segunda-feira, 10 de setembro de 2018

DESPERTANDO O CONHECIMENTO - A CURA PELA VOZ - Quinto chakra -Xamanismo

A CURA PELA VOZ




A palavra falada ou cantada é o elemento de manifestação com maior poder vibratório, motivo pelo qual o rádio e a televisão têm mais eficácia que os jornais. Povos nativos compreendem (ou compreendiam) bem a força da voz, especialmente na canção, para criar e perpetuar a realidade que desejavam.

O Espírito Santo que habita em mim irradia a  Graça da  Força da Vida.
Seja feita a vontade de Deus. Amém. Dharmadhannyael
                                                                                  
Acredito que, quando não cessamos de reverenciar a vida — agradecer
pelo que temos —, a energia à nossa volta se intensifica e tornamo-nos veículos de manifestação mais poderosos.

Místicos de numerosas culturas concordam quanto ao poder absoluto do som. Começamos pelo som, somos mantidos íntegros pelo som e um dia regressaremos à Música cósmica das Esferas.

O som é a experiência mística original da criação. O mestre sufi Hazrat lnayat Khan, músico de grande renome, assim comenta a Bíblia e outras obras de igual importância:

Na Bíblia, encontramos as palavras: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”; e vemos também que o Verbo é Luz, a qual, surgindo, fez com que a criação inteira se manifestasse. Esses não são meros versículos religiosos; para o místico ou o vidente, a revelação está contida aí.


Eles ensinam que o primeiro sinal de vida a manifestar-se foi a expressão audível ou som — em suma, o Verbo. Comparando essa interpretação à filosofia do Vedanta, percebemos que ambas são idênticas.

 Ao longo das idades, yogues e videntes da Índia reverenciaram o Deus Verbo ou Deus-Som; e em torno dessa idéia elaborou-se todo o misticismo do som ou da fala. Não apenas entre os indus, mas também entre os profetas das raças semíticas foi reconhecida a importância do verbo.

“...O sânscrito é uma língua morta ha muito tempo, mas, na meditação dos yogues hindus, alguns de seus termos são ainda usados em virtude da força do som e das vibrações que contêm...”

Em 1986, tive o privilégio de assistir a uma dança dos índioscoast salish. Foi maravilhoso estar entre jovens e velhos, homens e mulheres reunidos em círculo em volta de um grande tambor, cada qual marcando o ritmo com uma baqueta e entoando canções tradicionais, enquanto todos, inclusive as crianças e os anciãos, ensaiavam os passos simples e graciosos que passam de geração em geração.

Inteiradas do poder que vem da harmonização do ritmo dos corações da comunidade e de como a dança e a canção exprimem as emoções da alma, praticamente todas as culturas fazem uso dessas artes, saindo em procissão para fazer chegar suas vozes e espíritos à divindade invocada.

Os índios shoshone, coast salish e huichol do México acreditam (ou acreditavam) que os frutos não vingarão, o salmão não aparecerá e o Sol não se erguerá a menos que eles entoem suas preces de agradecimento e realizem seus ritos sazonais. Pensadores modernos costumam ver essas idéias como superstições, sem vínculo algum com a realidade.

No entanto, quando o último shoshone, o último coast salish, o último huichol, a última árvore portentosa e a última das gigantescas reservas
petróleo desaparecerem da face da Terra, ficaremos surpresos se o salmão não aparecer (como já sucede em muitas regiões), se os frutos não vingarem, se o planeta sair dos eixos e (como os hopis advertem) a Lua tomar cor do sangue?

Como evitaremos essas catástrofes — ou sobreviveremos a elas?

Pela canção. Pela descoberta da voz interior. Pois, a crermos nos anciãos de todas as culturas, a vida começa com o Verbo. Graças à respiração e — Verbo, damos vida aos pensamentos. Graças ao poder vibratório do Verbo da Canção, penetramos no âmago da vibração da qual toda vida emerge.

Meu amigo índio Craig Carpenter costuma dizer: “Quando cantamos, agradecemos. E quando agradecemos, os milagres começam a acontecer.

Sei que isso é verdade. Minha vida se transformou numa sucessão agradecimentos e fico constantemente espantada com as coincidências, sincronia e os milagres que atravessam o meu caminho. Ouço o mesmo
testemunho de amigos e alunos que se dispõem a meditar e a agradecer pelo dom da vida — com palavras, canções, preces e silêncio.

Quando achamos não ter ninguém a quem agradecer por nossa boa sorte, exceto nós mesmos; quando deixamos de cantar e dar graças pelo que temos; quando acreditamos ser indivíduos totalmente isolados num universo sem sentido e sem conexão alguma com o Grande Mistério ou cosmos; quando pensamos que nossas canções não afetam em nada o universo — então nossa vida é vazia e não levamos a sério os milagres.

Modificando nossa maneira de pensar, lembrando-nos de ser gratos por tudo quanto possuímos e dando voz às nossas canções interiores, adquirimos a capacidade de aumentar nosso próprio magnetismo, influenciar o magnetismo da Terra e criar — produzir — milagres. Já vi isso.

O modo como os aborígines australianos entendem (ou entendiam) a realidade é que a energia, em geral, se move muito depressa. Quando, porém, capta uma idéia, vai mais devagar; e quando diminui acentuadamente o ritmo, torna-se manifestação física.

O Verbo é a ponte entre a energia e a manifestação material. A energia se transforma em som e o som nos transporta para a realidade concreta.

A palavra falada ou cantada é o elemento de manifestação com maior poder vibratório, motivo pelo qual o rádio e a televisão têm mais eficácia que os jornais. Povos nativos compreendem (ou compreendiam) bem a força da voz, especialmente na canção, para criar e perpetuar a realidade que desejavam.



Acredito que, quando não cessamos de reverenciar a vida — agradecer
pelo que temos —, a energia à nossa volta se intensifica e tornamo-nos veículos de manifestação mais poderosos.

Para a maioria dos caucasianos da América do Norte, canção e dança se foram para sempre. Na maioria das vezes, a vida se resume na busca do dinheiro: o papel elimina as árvores frondosas e os metais preciosos são arrancados dos recintos sagrados.
Viver hoje em nosso planeta é encarar um momento de decisão assustador e penoso. Podemos adotar um modo de vida mais responsável e espiritual, descobrindo as canções pessoais e comunitárias que estão dentro de nós; solicitando orientação e milagres, ou tornarmo-nos apáticos e indiferentes....

Cura pelo Som. É a aplicação terapêutica das frequências sonoras ao corpo/ mente de uma pessoa com o intento de criar um estado de harmonia e saúde.

A Dança do Sol é outro ritual poderoso dos Iakotas que foi ensinado a um santo homem chamado Kablaya, durante uma Busca da Visão. Seguindo as instruções, ele convidou todas as tribos vizinhas a participar da cerimônia. Ensinou melodias aos cantores e pediu-lhes que arranjassem um grande tambor redondo. O ritual tem início com cantos e danças, quando o Sol se ergue no horizonte. Os cantores devem cantar o dia inteiro sem descanso, a fim de manter a tensão para os dançarmos.

Nos velhos tempos, uma vareta bem fina era enfiada no peito do dançarino e ligada por uma correia a um tronco de choupo no centro da arena. Os dançarmos, inclinando-se para trás, rodopiavam sob o sol cálido, durante todo o dia, sem comer e sem beber, até que as correias lhes laceravam as carnes.

 Pouco antes do ocaso, um cachimbo era passado entre os dançarmos e tocadores de tambor, e eles paravam para fumar. Mais tarde dava-se uma festa estrondosa, pois as pessoas sabiam que uma grande coisa acontecera e a nação Iakota sairia fortalecida por essa cerimônia.

 A Dança do Sol ainda é executada hoje em dia, mas sem as lacerações.
Os ferimentos provocados nos dançarmos do sol não diferem muito da cerimônia da circuncisão praticada pelos aborígines australianos durante mais de cem mil anos.

 Tive o privilégio de passar algum tempo numa aldeia aborígine perto de Alice Springs, há cerca de dois anos, e acredito que uma versão desse ritual ainda seja observada. O que se segue é uma descrição extraída de Voices ofthe First Day, de Robert Lawlor.

“Vários meninos são levados para a mata e pintados com o sangue dos mais velhos, o que simboliza um novo nascimento na consciência. Não comem nem podem falar enquanto permanecem despertos noites a fio, sempre em presença de canções e danças repetitivas que acabam por mergulhados em transe. Então os anciãos, ainda cantando e dançando, os instruem nas leis, verdades e lendas imemoriais da tribo.

Como cadáveres, os meninos são levados de volta ao acampamento, onde as carpideiras desempenham o seu papel lamentando os filhos mortos. As mulheres alimentam os meninos, que em seguida são conduzidos numa jornada cerimonial para outras aldeias, onde se encontram com parentes distantes. Mais tarde regressam ao lar, para a etapa final da cerimônia.

Quando aparecem, toda a aldeia os aplaude. Mulheres choram e gemem, dançarmos pintados dançam em volta de uma fogueira até o instante do clímax. Então um grupo de homens corre para a fogueira, debruça-se sobre ela e forma uma espécie de mesa sobre a qual um menino é estendido. Um parente corta-lhe o prepúcio com uma lâmina afiada de quartzo, enquanto o avô o tranquiliza.

Enquanto isso, toda a comunidade executa uma dança frenética, cantando, gemendo e agitando bullroarers (espécie de aerofones na forma de varetas com ponta em chicote) que produzem no ar um som baixo e lamentoso. A cerimônia da circuncisão é um teste da capacidade do menino de cair em transe sem sentir dor.

Terminada a circuncisão, o garoto permanece isolado, sem licença para falar (pode apenas fazer gestos). A dança continua noite adentro, enquanto os velhos instruem os meninos sobre seus deveres sagrados para com a terra e o sentido da jornada que terão de empreender após a morte.

Imediatamente depois da circuncisão, cada jovem é presenteado com dois bullroarers e informado de que esses são seus novos pais, a quem devera recorrer em caso de necessidade. Os bullroarers encerram o poder hipnótico que assegura a entrada no Tempo do Sono.

Espanta-nos como certos aspectos da circuncisão aborígine lembram a “captura” de candidatos relutantes para a Dança do Espírito dos índios nooksack coast salish, a noroeste de Washington. Por ocasião dessa dança, os participantes ficam possuídos por uma canção, syowen, que se apresenta e exige ser expressa.

A pessoa tem mais probabilidade de passar por essa experiência quando está numa condição altamente sensível: durante um episódio de febre, quando pranteia a perda de um ente querido ou mesmo num momento de cólera violenta contra a criatura amada. Ela deve chorar continuamente até que seus gritos se transformem nos gemidos característicos de um Dançarino do Espirito. Então, ao que se diz, a syowenfica com pena do infeliz.

Por outro lado, se a criatura amada está com câncer ou outra doença grave, a pessoa pode transformar-se num Dançarino do Espírito a fim de ajudar a curá-la. Os Dançarmos do Espírito, segundo se acredita, contam com proteção contra moléstias e acidentes, vivendo quase sempre ate idade muito avançada.

No final dos anos 70, cerca de 20% dos coast salishparticipavam da cerimônia( não tenho informações atualizadas). A  captura  era o meio mais comum de arranjar novos membros. Uma família podia escolher um filho a ser capturado por causa de um problema de alcoolismo ou comportamento rebelde. O garoto ou garota tinha que concordar ao menos em parte com a captura e a família devia desejá-lo ardentemente, por causa das obrigações rituais que daí decorriam.

Como nas práticas dos aborígines australianos, quando o candidato é escolhido, alguns homens da comunidade dançante literalmente o agarram, levantam-no no ar e levam-no embora, mantendo-o desperto e isolado por um longo período. Nessa condição de privação sensorial, combinada com cânticos e toques de tambor, o jovem, esgotado, cai em transe e começa a ter visões, geralmente de um espírito animal benfazejo.

A força, a música e a dança do jovem vêm desse espírito.
Quando a pessoa está dominada pela dança e a música, a família e os amigos se juntam para dançar e percutir tambores, vertendo seus próprios sentimentos na melodia, O dançarino é dominado por uma sensação de liberdade e plenitude. “Quando o toque do tambor está no ritmo certo, parece que ele flutua!”

A Igreja Pentecostal é uma das muitas seitas adotadas pelos nativos norte-americanos. Ela é muito popular entre os coast salish porque evoca de perto algumas de suas experiências de transe. Nas igrejas pentecostais e batistas, a possessão é reconhecida quando assume a forma de falar línguas estranhas, o que se parece bastante com o fenômeno da syowen.

Eis a descrição da experiência por uma mulher que, quando criança, pertencia à Igreja Pentecostal na Califórnia do Sul:

Após o sermão, o pastor orou pelos pecadores, dando-lhes a oportunidade de aproximar-se para serem salvos — submetendo-se a Cristo. A igreja inteira pôs-se num estado de meditação enquanto rezava. Fechei os olhos e era como se a prece não terminasse nunca. Eu podia ouvir, aqui e ali, pessoas que falavam entrecortadamente, murmurando coisas como “Querido Jesus!”, agradecendo a Deus e dizendo-Lhe quão bondoso Ele é, dando aleluias, e por aí vai.

Se a pessoa se sentisse chamada, podia caminhar pela ala até o altar, ajoelhar-se e deixar que todos vissem a entrega do seu coração a Jesus. Às vezes, encontrava ali outras pessoas. Se você fica diante do altar, implorando o perdão de seus pecados, obviamente não contém o pranto; é tudo muito, muito emotivo. Tudo o que fez de errado vem à tona....

Em seguida, os líderes da igreja se aproximam, impõem-lhe as mãos e oram por você. A energia então parece aumentar. A sensação é indescritível. Lembro-me de quando fiz isso. Tínhamos um pastor visitante que pousou as mãos em minha cabeça, sujeitando-me ao poder do Espirito Santo. Parecia que eu ia desmaiar.

Acho que alguém me colocou de pé, pois eu caíra de costas e lá ficara a murmurar palavras sem nexo. De repente, pus-me a falar sem parar coisas que eram de outra esfera, à qual eu não pertencia. Não mais tinha poder algum sobre minha língua.

E assim que emitimos sons e falamos línguas estranhas. Mas não parecia outro idioma. Não consigo reproduzi-lo, nem mesmo imitá-lo. Uma série de onomatopeias, de “lá-lá-lá”. Usam-se repetidamente as mesmas silabas, para captar-lhes o poder. Tudo numa certa cadência. É, pouco mais ou menos, uma música sem grandes variações.

Tudo termina, obviamente, por um “Ó Jesus, obrigado!” Você sente como se tivesse estado com Deus. Todos os problemas desaparecem. Ja não tem mais preocupações, pois estas ficaram nas mãos de Deus. Depois, quando você ora, mesmo longe da igreja, tudo recomeça.”

Todos esses rituais são experiências espirituais autênticas, em que os participantes realmente alcançam as esferas do além com a ajuda da entonação e do canto. Não são de modo algum rituais vazios, nem obra de magia ou fraude. Os resultados podem ser curas miraculosas, mas a finalidade principal é expressa na canção mais apreciada dos Dançarmos do Sol:

Wakantanka, tem piedade de mim.
Quero viver; por isso ajo assim.”

Os Sons da Semente. Certos sons, incluindo os vocálicos, foram usados pelas culturas antigas de todo o mundo para aumentar ou diminuir as energias antes de se manifestarem no plano material.

 Os caçadores aborígines da Austrália sabiam que certos ritmos e sons coagulam (aumentam) ou dispersam (diminuem) as energias formadoras de cada espécie. Acreditavam que o magnetismo da Terra ou Serpente Arco-Íris (muito semelhante ao nosso espectro eletromagnético) engendrava as criaturas em nosso plano. Segundo Lawlor, antes de sair à caça de determinado animal, os homens emitiam os sons  Semente “no lugar onde o poder daquela criatura havia depositado durante o Tempo do Sono” a fim de aumentar-lhe a fertilidade e a abundância.

Isso talvez não seja tão absurdo quanto parece. A semente de nosso corpo está nos genitais. O aumento e o decréscimo da população dependem da fertilidade ou esterilidade de nossas sementes. A música e a canção quase sempre acompanham a dança; certas melodias e passos podem ser considerados uma espécie de preliminares e a música, não raro, acompanha a expressão sexual.

Na tradição céltica, o Beltane, último dos três festivais primaveris da fertilidade, ocorre no dia 1 de maio e é frequentemente acompanhado por uma Dança do Mastro. Poucas pessoas se dão conta de que ‘o mastro é um símbolo óbvio do princípio masculino, enquanto a coroa de flores representa o útero. O mastro puxa a energia da Terra até o topo, disseminando fertilidade por todos quantos dançam à sua volta...

 Para os aldeões, era uma festa de sexualidade desbragada, com casais fazendo amor livremente nos campos e jardins a fim de proporcionar seiva às plantações”.

Também os hindus tinham sons de semente. Davam-lhes o nome de bija e acreditavam que certas vibrações se manifestam como sons correspondentes às diversas vibrações de cor de cada chakra. Cada chakra é visto como uma espécie de lótus com certo número de pétalas e cada pétala tem um som. Assim, os cinquenta fonemas da língua sânscrita estão contidos nos chakras. Harish Johari, músico, compositor, poeta, artista e estudioso tântrico do norte da Índia, produziu uma fita com esses “Sons dos Chakras”5 .



Cura de Ossos Quebrados.
Li dois relatos de duas culturas inteiramente diferentes sobre cura quase instantânea de ossos quebrados, ambos envolvendo som.

Estudos havaianos kalntna. A avó de Combs foi uma das mais poderosas kalitma ou curadoras da ilha de Oahu.

Combs participava de uma festa na praia junto à casa da velha kalwna quando viu um dos convidados aparecer ligeiramente embriagado. Ao descer do carro e pisar a areia fofa, caiu. Ouviu-se o som característico de ossos quebrados. Uma inspeção sumária revelou duas lascas apontando da pele, acima do tornozelo. Combs, que também ja tivera uma dessas fraturas duplas, preparou-se para levar o homem ao hospital.

Mas então a velha kahuna chegou. Esticou a perna do ferido e delicadamente pôs os ossos no lugar, pressionando a área onde as pontas haviam perfurado a pele e entonando uma prece em voz baixa. Depois, ficou em silêncio. Suas mãos se moveram de súbito, desprenderam-se da perna ferida e ela murmurou em havaiano: “A cura terminou. Levante-se. Já pode andar.”

 O homem, agora completamente sóbrio, ergueu-se e, espantado, deu um passo, depois outro. A cura fora completa e perfeita: a perna não revelava sinal algum de fratura.

É notável a semelhança desse relato com o de Mano Morgan sobre um episódio que ela afirma ter testemunhado quando viajava com um grupo de aborígines australianos. Segundo Morgan, um dos caçadores caminhava à beira de um barranco quando o chão cedeu e ele caiu a uns três metros de profundidade.

 Os companheiros içaram-no e deitaram-no numa laje: apresentava uma grave fratura múltipla entre o joelho e o quadril. “O osso ressaltava como uma enorme presa, uns cinco centímetros para fora da pele escura”, escreve a autora.

Os aborígines chamados Homem Médico e Mulher Curadora postaram-se dos lados do ferido. Morgan aproximou-se e viu o Homem Medico passar as mãos para cima e para baixo da perna machucada, cerca de três centímetros de distância da pele, em movimentos suaves, primeiro as duas juntas, depois alternando-as uma em cada direção.

 O ferido e os dois curadores começaram a falar em tom de prece. O Homem Médico colocou ambas as mãos em volta do quadril e a Mulher Curadora ajoelhou-se do lado, pondo também as duas mãos sobre o joelho.

Cantavam ou cantarolavam ao mesmo tempo, mas melodias diferentes, até erguerem as vozes em uníssono e gritarem alguma coisa. Morgan não percebeu nenhum movimento para empurrar o osso: mas o osso recuou pelo orifício de onde saíra”.

Finalmente, o Homem Médico juntou as bordas da ferida e a Mulher curadora empregou uma espécie de visco negro (feito de coágulos de sangue rua1) para selá-la.

Escreve Morgan: ‘Na manhã seguinte, o Caçador Pedra Grande levantou-se e acompanhou-nos. Nem mesmo mancava. O ritual realizado, disseram-me, reduziria a pressão óssea e impediria o inchaço. Funcionou. Durante vários dias dias, observei bem a perna e notei que o isco negro ia secando até desprendendo-se. Em menos de uma semana, desapareceu, viam-se apenas leves cicatrizes no lugar por onde o osso havia saído.

Como pode o corpo curar-se assim tão depressa? Segundo Morgan, “Explicaram-me que o movimento das mãos para cima e para baixo sobre a área afetada, sem toque direto, era um meio de restaurar o padrão anterior da perna ferida.

 Eliminaria todo o inchaço durante a fase de recuperação. O Homem Médico forçara a memória do osso a evocar a verdadeira natureza de sua condição saudável. Isso silenciara o choque provocado pela fratura e o deslocamento do osso para fora da posição desenvolvida ao longo de trinta anos. Em suma, eles haviam ‘conversado’ com o osso.”

Max Freedom Long perguntou aos kahunas como conseguiam curar instantaneamente um osso quebrado e ouviu que “o corpo escuro (aka) do eu inferior é o molde de todas as células do corpo e, também, de sua forma geral ... para curar um osso quebrado, o Eu Superior dissolve-o, bem como a outros tecidos, em ectoplasma, que é invisível, mas nem sempre. Como o molde do corpo escuro é constituído de substância invisível, não pode romper-se nem ser afetado.

 Assim, com o molde da perna normal á mão, o material ectoplasmático das partes dissolvidas é novamente solidificado no molde, daí resultando que a cura é instantânea e o membro se restaura na condição primitiva”.

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