Queda de cabelo, problemas de pele, cansaço, unhas fracas… Se você está sofrendo com um ou mais desses problemas aqui citados, você deve estar imaginando que a sua imunidade está muito baixa. Na verdade, não é tão simples assim, como pensamos. Esses tipos de sinais, podem acabar sendo muito vagos, pois podem significar uma infinidade de doenças, complicações e até mesmo fatores genéticos, os quais tem a ver bem pouco com uma imunodeficiência.
Segundo Elisabete Blanc, médica imunologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ, diz que “a imunidade baixa pode ser de causa primária, ou seja, quando a pessoa já nasce predisposta pela genética. Por outro lado, pessoas que são saudáveis, em um certo momento da vida, podem se expor a situações que levem à dificuldade do organismo em manter um equilíbrio imunológico”. Exemplos de situações assim, vão desde os maus hábitos adquiridos por um indivíduos, a tipos específicos de tratamentos como, exposição à radiação, uso de medicamentos que suprimem a imunidade, quimioterapia, uso de drogas, má alimentação, excesso de exercícios físico, consumo de álcool, doenças que levam a uma grande perda de proteínas, estresse prolongado – como explica Elisabete, “substâncias que são a matéria prima dos anticorpos” – deficiências de vitaminas, doenças crônicas, falta de repouso adequado, entre outros fatores.
Segundo Fernando Manna, clínico geral do Laboratório NASA, não há um exame único que seja capaz de detectar se o indivíduo está ou não com a imunidade prejudicada. Ele diz que, “o ideal é procurar um médico ao perceber sintomas recorrentes ou persistentes. O exame clínico realizado pelo medico assistente, aliado à queixa e evolução de sintomas são orientadores na solicitação de exames. Sendo assim, é mais fácil, perceber que o sistema imunológico está pedindo ajuda quando existem repetições de várias complicações no organismo, que demoram a ir embora. A diminuição da resistência orgânica cria condições para o desenvolvimento frequente de doenças. Caso a pessoa apresente um mesmo problema, ou mais de um, várias vezs, deve procurar um profissional da área”.
A detecção de imunidade baixa, não é tão simples assim, mesmo que haja uma repetição de uma determinada complicação, não quer dizer que seja uma queda de imunidade. Por exemplo, uma pessoa pode ter as unhas fracas por um longo período, porém isso pode ser consequência da falta de alguns nutrientes na alimentação ou de uma má higiene. Sendo assim, é importante e vale a pena, que você fique atento em relação aos sintomas decorrentes das doenças mais comuns, quando estão frágeis as defesas do organismo. Veja alguns exemplos ressaltados pela imunologista Elisabete Blanc e o clínico geral Fernando Manna.
A imunologista Elisabete, que o paciente deve ser investigado, quando apresentar um ou mais dos “sintomas” que vamos listar abaixo:
De preferência para os complexos vitamínicos os quais são essenciais ao bom funcionamento do organismo, ingerir certos alimentos pode potencializar e estimular nosso sistema imunológico, aumentando a produção das células que são responsáveis em nos proteger de vírus e bactérias, o que acaba elevando a nossa resistência às infecções.
ANEMIA – SINTOMAS E CAUSAS
A anemia, que a diminuição do número de glóbulos vermelhos no sangue, é um dos distúrbios mais frequentes na medicina. Apesar de ser uma condição comum, ela é muitas vezes mal diagnosticada, mal tratada e quase sempre mal explicada aos pacientes.
A anemia não é uma doença, é um sinal de doença. Se o paciente é diagnosticado com anemia, o próximo passo é investigar a causa, pois com certeza há alguma doença por trás provocando a queda no número glóbulos vermelhos no sangue. Não basta o médico prescrever ferro e achar que está tudo resolvido.
Neste artigo vamos explicar o que é a anemia, como ela surge, quais são as causas mais comuns e quais são os seus sintomas. Vamos explicar também o que são o hematócrito e a hemoglobina, e qual é a relação entre anemia e leucemia.
O QUE É ANEMIA?
Popularmente a anemia é conhecida como falta de sangue. Na verdade, este conceito não está de todo errado, mas podemos ser um pouco mais precisos. Anemia é a redução do número de glóbulos vermelhos (também chamados de hemácias ou eritrócitos) no sangue. As hemácias são as células que transportam o oxigênio, levando-o para todos os órgãos e tecidos do corpo.
Para ficar mais fácil de entender, vamos explicar do que é feito o sangue:
O sangue pode ser dividido didaticamente em duas partes: plasma e células.
O plasma sanguíneo é a parte líquida, correspondendo a 55% do volume total de sangue. O plasma é basicamente água (92%), com alguns nutrientes diluídos, como proteínas, anticorpos, enzimas, glicose, sais minerais, hormônios, etc.
Os outros 45% do sangue são compostos por células: hemácias, leucócitos e plaquetas. Destas células, 99% são hemácias.
A anemia surge quando o percentual de hemácias no sangue fica reduzido, deixando-o mais diluído (as causas serão explicados mais à frente).
O diagnóstico da anemia é feito basicamente pela dosagem das hemácias no sangue, realizada através de em um exame de sangue chamado hemograma (leia:
ENTENDA OS RESULTADOS DO SEU HEMOGRAMA). Na prática, a dosagem das hemácias é feita através dos valores do hematócrito e da hemoglobina.
Para entender como se diagnostica uma anemia é preciso estar familiarizado com os termos hematócrito e hemoglobina. Vamos a eles, então.
O QUE SÃO O HEMATÓCRITO E A HEMOGLOBINA?
a) Hematócrito
O hematócrito é o percentual do sangue que é ocupado pelas hemácias (glóbulos vermelhos). O hematócrito normal fica ao redor de 40 a 45%, indicando que 40 a 45% do sangue são compostos por hemácias.
As hemácias são produzidas na medula óssea e têm uma vida de apenas 120 dias. As hemácias velhas são destruídas pelo baço (órgão situado à esquerda na nossa cavidade abdominal). Isso significa que após quatro meses nossas hemácias já foram todas renovadas. A produção e a destruição das hemácias são constantes, de modo a se manter sempre um número estável de hemácias circulantes no sangue.
b) Hemoglobina
A hemoglobina é uma molécula portadora de ferro que fica dentro da hemácia. A hemoglobina é o componente mais importante da hemácia por ser ela a responsável pelo transporte de oxigênio pelo sangue.
O ferro é um elemento essencial da hemoglobina. Pessoas com carência de ferro não conseguem produzir hemoglobinas, que por sua vez são necessárias para a produção das hemácias. Portanto, uma diminuição das hemoglobinas obrigatoriamente leva a uma diminuição das hemácias, ou seja, à anemia.
Na prática, a dosagem de hemoglobina acaba sendo a mais precisa na avaliação de uma anemia, uma vez que o hematócrito pode ser influenciado por uma sangue mais ou menos diluído.
DIAGNÓSTICO DA ANEMIA
O diagnóstico de anemia é feito quando os valores da hemoglobina e do hematócrito estão abaixo do valor de referência:
– Hematócrito normal = 41% a 54% nos homens ou 35% a 47% nas mulheres
– Hemoglobina normal = 13 a 17 g/dL nos homens ou 12 a 16 g/dL nas mulheres
Portanto, estamos diante de uma anemia quando os valores se encontram abaixo dos fornecido acima. É importante salientar que os valores de referência podem variar de um laboratório para o outro, e resultados um pouco abaixo do normal devem ser interpretados pelo seu médico, uma vez que não necessariamente indicam doença. Mulheres com grande fluxo menstrual podem ter valores menores que estes, sem causar qualquer dano à saúde. Uma leve queda no hematócrito nas mulheres pode não ter relevância clínica.
Bom, explicado o básico, vamos ao que interessa.
CAUSAS DE ANEMIA
A anemia tem três causas básicas:
– Pouca produção de hemácias pela medula óssea.
– Elevada destruição de hemácias pelo corpo.
– Perda de hemácias e ferro através de sangramentos.
O CONCEITO MAIS IMPORTANTE QUE DEVE SER APRENDIDO É QUE ANEMIA NÃO É UMA DOENÇA, MAS SIM UM SINAL DE DOENÇA. Ao se deparar com um hemograma evidenciando uma queda do hematócrito, o médico deve investigar qual das três causas acima é a responsável pelo quadro. Não basta prescrever ferro e achar que está tudo bem.
Exemplos de causas de anemia que não se resolvem apenas com reposição de ferro:
1- Um câncer de intestino pode causar sangramentos e perda de hemácias, levando à anemia. Esta anemia é causada por perda de sangue e, apesar do paciente realmente ter carência de ferro, uma simples reposição não irá estancar o sangramento, nem tratar o tumor. Na verdade, repor ferro sem investigar a causa da anemia pode melhorar os valores do hematócrito temporariamente, levando à falsa impressão de resolução do problema, o que só irá atrasar o diagnóstico final.
2- Uma infecção que atinge a medula óssea impede a produção de hemácias, levando à anemia. Neste caso, a queda do heamtócrito ocorre por falta de produção de hemácias na medula. Do mesmo modo, repor ferro não irá tratar a causa.
3- Um medicamento que seja tóxico para as hemácias e cause sua destruição antes de 120 dias, também leva à anemia. Anemia por rápida destruição das hemácias também não vai ser tratada com ferro.
Portanto, o simples diagnóstico de anemia não encerra a investigação. Pelo contrário, ele é apenas o primeiro passo para se obter o diagnóstico final. Se o paciente tem uma queda no hematócrito, existe uma causa por trás.
A reposição de ferro só está indicada nos casos de anemia por carência ferro, chamada de anemia ferropriva. Ainda assim, a reposição não elimina a necessidade de se investigar o que está causando a perda de ferro. O paciente pode perder sangue por úlceras no estômago, tumores no intestino, sangramento vaginal, etc. Para saber mais sobre anemia por carência de ferro, leia:
ANEMIA FERROPRIVA | Carência de ferro.
Abaixo, uma demonstração do número de doenças que podem causar anemia e ficarão sem diagnóstico se não forem investigadas:
Na verdade, qualquer doença que curse com inflamação crônica pode inibir a função da medula óssea e cursar com queda das hemácias, uma situação que chamamos de anemia de doença crônica. Portanto, qualquer doença mais arrastada pode causar anemia.
ANEMIAS PRIMÁRIAS
Na maioria dos casos, a anemia surge devido a alguma doença, como nos exemplos citados acima. Todavia, existem também as anemias primárias, ou seja, causadas por defeitos próprios na produção das hemácias. As anemias primárias são aquelas que não são causadas por outras doenças, elas são a própria doença.
Estas anemias são normalmente doenças de origem genética. As mais comuns são:
Apenas para reforçar os conceitos: na anemia primária, o paciente tem um defeito genético que o impede de produzir hemácias saudáveis. O paciente nasce com esse problema. Nas anemias secundárias, o paciente passa a apresentar anemia depois de contrair algum problema de saúde ao longo da sua vida.
Anemia vira leucemia?
NÃO! nenhuma anemia causa leucemia, assim como nenhuma anemia vira leucemia. Na verdade, anemia não só não vira leucemia como nenhum outro tipo de câncer. Entretanto, como já foi explicado, a queda dos valores do hematócrito pode ser um sinal da existência de um câncer, entre eles a própria leucemia. Portanto, a leucemia leva à anemia e não o contrário.
SINTOMAS DA ANEMIA
Como as hemácias são as transportadoras de oxigênio do nosso corpo, a falta delas leva aos sintomas de uma oxigenação deficiente dos nossos tecidos. O principal sintoma da anemia é o cansaço. A anemia pode ser tão grave que tarefas simples como pentear o cabelo ou mudar de roupa tornam-se extenuantes.
Quanto mais rápido se instala a anemia, mais cansaço e fraqueza o paciente sente. Anemias que se instalam lentamente dão tempo ao paciente se adaptar e podem só causar sintomas em fases bem avançadas. Apenas como exemplo, se o paciente perde sangue rapidamente e sua hemoglobina cai de 13 para 9,0 g/dL em dois ou três dias, o paciente sentirá um cansaço grande. Se por outro lado houver um sangramento pequeno mas constante, fazendo com que a hemoglobina caia de 13 para 8,0 g/dL em três ou quatro meses, o paciente pode não notar muito cansaço a não ser que tente fazer esforços mais intensos.
Outro sinal de anemia é a palidez cutânea, muitas vezes identificadas até por leigos. Em pacientes de pele negra, a palidez cutânea é difícil de ser identificada.
Um jeito simples de identificar a anemia é olhar a conjuntiva, a membrana que recobre o olho e a região de dentro da pálpebra. Em pessoas normais ela é bem vermelhinha. Já em anêmicos ela é quase da cor da pele.
Além do cansaço e da palidez cutânea, outros sintomas da anemia incluem palpitações, falta de ar, dor no peito, sonolência, tonturas e hipotensão. Nos idosos pode haver algum grau de perda da atenção e dificuldades no raciocínio.
Conclusão
Como se pôde notar, a anemia é uma situação complexa que pode indicar dezenas de doenças diferentes.
O importante é procurar ajuda médica sempre que houver suspeita de anemia.
Não se satisfaça apenas com o diagnóstico de anemia e a prescrição de ferro para tratamento. Pergunte ao seu médico qual é a causa da queda do seu hematócrito e o que está sendo feito para diagnosticá-lo e tratá-lo.
AUTOR: DR. PEDRO PINHEIRO