O Grande Regulador e Integrador: como regular o Sistema Nervoso Autônomo (SNA) através da respiração
Ele integra o que chamamos de supersistema neuro-imuno-endócrino, constituindo uma única unidade funcional. Uma alteração em um desses sistemas certamente afetará os outros. Por exemplo, se nos sentimos permanentemente preocupados, frustrados, chateados e com problemas, acabaremos afetando nosso sistema de defesa imunológico, nosso sistema hormonal (endócrino) e nos estaremos predispostos a apresentar alguma dor, por mudanças em nosso sistema neurológico .
O SNA nos capacita a enfrentar melhor as adversidades do meio ambiente, quer sejam estressores emocionais ou perigos reais à nossa integridade física. Cada vez que o organismo se encontra sob ameaça, uma parte do SNA ,chamado sistema nervoso simpático, é acionado. Ele prepara o corpo para “lutar ou fugir”. Depois que o perigo cessa, a contraparte, que se chama sistema nervoso parassimpático, entra em ação para que o organismo volte à normalidade.
Se esse sistema não for “desligado”, por estar disfuncionado, ou por sofrermos agressão contínua de estressores, o organismo apresentará disfunções hormonais, hipertensão, alterações no sono, na fome, cansaço crônico etc. Por isso, para termos saúde, é preciso que o SNA esteja funcionando adequadamente.
A acupuntura age sobre esse sistema, pois o estímulo com agulhas leva ao cérebro impulsos que regulam a função do SNA, levando o organismo ao equilíbrio.
A prática de meditação, ioga, técnicas de controle mental (filtrar os estímulos exteriores que nos afligem) e técnicas respiratórias são aprendizados úteis que ajudam também a normalização desse sistema.
Os monges e iogues estão sempre equilibrados mentalmente, passando a ideia de que nada os afeta, e isso se deve ao fato do trabalho mental dedicado à espiritualidade e também porque meditam longas horas por dia. E durante a meditação há sempre o exercício de uma respiração controlada, que é favorável à manutenção de nossa saúde.
Hoje a ciência explica os efeitos da respiração sobre o nosso sistema nervoso autônomo e comprova como as técnicas de controle mental e respiratório ensinadas há milênios são úteis na manutenção de nossa saúde mental e física.
Exemplo de respiração terapêutica: Respiração Pranayana. Tente fazer esse exercício deitado sobre suas costas.
A respiração deve ser diafragmática lenta e mais profunda. Um ciclo de inspiração mais expiração deve durar em média 10 segundos. Sendo que a inspiração dure 3 segundos e a expiração dure 7 ou mais segundos.
Deve-se inspirar até a plenitude do pulmão, observando o abdômen se expandir (experimente colocar as mãos sobre o abdômen para sentir seu movimento). E na expiração, o abdômen vai murchando, levando o dobro do tempo (experimente deixar seus lábios relaxados e entreabertos, controlando a saída do ar com sua língua encostada no céu da boca).
Deve-se expulsar o ar dos pulmões aos poucos, de forma a controlar a duração do tempo que o ar leva para ser expulso do pulmão.
Nesse processo de lentificar a respiração, a frequência cardíaca também lentifica, levando ao relaxamento da mente e do corpo. Isso é usado para controlar crises de ansiedade extrema, síndrome do pânico, cefaleias tensionais etc.
Com disciplina de prática de 10 a 20 minutos diários, esse exercício funciona como uma “academia” para o nosso sistema nervoso.
Assim como vamos à academia para condicionamento físico e não sofrermos de dores no dia a dia, treinar o SNA através dessa técnica respiratória é preparar o organismo para voltar ao normal com mais rapidez e facilidade, especialmente quando for submetido ao estresse.
Portanto, precisamos urgentemente dedicar alguns minutos de nossa vida para acionarmos esse sistema fantástico de autorregulação interna. Vivendo uma vida plena, com a calma e a tranquilidade de um monge, com a mente produtiva e lúcida, enfrentando de maneira equilibrada todas as atribuições da vida moderna.
Autora: Jeanne Ming Chao , MD - CRM: 14122
Nenhum comentário:
Postar um comentário