Como antigos ensinamentos taoistas podem ajudar a manifestar perfeição e equilíbrio?
“No centro do seu Ser você tem a resposta,
você sabe quem é e sabe o que o que quer!”Lao Tzu
você sabe quem é e sabe o que o que quer!”Lao Tzu
Você conhece Lao Tzu?
Poucos conhecem o filósofo chinês Lao Tzu, também conhecido como Lao Tse ou Laozi, cujo significado literal é “velho mestre”.
Lao Tzu
Seus ensinamentos são seguidos na tradição taoísta, através do no único livro que Lao Tzu escreveu, cujo nome é “Tao te Ching”, comumente traduzido como “Livro do Caminho e da Virtude”.
O livro “Tao te Ching” baseia-se no Tao (Caminho), que é o Criador e sustentador de todas as coisas no Universo.
Todos os ensinamentos deste livro de Lao Tzu são instruções e orientações ao discípulo que opta por unir-se com o Tao.
Incrivelmente, os ensinamentos deixados por Lao Tzu há mais de dois mil e seiscentos anos são ainda uma conquista a ser feita por toda a Humanidade e podem ser usados como uma direção a todos os que desejam descobrir maneiras de manifestar o equilíbrio e a harmonia em sua vida pessoal.
O Universo é um organismo vivo, segundo o “Tao Te Ching”
No “Tao Te Ching“, aprendemos:
Tudo nasce do vazio indiferenciado, imensurável, insondável, que nunca pode ser exaurido.
O Tao se move em torno de si mesmo, sem parar.
Deste “Tao sem nome” (que não existe), nasce o que existe (e tem nome): o Caminho (Tao).
É com o aparecimento dos nomes, todas as coisas e o Um se transforma em muitos.
O universo é como um organismo vivo resultante da expansão vitalizada do Tao (a ordem natural, a providência).
O que é o Tao?
O Tao não tem personalidade.
O que vitaliza o Universo são dois princípios ou substâncias que, combinados, são o Tao: o yang (luz, calor, criativo, masculino), que existe especialmente concentrado no Céu – e o yin (sombra, frio, receptivo, feminino), que existe especialmente concentrado na Terra.
O Tao manifesta-se continuamente no fluxo e refluxo constante das forças yin-yang, sempre em harmonia e equilíbrio entre si, atuando em todas as coisas que existem e que foram criadas pela sua atividade.
Em outras palavras, Tao é a manifestação do equilíbrio entre Céu e Terra, entre Luz e sombra, entre masculino e feminino e etc.
Princípio da não-ação: conquiste da Perfeita Ordem Divina
A Virtude (Te) é a manifestação do Tao, através do chamado “agir não agindo”.
A não-ação proposta no Tao Te Ching nada mais é que “o seguir o fluxo” das forças combinadas do Universo, trazendo o movimento do Tao para sua própria vida sem interferir na harmonia e no Perfeito Equilíbrio do Tao.
Lao Tzu nos diz que o Equilíbrio, a Perfeição e a Harmonia são naturais e os mesmos devem se manifestar na vida de todos os Seres Humanos. Porém, para que isso aconteça, há que colocar-se em harmonia com os princípios do Tao e, através da não-ação, permitir que as forças do Universo atuem e expressem a beleza do Criador.
E este é o modo de caminhar que Lao Tzu sugere a todo discípulo: soltura e movimento, assim como também soltura no movimento, entregando-se à Perfeita Ordem das forças do Tao.
Em outras palavras, os ensinamentos do livro “Tao Te Ching” nos diz que tudo está sempre em Perfeita Ordem Divina e se você deixar os movimentos naturais do Tao acontecer, sem apegar-se a nenhum estado e sem direcionar com seu ego, você trará para sua vida os movimentos equilibrados do próprio Tao.
O Caminho do Tao é o caminho de volta ao estado de Graça e Harmonia com o Tao.
Dissolver o ego, sair do controle e aprender a confiar: siga o Tao
E nós não estamos acostumados a nos soltar ao fluxo natural do Universo, não é mesmo?
Somos munidos de um ego controlador que nos diz que temos que o tempo todo fazendo alguma coisa, em estado de alerta, sem ouvir a voz interna e sem perceber para onde nos levam os movimentos naturais do Universo.
Temos que aprender a confiar na positividade das Leis do Universo, nos conscientizando de que tudo de bom já está intrínseco em nós e no próprio Universo.
Como costumo dizer, tudo sempre está dentro da Perfeita Ordem Divina, mesmo que não pareçam estar!
Grandes são os nossos desafios, porém se conquistarmos a Virtude da entrega, estaremos fluindo em comunhão com o Tao!

A RELIGIÃO DOS CHINESES
Há na China três cultos diversos que ao mesmo tempo se complementam, o de Confúcio, denominado Confucionismo que é o realizado pelas classes mais altas e dos sábios. Neste se reconhece o ente Supremo(Deus), existem templos mas não existem sacerdotes, pois o imperador é quem desempenha todos os deveres religiosos em nome do povo.
Esse culto preconiza essencialmente a piedade filial, o respeito à velhice e o culto dos mortos, não os espíritos propriamente ditos, mas os Espíritos míticos dos ancestrais, aqueles que deram início a sua mitologia.
O segundo, denomina-se Taoísmo, doutrina de Lao-Tsé ou da razão primitiva, culto da razão, nesse também não existem sacerdotes, uma vez que existe um
Deus supremo. As boas ações e o conhecimento do Deus Supremo, são os únicos meios pelos quais o homem pode alcançar a eterna ventura em seu seio.
É evidente que para isso, são necessários medianeiros que guiem as ignorâncias , para o sentido espiritual. O terceiro é o Budismo muito embora este tenha nascido na Índia, se fortaleceu na China, o qual foi introduzido a partir do primeiro século, aonde encontrou campo fértil para o seu crescimento e desenvolvimento, fato que no ano de 335 veio a tornar-se a religião oficial desse imenso país. Portanto qualquer chinês, ou adepto pode perfeitamente assumir os três cultos, pois eles não se distinguem, na realidade se complementam pelas diferentes funções que desempenham no proceder do homem e no seu benefício que trazem para sociedade.

A MITOLOGIA CHINESA
DIVINDADE | ATRIBUIÇÃO |
CH`ENG HUANG | DEUS DAS FORTIFICAÇÕES |
CHNG KUO-LAO | DEUS DOS VELHOS |
CHUNG-LI CH`UAN | DEUS DOS SOLDADOS |
FU HSING | DEUS DA SORTE |
HO HSIEN-KU | DEUS DAS MOÇAS SOLTEIRAS |
HSI WANG-UM | RAINHA DOS CÉUS |
HSIANG-TZU | DEUS DOS CULTOS |
K`UEI HSING | DEUS DOS EXAMES |
LAN TS`AI-HO | DEUS DOS POBRES |
LI T`IEH-KUAI | DEUS DOS DOENTES |
LU HSING | DEUS DA RIQUESA |
LU PAN | DEUS DOS CONSTRUTORES |
LU TUNG-PIN | DEUS DOS DOUTOS |
NU WA | DEUSA CRIADORA E FERTILIDADE |
PAN K`OAN | DEUS DO INFERNO |
SHOU HSING | DEUS DA LONGEVIDAE |
TS`AI SHEN | DEUS DA RIQUESA |
TS1 AO KUO-CHIU | DEUS DOS NOBRES |
TSAO CHUN | DEUS DOS LARES |
TUNG-YUEH TA-TI | DEUS DO MUNDO SUBTERRÂNEO |
LAO-TSÉ
Lao-Tsé passou a primeira metade de sua longa vida cerca de 40 anos na corte imperial da China, trabalhando como historiador e bibliotecário, depois como eremita junto a natureza nas montanhas viveu a segunda metade de sua vida, estudando, meditando, auscultando a voz silenciosa da intuição cósmica.
A doutrina de Lao-Tsé, conforme apontam alguns estudiosos parece ter sido em parte absorvida na Índia, pois em razão disso, apresentam profundas analogias com os princípios expostos no grande monumento de filosofia hindu o Upanishads, que por sua vez, é composto por vários livros repletos de preciosos ensinamentos.
Lao-Tsé, nome que significa “Velho Mestre”, viveu aproximadamente entre os anos de 604 a 517 antes de Cristo, foi contemporâneo dos luminares como:
Confúcio, Buda e Pitágoras. Alguns anos após sua morte, foi canonizado pelo imperador Han entre os anos de 650 e 684 a. C. , sendo seus ensinamentos redundaram em dois livros chamados:
“Livro da Virtude ou Razão Suprema e o Livro do Caminho”, ambos foram denominados de “Tao-te- King”, os quais, o “velho mestre” os escreveu em completo retiro nas místicas montanhas chinesas.

Seu conteúdo de 81 capítulos brevíssimos consta de aforismos, muitas vezes em forma de paradoxos, nos quais grandes verdades revelam-se quase sempre em simples epigramas, lembrando-nos os Provérbios de Salomão e as Beatitudes de Cristo.
O objetivo primordial dessa grandiosa obra é demonstrar a origem das coisas e suas transformações ou mutações, que dependem da sucessão das estações.
Por isso alguns estudiosos acreditam que Lao-Tsé adaptou alguns conceitos do “I Ching”, ou “Livro das Mutações” de Fho-hi, fundindo-os com o “Upanishad”.
O Tao, fala-nos da ação espontânea do WU-WEI, que significa o caminho da tranqüilidade, o que não significa o não fazer, como muitos pensam, mas sim o fluir com a corrente da vida, evitando esforços inúteis e preocupações desnecessárias, apresentado-nos a relatividade de todos os juízos de valor.
Deus é considerado como o grande complemento de tudo, sobre o qual estariam apoiadas todas as coisas.

O TAOÍSMO
O Taoísmo, doutrina de Lao-Tsé é uma espécie de filosofia mística abrangendo notável senso filosófico transcendente e técnicas de auto-transformação.
Dessa maneira e nesse sentido específico se opõe a doutrina de Confúcio, que como vimos se limita a direcionar o indivíduo para a parte concreta e pragmática das coisas, enfocando a importância dos costumes sociais, dos deveres morais e a responsabilidade da autoridade pública na vida dos indivíduos.
Lao-Tsé, representa o Tao como manifestação da natureza; Confúcio adapta o Tao na sociedade. Na realidade, elas são complementares, como é a própria visão do Tao.
Os seguidores do Taoísmo tinham na pureza da alma, sua expressão máxima, primavam pela higiene do corpo e lutavam pela supressão das paixões, pela continência e abstinência, esperando assim a paz e o equilíbrio interior, e ao fim da longa jornada terrena, alcançariam a imortalidade do espírito.

Segundo essa doutrina, morrer seria trocar um fato usado por outro melhor. Ou seja, a eterna sucessão, o Tao propriamente dito.
O Taoísmo visa resgatar transcedentalidade do homem, junto ao mundo que o envolve e o cerca, ativando assim, no próprio homem o conhecimento subjetivo, intuitivo preexistente desde as suas mais profundas e remotas origens e que na realidade fazem parte de sua eterna essência divina.
O Taoismo é a própria interação do homem com o meio em que vive, o homem nada mais é do que uma infinita partícula do universo, e sendo assim, deve a todo custo tomar consciência disso e harmonizar-se com o Cosmos.
O racionalismo tão natural do mundo materialista, torna eclipsada essa capacidade gerando a desordem mental e o sofrimento orgânico do indivíduo. O conceito dessa doutrina, se apresenta muito similar ao conceito estabelecido por Heráclito(540-480 a. C.), filósofo grego de Éfeso, pré-socrático, que foi-lhe contemporâneo, o qual afirmava que a única coisa constante no mundo era a mudança..
O velho mestre acrescentou a idéia da continuidade das coisas quando assevera:
“Tudo Flui”. Da mesma forma que o grego Pírron (365-275 a .C.), negava que o homem pudesse chegar a verdade absoluta, a qual considerava relativa ao conhecimento momentâneo existente.
Segundo o seu sistema, todos os seres organizados na natureza, se renovam continuamente, não se pode, pois, conhecer senão as aparências das coisas. O Tao é portanto a complementaridade de todas as coisas existentes, sejam elas visíveis ou invisíveis, é a razão e origem de todas as coisas.

A propósito, a absorção do orvalho representa o Yin condensado (escuro, intuitivo, receptivo, contemplativo,feminino), já a absorção dos raios solares representa Yang (claro, ativo, racional, masculino).
Estes o Yin e o Yang, são os opostos complementares na visão do Taoismo. Hoje o tão em moda “Feng-Shui”,que significa “conhecimento do vento e da água”, técnica que adota a perfeita harmonização do ambiente, encontra suas origens entre os taoistas que compreendendo que tudo possui uma energia, entendem que a disposição dos objetos é fundamental para melhorar as energias dos ambientes nos quais se encontram.
Os chineses acreditam que os cinco elementos ; terra, madeira, metal, fogo e água, podem ser consideradas em diferentes quantidades para reproduzir as interações das forças da natureza. A interpretação dos cinco elementos interagem no ambiente físico resultando na criação ou destruição. São três os tipos de ciclos onde os cinco elementos se relacionam: o ciclo produtivo, o improdutivo, e da contra-dominância.
Outrora os peritos taoístas eram requisitados com freqüência para a determinar o modo de execução correta das obrigações com o culto dos antepassados.
O Feng-Shui, portanto no passado, era necessário para a determinação correta do lugar aonde iria se construir os túmulos dos antepassados, para que as almas pudessem descansar em paz, e assim não atormentar os vivos, tornando-se demônios.
Os Taoístas reconhecendo a terra como organismo vivo cheio de energia vital, eram peritos nesta matéria e bastante consultados.
Paralelo a esses conceitos, outras práticas adicionam-se, como exercícios respiratórios(Tai-chi-chuan), que os adeptos realizam durante horas seguidas, nos quais pretende-se que a energia vital circula pelo organismo, atravessando os canais invisíveis chamados meridianos, pelos quais flui a energia vital captada diretamente da natureza e que permeia todas as coisas existentes.
Essa energia criadora que produz a vida, denominada ch’i, foi formada segundo os taoístas, através da primeira manifestação do Tao na criação do Universo.

O ch’i, desta forma, corresponde a um poderoso tonificador fluídico energético absorvido mais intensamente e concentradamente através da respiração e da mentalização perfeita. Chi, por sua vez, é a matriz primordial da criação da qual brotam as forças Yin e Ying que dão origem à substância e as formas materiais.
Consta que os samurais e os ninjas a utilizavam freqüentemente, e em razão disso, eram atribuídos, a eles capacidades mágicas e sobrenaturais, as quais os permitiam realizar inúmeros prodígios.
O chi, por sua vez, pode ser comparado com a “força que vem do alto”, que Jesus mencionou em Lucas cap. 24 v. 49, e muitos denominam Espírito Santo.
