Elementos Shamanicos – Água – Corpo Emocional

O PODER DO ELEMENTO ÁGUA

Aprendi
com o pensamento nativo que assim como não devemos bloquear as águas de
um rio, não devemos bloquear nossas emoções, mas sim fazer com que elas
fluam harmoniosamente como às margens de um rio. Pensando nisso, o que
acontece, com águas paradas? O que acontece quando bloqueamos nossas
emoções? O Elemento água está diretamente ligado às emoções, assim como a
Lua.
Como aprendemos a lidar com as emoções no xamanismo?
Quando não estamos bem, por qualquer motivo, sentimos uma sombra
escura, e somos arrastados à medos, depressões, desesperanças. Busca-se a
felicidade, mas, para alguns, ela é sempre temporária, não dura.
As crises pessoais ocorrem quando percebemos a inutilidade de um
velho padrão, mas continuamos insistentemente apegados a ele, porque nos
é mais seguro e familiar.
Para isso precisamos de algo verdadeiro, simples e eficiente, para
poder atravessar as águas das emoções que acompanham as transformações, e
o crescimento que advém das crises pessoais.
Precisamos estar conscientes que na medida da expansão da
consciência, velhas estruturas tendem a cair. O modo antigo vai se
disolvendo, tomamos medidas para entorpecer nosso sofrimento, criamos
ilusões.
A raiva é a lembranças da dor passada e revisitada. A irritação
produz uma substância que se espalha vagarosamente pelo nosso sistema
nervoso, interrompe canais elétricos, contamina a aura.
O medo é a dor da lembranças projetada no futuro. Vivemos num mundo
com um fluxo invisível de águas de sentimentos. E, as vezes somos
inundados pelas ondas das experiências vividas no passado, e quem sabe
em outras vidas.

Não
há como evitar os sentimentos, somos seres humanos. Há como passar por
eles e aprender com suas lições. Negar ou evitar os sentimentos, os
intensificam, eles crescem e se tornam maiores na nossa vivência.
Aceitar, é reafirmar que estamos prontos para acompanhar e transpor o
sentimento de imediato, de maneira que podemos aprender, e crescer na
jornada.
Nos povos primitivos e nas sociedades contemporâneas, o medo, embora
negado, sempre esteve presente na alma humana, e levou a história a
tomar O medo afeta principalmente a áreas:
Nuca – neutralizando emoções e impedindo que as informações cheguem com
clareza ao cérebro, processador das mensagens consccientes e aquivo do
inconsciente. Ficam retidos no pescoço e nos ombros.
Plexo Solar – se a natureza emocional está em níveis baixos, uma
energia se acumula no plexo solar diminuindo a vitalidade e a imunidade
do corpo.
O medo é um sentimento que exerce grande controle e limita nossa
atitude, nossa criatividade. Através de um chamado interior ele vive um
confronto existencial que o força a sair de uma zona de conforto, do
falso brilho, da alienação. Reforçando a coragem e a determinação, o
praticante de xamanismo, mobilizado por visões, introvisões e vivências,
expande a sua consciência, podendo processar transformações de
profundas proporções na sua vida.
Praticar xamanismo é ir em busca da excelência espiritual, é enxergar
a realidade existente por trás dos conceitos, é se harmonizar com as
marés naturais da vida. É trilhar o Caminho Sagrado, atravessando os
portais da mente, das emoções, do corpo e do espírito.
Só você pode transformar a sua vida. O poder de decisão é o poder
pessoal que poderá fazer isto. O xamanismo pode mostrar como abrir
canais para que você descubra quais são as transformações necessárias ao
Seu Ser, para caminhar na beleza e amor na Roda da Vida, para você
seguir o caminho do seu coração e tocar em sua própria verdade
conscientemente.
Kenneth Meadows, em Medicine Way, descreve o Corpo Emocional como um
veículo que nos habilita para experimentar emoções e desejos, amor,
prazer e sentimentos de elevação, assim com sensações de desconforto e
culpa.
O corpo emocional é um veículo mais móvel do que o físico ou energias
corporais, e é também capaz de sentir vibrações que o físico ou energia
corporal é inábil para perceber. O corpo emocional é capaz de converter
pensamentos em sentimentos e vice-e-versa. Ele trabalha com glândulas e
sistema nervoso, através da química e o funcionamento elétrico.
Devido à sua fluidez, as emoções humanas estão relacionadas com a
água. Definindo as emoções como movimento da mente, a energia da mente
pega ou dá impressões através de sentimentos, ou melhor a emoção é uma
energia da mente que pode ser sentida. E é essa energia mental que toca o
Espírito – o coração – e nós somos conscientemente despertos através
dos sentimentos.
A emoção é portanto um poderoso veículo de força e poder, e é também
uma ânsia por expressão. Como a água, ela pode ser agitada e tornar-se
sombria e fora de controle. Nessa condição ela pode debilitar, ser
destrutiva e confusa. Como a água, ela pode estourar na tempestade,
afetando tudo no seu caminho, sem que possa ser controlada. Ou nós
controlamos nossas emoções e as dirigimos, ou ela nos controla.
Emoções estão relacionadas ao passado – que é outro componente da
Direção Norte (Sul no Hem. Norte) da Roda Medicinal – e nos fixa com
pessoal, objetos ou situações. Emoções têm afinidade com a cor vermelha –
a cor da energia da força expressa no plano físico. Para prevenir-nos
de sermos arremessados pelo oceano das emoções, precisamos nos libertar
das fixaçõpes do passado que nos limita e inibe, que causa dor emocional
no presente e que rouba nossos sonhos de futuro.
Cada degrau de apredizado é uma jornada até territórios desconhecidos
e algumas vêzes o medo do desconhecido simplesmente é a causa do
desconhecimento. O mêdo é o inimigo da Direção Norte (Sul no Hem.
Norte).
Existem dois tipos de medo, o medo real e o medo ilusório. O medo
real é devido a pessoa perceber que alguma coisa é possível de
acontecer, com base na sua realidade, em fatos reais. Ao atravessar a
rua, você olha para os lados. Não fica em locais sinistros e conhecidos
como perigosos, etc. Esse medo nos preserva
O medo ilusório é o medo de algo que possa vir a acontecer no futuro.
por exemplo medo do dinheiro acabar e no presente está bem
financeiramente, de um ataque do coração quando você goza de boa saúde. O
medo do que poderá acontecer se wseu parceiro te abandonar, mesmo sendo
boa a relação atualmente. O medo de falhar num exame, mesmo estando
preparado para ele, etc.
O maior medo da humanidade é o ilusório. É esse o medo que devemos
nos livrar. Como? Não é fugindo dele, mas encarando-o com claridade da
mente. Aplicando claridade na mente e tendo conhecimento de como lidar
com a situação que chega para você do tamanho que ela é.
Victor Sanches em “Ensinamentos de Don Carlos (Castañeda)”:

Convém fazer uma distinção, para fins práticos, entre emoções e sentimentos.
A distinção é bem mais simples do que se poderia supor, enquanto os
sentimentos são uma reação natural ao fato de nos darmos conta, de
percebermos, as emoções, por sua vez, são o produto não da percepção,
mas do pensamento; da razão (que geralmente não é muito razoável no
homem comum). Os sentimentos não são desgastantes, ao passo que as
emoções o são em alto grau.
Os sentimentos básicos, alegria, tristeza, surgem do fato de dar-se conta.
Nosso corpo por exemplo, quando entrevê seu destino fatal, nos avisa
por meio de uma tristeza ou melancolia que não é dolorosa nem
desgastante, e sim nos deixa limpos de mesquinharias e nos faz bem.
Assim, também a alegria genuína, aquela que brota bem dentro, que não
precisamos provocar artificialmente com piadas ou comédias, surge de um
ato de dar-se conta que não passa pela razão, ocorre quando nosso ser
percebe algo que o alegra.
Não precisamos pensar para sentir a felicidade por uma vida que
nasce, que se movimenta, por uma caricia ou um olhar que nos abraça, por
um beija-flor libando o néctar ou por uma árvore a dançar com o vento.
Já as emoções não surgem da percepção, mas do pensamento, não
poderiam ocorrer se não pensássemos e, além disto, ao deixar a percepção
em segundo plano, as emoções nos colocam em situação de dificilmente
podermos lidar com a nossa realidade de maneira sensata.
Exemplos típicos de emoções são : ira, o ciúme, o rancor, a inveja, a autocompaixão, a depressão autodestrutiva, etc.
Nenhuma dessas emoções pode ocorrer se não tivermos previamente os
pensamentos adequados. Quem pode zangar-se sem pensar?…Ninguém ! Para
alguém zangar-se, primeiro é preciso falar consigo mesmo e dizer-se que o
que lhe fizeram não foi justo, que não merecia, ou pensamentos
semelhantes. quem não acreditar, tente zangar-se sem palavras ou
pensamentos.
Segue Victor Sanches em “Ensinamentos de Don Carlos (Castañeda)”:
Consideremos o exemplo de um namorado que sente ciúmes porque viu a
sua parceira conversar muito sorridente com outro homem. Esse é o fato
simples: alé há uma mulher (a namorada) conversando com um homem (o
desconhecido) e ela sorri. Por acaso esse fato provoca ciúmes? Não! O
que produz a emoção desgastante do ciúme é o fato de o apaixonado em
questão, a partir de sua “história pessoal”, seja porque viu muitos
filmes, ouviu demais as “canções de amor” do rádio ou viveu o desamor de
seus pais, ao ver a sua namorada conversando e sorrindo, começar a de
modo compulsivo a falar consigo, mentalmente, que ela não tem porque
traí-lo assim, que única pessoa a arrancar sorriso da moça devia ser
ele, que ele não a engana com outras mulheres ou pelo menos não o faz
tão descaradamente, que ela o está desrespeitando, etc, etc.
Este tipo de pensamento e não os fatos em sí provoca essa dolorosa e desgastante experiência do ciúme.
Pouco importa no caso se a mulher estava conversando com um primo, se
apenas batia um papo com um amigo ou se tinha mesmo outro amante, o
ciúme não vem dalí, mas da cabeça do ciumento.
Assim que afundamos no acesso emocional, a realidade afasta-se cada
vez mais; mais nos falamos, menos percebemos e assim por diante. Estando
tão longe da realidade, como poderíamos lidar com ela? Naturalmente, a
violenmtamos e somos capazes de acabar com qualquer vestígio de amor ou
beleza presente e ainda achar que somos vítimas. Assim acontece com os
humanos, por isso vale mais lutar para virar um guerreiro.
Como o conjunto das nossas ações, as emoções também são repetitivas e
estão determinadas pela “História Pessoal” . Desse modo, cada qual tem
seus próprios “hábitos emocionais ” e estes serão uma das suas formas
pessoais de esbanjar energia e enfraquecer. por isso, não é difícil
descobrir, se fizermos um exame cuidadoso, que os conflitos e problemas
emocionais da vida da gente se repetem ciclicamente. Não importa que
mudemos pessoas e lugares, os problemas se repetem muitas vezes.
Tudo isto vale para as outras emoções, tão perniciosas e geradas da mesma forma.
Mas agora sabemos um segredo que, se usado na prática, é um tesouro
de valor incalculável: as emoções não podem ocorrer sem pensamentos, e
ainda, não podem ocorrer sem os pensamentos apropriados.
Isso nos coloca frente a frente com uma forma direta de economia de
energia. Se estamos prestes a cair em alguma emoção desgastante, podemos
simplesmente entrar num estado de Silêncio Interior e a emoção
desgastante não poderá acontecer. Se esta alternativa está fora das
nossas atuais possibilidades, mudemos então o conteúdo do diálogo
interior; façamos uma canção com os nossos pensamentos, pensando neles
em rima, de trás para frente, num idioma estranho, ou concentremo-nos
por inteiro na taboada, ou alguma canção infantil, no caso tanto faz,
sem os pensamentos apropriados, a emoção não se apresenta.