a Binah o de Mae. Todas as sephiroth, como são chamadas essas emanacoes, abaixo daquela que eh chamada Coroa, recebem atribuicoes masculinas e femininas, e a atividade entre sephiroth masculinas e femininas em “reconciliação” eh um “filho” por assim dizer, uma sephirah “neutra” atuando em equilíbrio. Assim a Arvore da Vida, compreendendo essas dez emanacoes, se desenvolve a partir da mais elevada abstracao ateh o mais concreto material em varias triades de potências e forcas espirituais. Masculino, feminino e criança; positivo, negativo e sua resultante mescla num terceiro fator reconciliador.
Segundo Dion Fortune, somos originados por Kether, a Energia ou Espírito Único, nos formamos pelo Pai e pela Mãe Celestiais ( Chockmach e Binah ) e saímos para a vida física através de Daath.
Daath paira sobre o abismo, na fronteira entre os mundos da criação e da formação. Acima de Daath estah a Triade Suprema e Divina o plano arquetipico, o mundo sem forma, abaixo de Daath estah o microcosmo, os sete sephiroth que constituem o homem.
Mas antes de entar nos detalhes de Daath, eh necessário conhecermos mais sobre Binah a Grande Mae.
Binah estah cercada de muitos símbolos e representacoes que serao como uma chave para entender Daath. Binah representa a potência feminina do universo, e Chockmah a potência masculina do universo. Chokmah eh atividade, forca dinâmica e Binah estah eternamente ocupada em encerrar a forca na forma, isto eh, Binah eh a estabilidade da forca.
A Binah atribui-se o deus  Saturno, Pai do tempo. Saturno eh o doador da vida, mas com sua foice também estah associado a morte. Binah a Grande Mae, chamada as vezes de Marah o Grande Mar, eh, naturalmente a Mae de toda a vida. Ela eh o utero arquetipico por meio do qual a vida vem a manifestação. Como Grande Mar,  tem como simbolo a propria Lua com sua faculdade reprodutora e geradora da natureza. Eh Isis dos egípcios. Todas as Deusas Lunares tinham um aspecto dual: divino e infernal. Todas eram as Virgens-Maes de um filho nascido de modo imaculado, o Sol. Nas escrituras hindus equivale  a Maya, que quer dizer ao mesmo tempo “ilusão” e o poder criador de “Brahman”, ou seja a Deusa Kundalini, que se encontra aprisionada no corpo na forma de uma serpente enrodilhada. Eh o Espírito Santo, a Anima Mundi.
Para os antigos pagãos, Semele a esposa de Júpiter e Mae de Baco, o Sol, eh também conduzida ao Ceu depois de sua morte (ascensão), e ali se acha presidindo, sob o nome de “Rainha do Mundo” ou do universo, e ao seu nome, assim como aos de Hathor, Hecate e outras deusas infernais, “todos os demônios tremem”.
Dai o culto simbólico do Sol e da Lua, culto idêntico ao dos gnósticos.
Binah eh o doador da forma primordial, sendo Malkuth a esfera da forma. O que se iniciou em Binah encontra sua culminação em Malkuth.
Malkuth representa em forma concreta todas as qualidades dos planos precedentes. A própria palavra significa reino, o reino do mundo físico e o cenário das encarnacoes, eh a morada do Espírito Santo. Malkuth eh chamada de Filha, sendo o reflexo mundano de Binah que eh a Mae. Essa decima sephira eh chamada de Noiva, de Filha e de Virgem do Mundo.
E eh em Malkuth que começa o trabalho interior do despertar da Centelha Divina em sentido contrario, ascendendo as sephiroth ateh chegar em Daath novamente, e eh isso que veremos no próximo post.