Etimologia de Libido
A libido é um termo geralmente utilizado no senso comum para designar alguma vontade sexual e isso se deve ao pai da psicanálise Sigmund Freud, que assim a conceituou. A libido, na verdade, em sua etimologia, nada mais é do que desejo ou anseio frente aos instintos da vida. É com este caráter mais amplo que Carl Gustav Jung desenvolverá sua noção de energia psíquica.
A Libido sob a óptica de Jung
Vale a ressalva ainda de que o epicentro da discordância entre os dois teóricos circundava exatamente este aspecto – veja mais em: Carl Gustav Jung – Uma Perspectiva Introdutória e História da relação entre Freud e Jung.
A obra escrita por Jung que culminou no estopim da relação entre eles foi Transformações e Símbolos da Libido (hoje sob o título de Símbolos da Transformação), que discorria sobre o caso de Miss Müller. Apesar da perspectiva junguiana de libido se aproximar da concepção filosófica de vontade de Schopenhauer, foi a ela direcionado por meio de suas observações empíricas. Afim de esclarecer melhor sua obra, Jung escreve um trabalho a parte (Sobre a energia psíquica) para sanar mal-entendidos decorridos a respeito de Transformações e Símbolos da Libido.
A energia psíquica (libido) é, portanto, “a intensidade do processo psíquico, seu valor psicológico.” Manifestado das mais variadas formas, tais como a fome, sexo, afeto e agressividade tal como o calor, luz e eletricidade são manifestações de diferentes energias físicas. E Jung faz a relação com a física propositalmente, segundo ele próprio “Do mesmo modo que não ocorreria ao físico moderno derivar todas as forças, por exemplo, somente do calor, também o psicólogo deve preservar-se de englobar todos os instintos no conceito de sexualidade.”
Um exemplo interessante seria a dor fantasma. O vídeo abaixo é um excerto de um episódio da sexta temporada de House MD, o vizinho de Gregory House é uma pessoa ranzinza, por decorrência de dores em sua mão… que explodiu enquanto tentava salvar um garoto que pisou em uma mina. Esse estranho efeito acontece frequentemente quando pacientes têm algum membro amputado.
Um caso do próprio Jung diz respeito a um rapaz que teve um problema amoroso. O paciente passou a apresentar dores no calcanhar pouco tempo depois de descobrir que a ex namorada estava noiva de outro. O indivíduo sonhou com uma serpente picando seu calcanhar. Evidencia-se então uma manifestação sintomática do coração partido. Apesar de parecer estranho, é tão comum quanto comermos mais ou menos quando estamos ansiosos, ou mesmo quando sentimos as borboletas na barriga quando apaixonados.
Fonte: Silveira, N. da. Jung: Vida e Obra. Capítulo III – A Energia Psíquica e Suas Metamorfoses. p. 41 a 50. 14ª Edição (1994)
Para o autor, o psiquismo é como um sistema energético relativamente fechado, ou seja, se a energia psíquica deixa de ser investida em algo, ela reaparecerá de outra forma. Caso um grande interesse (direcionado a um objeto ou a alguém, por exemplo) seja impedido de investimento energético, essa energia pode se manifestar através de manifestações somáticas (alergias, distúrbios alimentares), poderá reativar conteúdos dormentes no inconsciente e construir sintomas neuróticos. A metamorfose energética da psique representa-se por meio desses vários fenômenos.
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