Miyamoto Musashi foi um grande samurai no Japão medieval. Usava a espada longa e a espada curta, uma em cada mão. Quando jovem, fora muito violento, provocando brigas e desafiando para duelos qualquer um que encontrasse. Foi preso. Havia um monge, chamado Takuan Osho, que o conhecia desde pequeno. Tornou-se responsável pelo prisioneiro. Trancou-o numa torre por três anos, com livros de estratégia de guerra e autoconhecimento. Musashi aprendeu. Depois disso, costumava dizer que estava sempre lutando consigo mesmo. Cada adversário era um aspecto de si mesmo, que devia respeitar e superar.
Certa vez, foi atacado por 25 samurais. Saiu vivo, mas muito ferido. Quando lhe perguntaram qual a estratégia que usara, respondeu: “Um a um”. Podemos responder aos ataques que sofremos, simultâneos, de 25 solicitações imediatas e sair inteiros? Somos capazes de tratar cada assunto por vez, com habilidade e tática? O exemplo de Musashi Sensei é para nossa vida diária. Não é apenas uma história antiga de um país distante.
Houve outra ocasião em que ele se hospedou em uma pousada muito simples. Os espadachins de nível inferior que estavam lá vieram provocá-lo. Ele fazia sua refeição, comendo com hashis. Os homens falavam de maneira grosseira e imprópria, e ele, Musashi Sensei, pegava no ar as moscas que voavam em torno da comida. Depois de haver pegado mais de dez moscas e não ter ficado bravo com o desrespeito dos outros, estes se deram conta da habilidade do mestre e foram saindo de fininho. Pessoas fortes e poderosas não precisam gritar, espernear e reagir a insultos. Mantendo a calma, a tranquilidade, são capazes de observar os outros sem ficar envolvidas pelas mesquinharias e superficialidades. Sinto pena das moscas.
Musashi Sensei não morreu lutando. Sua última batalha foi à beira-mar. Ele sabia que seu oponente usava uma espada longa, maior que a sua. Estava em desvantagem. O outro talvez fosse, nesse momento, o mais bem treinado espadachim daquela época. Procurava a fama de derrubar Musashi Sensei. Este, com sabedoria, usou estratégias. Primeiro, fez para si mesmo uma longa espada de madeira e não usou nenhuma lâmina cortante. Segundo, chegou tarde para o encontro – o que desestabilizou emocionalmente seu oponente. Terceiro, aproveitou-se da luz do sol ao amanhecer para se colocar em posição correta a fim de que o sol perturbasse a visão de seu oponente. Talvez Musashi Sensei não fosse o mais rápido e eficiente com a espada, mas foi o mais hábil e venceu.
Depois disso, aposentou-se. Escrevia poemas e fazia pinturas, usando com delicadeza e perfeição os pincéis japoneses. Até hoje é modelo de honra, dignidade, sabedoria, habilidade e estratégia para todos os que apreciam a arte da espada. E também é modelo para cada um de nós.
Fonte: A sabedoria da Transformação – Reflexões e experiências, Monja Coen, Academia
A seguir, nove princípios de estratégia baseados na sabedoria de Miyamoto Musashi, autor do clássico "O Livro do Cinco Anéis":
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