"Análise do "PAI NOSSO"
Pois somos,
todos, filhos do todo, somos centelhas divinas e Deus está em nós e em
todas as coisas. Fazemos parte de uma família, universal no seu
contexto, eterna na sua realização plena. Como filhos do amor, somos
amor, como filhos da luz, somos luz, como filhos do eterno, somos
eternos, enfim, somos irmãos que caminham para o mesmo destino
escolhendo cada um o caminho que lhe cabe, conforme seu conhecimento das
coisas e de si mesmo.
Que estás nos céus,
Que estás nos céus,
Este “Deus interno” que todos carregamos e devemos tomar consciência. O céu é um conceito de felicidade que cada um pode construir em si mesmo, através do descobrimento do amor para o qual fomos criados. Deus que está em cada um de nós, latente em suas potencialidades, real em suas características, pleno em sua semente, pois que cada um carrega em si o céu que é capaz de criar e viver. A manifestação de Deus se faz em nós e em todas as criaturas do universo.
“o reino dos céus está dentro de vós”.
Santificado seja o vosso nome;
Faz-se necessário reconhecer o belo em todas as coisas, assim como buscar o belo em nosso íntimo, nos tornando cada vez mais “deuses em nós mesmos” e entendendo que somos todos capazes de atingir um estado de equilíbrio íntimo, nos tornando saudáveis de corpo e mente, exteriorizando o que é verdadeiro em nós.
Todos sem distinção, fomos criados com a mesma capacidade de construir o que de melhor acreditarmos e conhecermos.
Venha a nós o vosso reino;
Como um apelo, busquemos em nós esse reino de paz e alegria. E que esse reino se torne cada vez mais presente em atitudes renovadas no bem e na harmonia íntima de cada um de nós. Tudo o que precisamos para, sermos felizes, se encontra em nós como se encontra na semente a plenitude da vida de uma árvore, que colocada em contato com os elementos da natureza se faz presente respeitando-se o tempo que cada um necessita para tal. O grande instrumento da vida é o conviver, entrar em contato com o todo, com o todo que está em cada um, fazendo brotar as virtudes libertadoras, da bondade, da tolerância, da indulgência para com os outros, da compreensão de si mesmo e dos companheiros de jornada, tornando a caminhada uma grande viagem de conquistas eternas.
Seja feita a vossa vontade, assim na terra como nos céus;
Que as vontades do “ego” possam assim se tornar, cada vez mais, as vontades de Deus em nós quando unidos á matéria ou quando no plano espiritual. Não nos deixando levar pelos modelos e costumes sociais, fazendo com que nos tornemos muitas vezes escravos do consumo, da desesperança, e do imediatismo mundano, seja em que época estejamos a viver, prevalecendo sempre os valores eternos e não o que é perecível. Pois que tudo passa na vida e pela vida, permanecendo apenas aquilo que é elemento do amor. Que a confiança seja parte integrante das nossas ações, não nos deixando aprisionar nas angústias, nas frustrações, que nos fazem muitas vezes cair nas armadilhas das fugas enganosas, construindo em nós conceitos e preconceitos inconvenientes.
O pão nosso de cada dia dai-nos hoje;
O que nos liberta das dores, da fome de liberdade, da sede de justiça, é o conhecimento, o conhecimento de nós mesmos. Possamos então cuidar do abençoado corpo físico, esse veículo maravilhoso da vida, sem nos esquecermos, porém, da verdadeira missão que cada um carrega dentro de si. Analisar, perceber, investigar em nós mesmos, sentimentos e emoções sem nos esconder aquilo que é necessário enfrentar e vencer, nos tornando seres mais livres das sombras, aumentando assim nossa capacidade de enfrentar novos desafios. Conhecer-nos é antes de tudo assumir uma posição de instrutores de nós mesmos, experimentando e vivenciando situações que enriqueçam nosso Espírito. Buscar a verdade, para que a verdade seja a grande libertadora de toda e qualquer ignorância que aprisiona. A verdade sobre o que somos, quem somos, como somos e para que somos, definindo assim um roteiro de conquistas valiosas.
Perdoa as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos ofende;
Na nossa caminhada evolutiva vamos agregando valores, mas também carregamos ilusões que nos fazem acreditar que não somos capazes, que não somos amados, ou muitas vezes tentando carregar os sonhos e vontades dos outros, como se nós fôssemos responsáveis pela felicidade daqueles que conosco caminham. Somos verdadeiramente parte de um todo, mas cada um é responsável por si no que diz respeito à construção da própria felicidade. Por não conseguirmos carregar ou resolver os problemas dos outros é que acabamos por acreditar que não temos o direito de buscar o que queremos e necessitamos para sermos felizes. È verdade que temos como pais a responsabilidade de educar nossos filhos, mas jamais confundir educação com controle, amor com propriedade, que nos levam a querer projetar nossas frustrações, nossa vida, na vida dos nossos.
Assumindo muitas vezes uma posição de salvadores, queremos evitar que nossos filhos sofram, criando em suas mentes a ilusão de que a vida é um caminhar sem esforços ou situações desagradáveis, definindo assim um conceito irreal sobre si mesmos, impedindo que descubram os potenciais íntimos que cada um carrega no âmago.
Vivemos atualmente em uma era onde os modelos sociais nos cobram comportamentos baseados no imediatismo, fazendo com que a grande multidão atenda a apelos de aparências exteriores, de consumismo desenfreado, causando quase sempre um grande vazio interior, pois não se pode fugir de si mesmo, e os momentos de reflexão são inevitáveis.
Diante dos mesmos a grande multidão procura as fugas das suas dores e emoções em falsos mecanismos de defesa, definindo assim os equivocados conceitos do que se é ser bem sucedido e feliz.
Como a ilusão não é eterna e em nós só se deve permanecer o que é real e não o ilusório, a vida com sua infinita sabedoria se encarrega com seus mecanismos sutis e infalíveis de nos recolocar no verdadeiro caminho. Quase sempre ainda, a dor, continua sendo a ferramenta necessária para que possamos perceber os desvios que nos enveredamos na grande jornada.
Com a inevitável frustração diante desses comportamentos, muitas vezes, nos tornamos juízes de nós mesmos, nos condenando implacavelmente aos conflitos íntimos, sem nos dar novas chances de reparação.
Adotamos também a atitude de vítimas do mundo, vítimas da vida, enfim, transferimos nossas responsabilidades, atribuindo aos outros a culpa pelas nossas angústias e frustrações.
Pois, que o auto-perdão, é a primeira condição para entendermos a nossa fragilidade ainda ligada ao nosso desconhecimento das coisas, compreendendo assim que todos estamos sujeitos a erros e acertos, não havendo o porque da mágoa ou do rancor, nos dando a chance de reparação, reconstruindo em nós o equilíbrio.
Diante da abençoada oportunidade da reencarnação, a vida nos coloca muitas vezes diante daqueles que em uma pregressa oportunidade, ferimos por ignorância ou negligência.
A misericórdia deve fazer parte de nós, assim como, a sinceridade para conosco admitindo os equívocos, sem colocar sobre os outros o peso da responsabilidade daquilo que nós mesmos somos os arquitetos e executores.
O perdão é a grande libertação que nos permite aceitar os erros como desconhecimento das leis naturais, leis essas que estão, de forma ainda obscura para nós, em nosso íntimo. O arrependimento é o reconhecimento das verdadeiras possibilidades momentâneas provocando assim atitudes de aceitação e disciplina no fazer de novo, de uma maneira melhor, sem carregar no íntimo as energias deletérias do remorso e da mágoa. Não podemos estancar os sofrimentos sem curar em nós as feridas internas.
Não nos deixeis cair em tentação;
Novas experiências virão, atraídas pelas nossas próprias necessidades ou pela necessidade da vida, pois que temos o poder de construir o nosso amanhã, a partir das ações do hoje, tomando a consciência de que atraímos para nós, pessoas e situações, conforme nossos conceitos e julgamentos, que fazemos aos outros e a nós mesmos. Que possamos assim vencer os desafios sem acumular ainda mais compromissos de reparação futura. Pois, que, tentação é, nos colocar em prova, conforme as necessidades de aprendizado de cada um. Se o pré-conceito nos é presente nas atitudes, a vida se encarregará pela lei de atração, de colocar diante de nós os indivíduos ou situações que nos ajudarão a exercitar o respeito e a aceitação às diferenças de cada um. Quanto mais resistimos à natureza, mais a natureza se torna instrutora de nós mesmos. Portanto, quanto mais cedo compreendemos a vida, mais cedo a liberdade se fará presente, com suas flores de paz e harmonia.
Quando não escolhemos, a vida escolhe por nós respeitando nosso livre-arbítrio, mas provocando pela lei de evolução a retirada da inércia em nosso caminhar. Analisar atitudes e pensamentos é antes de tudo reconhecer em nós as deficiências e valores que nos levarão a vivenciar o que chamamos de lei de atração e afinidade. “Somos herdeiros de nós mesmos”, construtores do próprio destino e responsáveis por nossa própria redenção. Atraímos, pelo sincronismo dos acontecimentos, momentos que muitas vezes chamamos de fatalidade, como se a vida agisse em nós sem um finalismo sábio, amoroso e perfeito.
Livra-nos dos males;
Pois que, sãos os males ainda presentes em nosso ser que, por muitas vezes, nos aprisionam e nos fazem sofrer. Livra-nos, Oh! “Deus interno” em nós, da ignorância que provoca o orgulho, a vaidade e que muitas vezes nos faz querer viver longe do todo universal, tornando presente em nós o tão doloroso egoísmo. Conhecendo assim a luz que somos, mas ainda obscuros pela ignorância natural e com as oportunidades de caminhada, tendo infinitas maneiras de burilar em nós as manchas que impedem o brilho verdadeiro, pois que, somos como diamantes brutos, onde as dores e sofrimentos muitas vezes nos apresentam como ferramentas de lapidação para que se faça presente a jóia real que se encontra por sob as cascas provocadas pelo tempo necessário à plenitude.
Males são todas as ilusões, crenças, medos, ciúmes, inveja, insegurança, imediatismo, desesperança, pessimismo, maledicência, enfim, sentimentos e idéias cultivadas equivocadamente pelo desconhecimento que temos do que somos e do que podemos conquistar.
Livrar dos males é adquirir a consciência da força interior, assumindo uma posição renovadora e firme diante dos desafios a serem vencidos, retirando de cada situação de dor e sofrimento o aprendizado necessário para a nossa felicidade eterna.
Durante muitos anos acreditamos que os males seriam sempre aquilo que no outro nos incomoda, ou as atitudes do outro para conosco, assim como as situações desconfortáveis que muitas vezes enfrentamos em incontáveis momentos da jornada. Porém, uma nova conscientização se faz necessária, a de que “somos herdeiros de nós mesmos”, entendendo assim que construímos o nosso castelo ou a nossa masmorra, conforme as atitudes do agora.
Somos verdadeiramente responsáveis pelo que estamos vivenciando hoje, pois que construímos isso de alguma maneira, através do determinismo das leis naturais “causa e efeito” ou do finalismo, necessários a cada um de nós. A vida obedece a um sábio e perfeito sincronismo, onde podemos ter a certeza de que estamos exatamente no momento e local com as pessoas, sentimentos e situações que deveríamos estar obedecendo à perfeição do funcionamento da vida.
Que assim seja.
Aceitar, compreender, modificar o que pode ser modificado, são atitudes libertadoras para o homem que quer se livrar das angústias que o atormentam, conscientizando-se que o seu destino se vincula ao uso do livre-arbítrio em conjunto com a observância das leis naturais, leis essas que independente do grau de evolução do ser humano, estão gravadas em sua consciência fazendo-se necessário que aos poucos, pela vivência das sucessivas vidas, essas leis se tornem ativas através da experimentação de si mesmo, construindo assim melhores atitudes para consigo e para com o seu próximo.
Construir em si cada vez mais a certeza de que o universo é regido por um perfeito equilíbrio chamado amor e que os homens se regeneram através da conscientização do seu papel no grande cenário da vida, reconhecendo que para a construção da paz e do equilíbrio basta que cada um reconheça que é através da modificação íntima de si mesmo é que se modifica a grande paisagem humana.
(Análise de Fidel Nogueira)
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