Masturbação: como praticar de maneira saudável?
Entenda se existe idade certa e quais os problemas do excesso
"Do ponto de vista da fisiologia e
da saúde, a masturbação é algo natural, parte do desenvolvimento da
sexualidade das mulheres e homens", declara o urologista Valter
Javaroni, do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de
Urologia. Um estudo realizado pela Gossard Lingerie, empresa britânica
de roupas íntimas, descobriu que 92% das mulheres praticam masturbação. A
pesquisa foi feita com mais de 1.000 mulheres com idade entre 18 e 30
anos no Reino Unido, e revelou que nove em cada 10 mulheres admitiram
terem se masturbado pelo menos uma vez naquele ano, enquanto dois terços
delas davam prazer a si mesmas pelo menos três vezes por semana. Diante
desses números é possível afirmar que a prática não é uma exclusividade
masculina, tampouco restrita a um pequeno grupo - e como tal deve ser
feita com os cuidados adequados, evitando doenças e infecções. Tire suas
dúvidas sobre a masturbação com os especialistas:
A masturbação é prejudicial à saúde?
Masturbação é uma questão de escolha, nunca deve ser imposta ou reprimida
Não.
Segundo o urologista Valter Javaroni, a masturbação é uma forma de se
conhecer melhor, que permite ao homem e à mulher aprenderem a perceber
as áreas de maior excitabilidade e as formas de gerar prazer desde o
início da vida sexual. "Trata-se de uma prática tão natural que ninguém
precisa ser ensinado, aprende-se experimentando, tocando e se
conhecendo", diz. A masturbação é uma forma de se preparar para a
relação a dois, ou então passar por períodos de ausência de parceiro e
ainda sim ter orgasmos. Sendo assim, ela não tem idade para começar e
nem para terminar.
Por outro lado, a masturbação não é
necessária ou fase obrigatória na vida de todos. "Para alguns, não
existe sentido em atingir o orgasmo de maneira solitária, sendo mais
agradável com a presença de um parceiro ou parceira", explica o
urologista. Fato é que não existem regras quando o assunto é sexo e
sexualidade, e que a masturbação pura e simplesmente não traz qualquer
malefício à saúde.
A masturbação em excesso faz mal?
Qualquer extremo é prejudicial. Se
masturbar em excesso ou nunca se masturbar são problemas. "Se você não
se masturba nunca porque foi ensinado que não deveria ou sem
justificativa racional, isso interfere negativamente na descoberta e
formação da sexualidade", explica o urologista Valter. É claro que, como
dito anteriormente, a masturbação não é algo obrigatório, mas sua
prática ou falta dela deve partir de uma escolha do indivíduo baseada em
seus gostos pessoais, não na percepção de que a prática é errada ou lhe
fará mal. "Por outro lado, quando a masturbação se torna tão importante
que inibe ou diminui a vida social, bem como a descoberta e conquista
de parceiros que dividam momento íntimo, ela pode afetar negativamente a
saúde sexual", alerta o especialista. Infelizmente, não existe um
limite padronizado para o exagero - vai de cada um avaliar se a prática
está ou não interferindo em outros aspectos de sua vida. "Um ponto de
partida seria perceber se a masturbação solitária está sendo preferida
ao relacionamento com parceiro."
Usar objetos para masturbação pode causar ferimentos e inflamações?
"Muitas pessoas são felizes
utilizando acessórios na masturbação solitária ou junto com o parceiro,
não tendo nada de errado com a prática em si", diz a ginecologista
Caroline Alexandra Pereira de Souza, especialista em reprodução humana e
endoscopia ginecológica. No entanto, é importante que os acessórios
sejam feitos para essa finalidade. Devemos ter em mente que a anatomia
dos órgãos genitais e regiões erógenas foi feita para aumentar a chance
de reprodução e perpetuação da espécie. Por isso o pênis tem uma
proteção na ponta, que é macia e suaviza o trauma e impacto do coito,
enquanto a vagina é distensível e lubrifica-se para receber o pênis.
"Dessa forma, quando vamos usar objetos ou acessórios para aumentar o
prazer, é necessário ter cuidados e se certificar de que ele é
apropriado para a prática e atende essa anatomia", diz o urologista
Valter.
Várias doenças sexualmente transmissíveis não exigem a penetração para ocorrer a transmissão, basta o contato íntimo ou uma ferida nas mãos e dedos da pessoa
Existem
vários acessórios que podem acrescentar algo diferente à prática para
escapar da rotina e que são 100% seguros. "Evite improvisar ou adaptar
nessa área, pois as complicações são sérias e podem obrigar longos
períodos de abstinência para a recuperação", lembra o urologista Valter.
Além disso, problemas gerados pelo mau uso de acessórios durante a
masturbação levam o paciente ao pronto socorro, situação que pode causar
constrangimento. Busque acessórios de qualidade vendidos em lojas
especializadas, desenhados e fabricados com essa finalidade e evite usar
objetos do cotidiano ou mobília para a prática - você corre o risco de
causar feridas em seu órgão sexual e até mesmo infecções.
Preciso usar camisinha na masturbação solitária?
Não necessariamente. Havendo higienização dos objetos e lubrificação adequada, a camisinha é
dispensável para a masturbação. Mas vale a ressalva: caso a mulher se
estimule tanto pela vagina quanto pelo ânus, o ideal seria colocar nas
mãos ou no objeto uma camisinha diferente para cada uma das práticas.
Dessa forma, mantém-se a higiene e evita que a pessoa interrompa a
masturbação para fazer essa lavagem.
É necessário usar lubrificante na masturbação?
Sempre compre acessórios em lojas de confiança e evite improvisar nessa área
Depende
de cada um. "A própria excitação sexual determina a produção de
líquidos fisiológicos que são lubrificantes naturais, tanto no pênis
quanto na vagina", explica o urologista Valter. Mas a situação muda
quando a masturbação é anal. "Nesse caso é importante utilizar, pois o
ânus não possui lubrificação nem quando a pessoa está excitada", diz a
ginecologista Caroline. Procure um lubrificante à base de água e nunca
use outros produtos, especialmente com álcool na composição. E mesmo na
masturbação com a vagina ou pênis, nada impede que seja usado um
lubrificante - tudo depende da preferência e conforto de cada um.
Posso perder a virgindade me masturbando?
O conceito de virgindade é entendido
como ausência de relação sexual com um parceiro. Dessa forma, é
impossível uma pessoa perder a virgindade se masturbando. Por outro
lado, qualquer estímulo pode ser suficiente para a ruptura do hímen, que
é um critério utilizado em perícia para determinar se uma mulher é ou
não virgem - mas esse conceito é equivocado. "Uma mulher pode nascer sem
hímen, ou ele pode se romper em contato com o dedo, com o vibrador ou
até espontaneamente em situações menos comuns", explica o urologista
Valter. Dito isso, a ausência de hímen não deve ser considerada um
critério para a virgindade feminina, e tampouco a masturbação solitária
tirará a virgindade de alguém.
Existe risco de contrair alguma DST ao fazer uma masturbação?
Masturbação em dupla também pede cuidados
Depende.
É possível acontecer uma contaminação quando há masturbação mútua e os
fluidos sexuais estejam contaminados. "Várias doenças sexualmente
transmissíveis não exigem a penetração para ocorrer a transmissão, basta
o contato íntimo ou uma ferida nas mãos e dedos da pessoa", explica o
urologista Valter, que aponta como exemplo clássico o HPV, vírus que é
transmitido apenas pelo contato pele com pele. Caso você não saiba se o
seu parceiro ou sua parceira possui alguma DST, prefira fazer o estímulo com camisinha ou então não masturbar a pessoa, praticando apenas o sexo seguro.
A masturbação interfere no formato ou no tamanho do órgão genital?
Não. "Essas características são
determinadas por fatores genéticos e pelo ambiente intrauterino e
pós-nascimento, relacionado com estímulos hormonais e nutrientes
necessários para que as diferentes fases de evolução da genitália
ocorram de forma normal", explica Valter Javaroni. O desenvolvimento do
órgão genital se dá desde o feto até a adolescência, e as variações de
tamanho ou formato dependem da saúde do indivíduo.
A masturbação pode causar mudanças em nosso corpo?
Prazer não causa alterações no corpo, como crescimento de pelos
Não.
Frases como "masturbação fará os pelos crescerem" ou "fará os seios se
desenvolverem" e outros ditos do tipo não passam de crença, de acordo
com os especialistas. "Durante muito tempo, esses mitos foram usados
para condenar a prática da masturbação, seja por questões religiosas ou
pessoais", diz o urologista Valter. No entanto, a masturbação é uma
prática extremamente normal, que se feita com os devidos cuidados não
causa qualquer tipo de problema.
Quais são os sinais de que há algo errado após ou durante a masturbação?
A dor durante ou depois da prática é
o principal indício. "Feridas que não desaparecem espontaneamente 24
horas depois do estímulo também merecem atenção, e o mais recomendado é
mostrar para o urologista ou ginecologista o quanto antes", ressalta o
urologista Valter. Caso você sinta algo diferente, procure descobrir o
que motivou o problema e busque um especialista.
A higiene é importante? Como deve ser feita da forma correta?
Uma
higiene adequada é de extrema importância, pois só assim é possível
estar seguro contra infecções, inflamações e até mesmo doenças. Para
homens e mulheres, a higiene antes e depois da prática deve ser feita
com água e sabonete neutro, tanto das mãos quanto do órgão genital.
"Evite produtos bactericidas ou germicidas que vão acabar destruindo a
flora natural da região genital", lembra o urologista Valter. O
especialista afirma que um erro comum é o de homens usarem sabonetes
íntimos femininos para fazer a higiene. "São situações totalmente
diferentes, órgão com formatos diferentes e pH é diferente", completa. O
ideal mesmo, para ambos os sexos, é a água com sabonete neutro,
inclusive para higienizar os acessórios sexuais.
A atenção fica redobrada quando a
masturbação é anal. Nesse caso, precisamos lembrar que as bactérias e
germes do reto não devem ser introduzidas na vagina. "O correto é não
misturar as coisas, ou então usar preservativo para a introdução anal e
retirá-lo ou colocar um novo para praticar o estímulo vaginal."
Por Carolina Gonçalves - publicado em 11/07/2013
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