A máquina humana e as múltiplas inteligências
Saber utilizar e aperfeiçoar nossas
capacidades biológicas e psicológicas é indispensável para encontrar a
felicidade. Infelizmente, quando nascemos não nos deram um “manual de
instruções” e em sua maioria, as escolas não enfatizam esse
desenvolvimento harmônico como prioritário em seus currículos. A
pedagogia tradicional deposita uma ênfase excessiva na acumulação de
conteúdos por meio da memória e ainda hoje é comum ver quem considere
isso como inteligência.
Gurdjieff formulou o conceito da máquina humana, ou seja, o ser
humano possui suas atividades biológicas e psíquicas distribuídas em
centros energéticos que funcionam de forma interdependente, apesar de
cada um deles possuir energia ou capital vital específico.
Posteriormente, Samael Aun Weor ampliou esses estudos. Os centros estão
distribuídos e associados a determinados plexos e guardam uma íntima
conexão com os chacras do corpo astral. São eles:
- Centro intelectual – localizado na pineal – trabalha com a energia intelectual
- Centro emocional – localizado na região do plexo solar (entre estômago e umbigo) – trabalha com a energia emocional
- Centro motor – localizado no topo da coluna – trabalha com a energia motora
- Centro instintivo – localizado na base da coluna – trabalha com a energia instintiva
- Centro sexual – localizado nas gônadas (ovários ou testículos) – trabalha com a energia sexual
Existem ainda dois centros superiores, que não nos são dados pela
natureza, como os outros, portanto, existem de forma latente, precisando
ser desenvolvidos. São eles:
- Centro emocional superior – localizado na região do coração
- Centro mental superior – localizado na glândula pituitária
A função dos centros da máquina humana é processar os diferentes
tipos de energias que são o refinamento dos alimentos (seja a comida, os
líquidos, o ar, as energias – como a solar e também energias sutis – e
as impressões). Cada centro possui funções e mecanismos de atuação
específicos e é responsável pelo desenvolvimento de diferentes tipos de
inteligências ou capacidades.
Devemos entender que “inteligência” significa potencial cognitivo,
conscientivo e isso não está relacionado somente às funções do
intelecto. Existe tanta inteligência na capacidade de traçar a
trajetória de um míssel, calculando força, ângulo, etc., quanto na
pessoa que consegue chutar uma bola no ângulo de uma trave. A diferença
entre eles é que usam inteligências diferentes, de centros diferentes.
O cérebro, dentro desta análise, não é o órgão mais importante para
as funções cognitivas. Ele não gera as energias psíquicas que dão origem
aos processos como pensamentos, emoções, etc., mas tão somente as
canaliza, como um receptor que por sua vez transmite esses comandos
psicológicos ao restante do corpo, através do sistema nervoso.
Interessante que essa definição está em total sintonia com os princípios
da medicina tradicional chinesa.
Cada centro possui um capital vital, ou seja, é como uma bateria que
tem um tempo de vida.
Os desequilíbrios e um estilo de vida inadequado
podem exaurir esse capital vital antes do tempo, ocasionando doenças ou
até mesmo a morte. Por outro lado, se aprendemos a utilizar cada um dos
centros adequadamente, as suas energias não são simplesmente gastas, mas
potencializadas, resultando no aumento da capacidade de cada centro,
fazendo com que se ampliem nossos diferentes tipos de inteligência.
Os cinco primeiros centros citados (intelectual, emocional, motor,
instintivo e sexual) são também chamados de centros inferiores porque
podem servir para a expressão da consciência ou do ego. Já os centros
superiores servem de comunicação direta entre o Ser e a consciência.
Os centros inferiores agrupam-se de acordo com suas funções nos
chamados três cérebros, que estão relacionados com as três camadas de
nosso cérebro:
- Centros motor, instintivo e sexual – cérebro reptiliano
- Centro emocional – sistema límbico
- Centro intelectual – neo-córtex superior
Essa notação é importante para o detalhamento que vamos fazer posteriormente sobre cada um dos centros.
É importante ainda fazer uma relação com os quatro caminhos, que
tratamos em artigos anteriores. A educação espiritual deve passar pela
educação das funções da máquina humana:
- o caminho do faquir relaciona-se à educação dos centros motor, instintivo e sexual;
- o caminho do monge relaciona-se à educação do centro emocional e à transformação de valores internos;
- o caminho do yogue relaciona-se à educação do centro intelectual e ao desenvolvimento da concentração;
- o caminho do homem equilibrado relaciona-se ao desenvolvimento dos centros superiores.