A lei do carma, ou de causa e efeito
Toda ação gera uma força energética que retorna a nós da
mesma forma. O que semeamos é o que colhemos.
E, quando escolhemos ações que levam felicidade e sucesso
aos outros, o fruto do nosso carma é a felicidade e o sucesso, também.
Carma é a eterna afirmação da liberdade humana. Nossos
pensamentos, nossas palavras, nossos atos, são fios de uma rede que tecemos ao
redor de nós mesmos.
A palavra carma significa o conjunto das ações dos homens e
suas consequências. É a causa e efeito simultaneamente, porque toda ação gera
uma força energética que retorna para nós da mesma forma.
É bem conhecido o ditado: “Você colhe aquilo que semeia”.
Portanto, não há nada de misterioso na lei do carma. Obviamente, se desejamos
felicidade, precisamos aprender a semear felicidade. Carma implica, então, em
escolha e ação conscientes.
Tanto você quanto eu somos escolhedores infinitos. Em nossa
vida, a todo momento, entramos no campo de todas as possibilidades, onde temos
acesso a uma infinidade de escolhas. Algumas dessas escolhas são feitas
conscientemente. Outras, não. Portanto, a melhor maneira de entender e utilizar
ao máximo a lei do carma é estar conscientemente alerta para as escolhas que
fazemos a todo momento.
Quer você goste ou não, tudo o que está acontecendo neste
momento é o resultado de escolhas feitas no passado (uma vez que o carma define
o nosso destino). Infelizmente, muitos fazem escolhas inconscientes e, por
isso, acham que não são escolhas. Mas, são!
Se eu o insulto, é provável que você escolha se ofender. Se
eu lhe faço um cumprimento, é provável que você escolha sentir-se grato e
envaidecido. Pense bem: É sempre uma escolha.
Eu posso insulta-lo e ofende-lo e você escolher não se
ofender. Da mesma maneira, posso lhe fazer um cumprimento e você escolher não
se sentir envaidecido.
Em outras palavras, toda pessoa constitui – mesmo sendo um
escolhedor infinito – um feixe de reflexos condicionados. Eles são disparados,
constantemente, por circunstâncias e por pessoas, resultando em comportamentos
previsíveis. Esses reflexos condicionados são iguais ao condicionamento
pavloviano. Pavlov é conhecido por demonstrar que um cão, ao receber comida
sempre que se fizer soar uma campainha, começará a salivar sempre que ouvir a
campainha. Ou seja, o animal desenvolve um reflexo condicionado, ao associar um
estímulo (comida) ao outro (som da campainha).
Também nós, devido ao condicionamento, temos respostas
repetitivas e previsíveis aos estímulos do ambiente. Nossas reações parecem ser
disparadas automaticamente por pessoas e por circunstâncias. No entanto,
esquecemos um fato: Essas reações são, também, escolhas que fazemos a todo
momento. Simplesmente, estamos escolhendo inconscientemente.
Se você parar um pouco e começar a observar suas escolhas no
momento em que elas ocorrem, mudará esse aspecto de inconsciência. O simples
ato de observá-las transfere todo o processo do terreno do inconsciente para o
terreno do consciente. Esse procedimento – escolher e observar conscientemente
– é muito enriquecedor.
Quando você faz uma escolha – qualquer uma – pergunte-se
duas coisas: Primeira, “Quais serão as consequências da escolha que estou
fazendo ?”; Segunda, “Essa escolha trará
felicidade a mim e aos outros ao meu redor ?”
A resposta à primeira questão você sentirá no seu coração e saberá
imediatamente quais serão as consequências. Quanto à segunda questão, se a
resposta for sim, então persista nessa escolha. Se for não, escolha outra
coisa. É bem simples, mesmo!
Entre a infinidade de escolhas disponíveis a cada segundo,
só existe uma que trará felicidade a você e aos que estiverem perto. E, quando
você faz essa escolha, ela resulta numa forma de comportamento chamada de ação
correta espontânea. A ação correta espontânea é o momento certo. É a resposta
certa para uma situação, no instante em que é dada. É a ação que nutre você e
todos os que forem influenciados por ela.
Há um mecanismo muito interessante no universo para ajudar a
fazer escolhas espontâneas corretas. Esse mecanismo relaciona-se com as
sensações físicas. Nosso corpo conhece dois tipos de sensações: Uma é a do
conforto; a outra é do desconforto. Imediatamente antes de fazer uma escolha
consciente, observe seu corpo enquanto faz a pergunta: “Se eu escolher isso, o
que acontecerá?”. Se o seu corpo enviar uma mensagem de conforto, é a escolha
certa. Se o seu corpo enviar uma mensagem de desconforto, a escolha não é a
adequada.
Para alguns, a mensagem de conforto e desconforto se dá na
região do plexo solar. Para a maioria, no entanto, se manifesta na área do
coração. Conscientemente, preste atenção nessa área do coração e pergunte a ele
o que fazer. Depois espere pela resposta – uma resposta física, na forma de
sensação, mesmo que seja muito leve. O importante é que está lá, em seu corpo.
Somente o coração
conhece a resposta certa. Muita gente acha que o coração é piegas e
sentimental. Não é. O coração é intuitivo. É holístico. É contextual. É
relacional. Não se orienta por perdas e ganhos. Ele está conectado ao
computador cósmico, ao campo da potencialidade pura, do conhecimento puro e do
poder da organização infinita, que leva tudo em conta. Às vezes, pode até
parecer irracional, mas o coração tem uma capacidade mais acurada e muito mais
precisa de processar dados do que qualquer outra coisa que exista nos limites
do pensamento racional.
Você poder usar a lei
do carma para gerar dinheiro e abundância e atrair para si o fluxo de todas as
coisas boas, no momento que quiser. Mas, antes, precisa estar consciente lúcido
de que o seu futuro é resultado das escolhas que faz a todo momento da sua
vida. Se fizer isso regularmente, estará fazendo pleno uso da lei do carma.
Quanto mais escolhas você fizer no nível da percepção consciente, mais corretas
e espontâneas serão as escolhas – tanto para si, quanto para os que estão ao
seu redor.
E o carma passado? Como ele influencia você agora? Há três
coisas que poder ser feitas em relação a isto. Uma é pagar os seus débitos do
carma passado. É o que a maioria das pessoas escolhe fazer, embora
inconscientemente. Isto também é uma escolha. Às vezes, há muito sofrimento
envolvido no pagamento desses débitos, mas a lei do carma é bem clara: diz que
nada do que se deve ao universo fica sem pagar. Há um perfeito sistema de
acerto de contas nesse universo, uma constante troca de energia “de” e “para”.
A segunda coisa que você pode fazer é transmutar, ou
transformar, o seu carma numa experiência mais agradável. Esse é um processo
muito interessante. Você pode se perguntar, quando está pagando um débito: “O
que eu estou aprendendo com essa experiência? Por que isto está acontecendo?
Qual é a mensagem que o universo está me transmitindo? Como posso tornar útil
esta experiência para os meus semelhantes?”
Ao fazer isto, você enxerga a semente da oportunidade e ata
essa semente ao seu darma, que é o seu propósito de vida. Isso lhe permitirá
transmutar o carma numa nova expressão.
Por exemplo, se você quebrar a perna jogando bola,
pergunte-se: “O que esta experiência está me ensinando, que mensagem o universo
está me ensinando, que mensagem o universo está me enviando ?” Talvez seja a
mensagem de que você precisa diminuir o ritmo e ter mais cuidado e atenção com
o seu corpo da próxima vez. E, se o seu darma for transmitir aos outros o que
sabe, então, ao se perguntar, “como eu posso tornar mais útil aos meus
semelhantes?”, talvez você decida compartilhar o que aprendeu escrevendo um
livro, ou jogando bola com mais cuidado. Talvez até desenhe um sapato especial,
ou um protetor de perna, que evite esse tipo de ferimento a outras pessoas.
Dessa forma, enquanto paga o seu débito com o carma do
passado, você está convertendo adversidade num benefício que poderá lhe trazer
riquezas e satisfações. É a transmutação do seu carma numa experiência
positiva. Você não se livra realmente do carma, mas consegue usar um episódio
para criar um carma novo e positivo.
A terceira maneira de lidar com o carma é transcendê-lo. Ou
seja, é entrar em contato com o seu íntimo, com a alma, com o espírito. É como
lavar roupa suja no riacho. A cada vez que você mergulha a roupa na água,
elimina algumas manchas. Continua mergulhando e a roupa vai ficando cada vez
mais limpa. Você limpa, ou transcende os obstáculo do seu carma, entrando e
saindo do seu EU profundo, do seu íntimo. Isso pode ser feito através da
meditação.
Todas as nossas ações são episódios ligados ao cama. Beber
uma xícara de café, por exemplo, é um deles. A ação gera memória, a memória tem
a capacidade ou o potencial de gerar desejo, e o desejo gera novamente a ação.
Os processadores operacionais da sua alma são o carma, a memória e o desejo. A
alma é um feixe de consciência que contém as sementes do carma, da memória e do
desejo. Tornando-se consciente dessas sementes, você passa a ser um gerador
consciente da realidade. Ao se transformar em um escolhedor consciente, você
passa a gerar ações transformadoras para si e para os que estão ao seu redor. E,
é só isso que precisa fazer.
E, como o carma é transformador – tanto para o seu íntimo
quanto para todos os que são afetados por ele – seu fruto será a felicidade e o
sucesso.
Você pode colocar a lei do carma ou de causa e efeito em
ação assumindo o compromisso de dar os seguintes passos:
1) Observar as
escolhas que vai fazer hoje a todo momento. E, na observação dessas escolhas,
trazê-las para a percepção consciente. Ter bem claro que a melhor maneira de se
preparar para todos os momentos do futuro é estar plenamente consciente do
presente.
2) Toda vez que
for fazer uma escolha, pergunte: “Quais serão as consequências desta escolha
?”; “Esta escolha trará satisfação e felicidade a mim e aos outros que serão
afetados por ela ?”
3) Pedir então,
orientação ao coração e seguir a mensagem enviada por ele, de conforto ou de
desconforto. Se a escolha for de conforto, entregar-se totalmente a ela. Se a
escolha for de desconforto, parar para ver as consequências daquele ato
com a sua visão interior. Essa
orientação permitirá fazer escolhas corretas espontâneas tanto para você quanto
para os que o circundam.
Deepak Chopra
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