A hipófise, ou pituitária, sempre foi alvo de intensa curiosidade para os cientistas, que procuravam descobrir quais são as funções dessa misteriosa glândula, situada logo abaixo do nosso cérebro, na altura do nariz, em direção à nuca. Na Grécia Antiga, a curiosidade se voltou para a haste que 'segura' a hipófise, pela qual a glândula recebe e envia informações ao hipotálamo. Na opinião dos gregos, essa haste transportava o “espírito vital” da corrente sanguínea para o cérebro. Recebia de volta secreção cerebral que descia até a hipófise e seguia até a cavidade nasal como muco (em grego, pituita, daí a nome da glândula). É admirável saber que há 2.500 anos os gregos já suspeitavam que a pituitária seria um elo entre o cérebro e o resto do corpo humano. Só no fim do século XIX é que se suspeitou que a hipófise poderia secretar hormônios, e que tanto o excesso de certas secreções como a falta de algumas substâncias hormonais poderiam levar a várias doenças já conhecidas na época.
Quais hormônios são secretados pela glândula?
Com o melhor conhecimento da fisiologia da pituitária, notou-se que a famosa haste dos gregos antigos é, de fato, a 'ponte' que leva e traz informações vindas de núcleos de células cerebrais na área do hipotálamo. Hoje sabemos que esses núcleos secretam substâncias que estimulam a hipófise a 'fabricar' hormônios. Um exemplo da coordenação entre o cérebro e o sistema hormonal é a puberdade. O cérebro já está programado para indicar quando deve começar o estímulo aos hormônios e quando eles têm sinal verde para começar a transformação de uma criança em um adolescente. Gostamos de comparar este complexo sistema a um despertador de relógio. O despertar da puberdade ocorre quando os núcleos do hipotálamo passam a enviar mensagens bioquímicas para que a hipófise inicie o processo de secretar hormônios — e estimule os ovários nas meninas e os testículos nos meninos.
Desde a vida fetal, no útero materno, a hipófise já funciona estimulando a tireóide a trabalhar por meio da secreção de um hormônio conhecido como TSH. Outro hormônio muito importante ainda na vida fetal é o de crescimento (GH), secretado de forma contínua para que a criança tenha um desenvolvimento normal. A hipófise também controla as glândulas supra-renais por um hormônio chamado ACTH. Outro hormônio, a prolactina, estimula a lactação logo depois do parto.
As notáveis características da hipófise
É impressionante como essa pequenina estrutura é capaz de fazer coisa. Pesando cerca de 600 miligramas, a hipófise é dividida em duas porções: a anterior, ou adenoipófise, que fornece os hormônios que controlam as outras glândulas do corpo, e a posterior, ou neuro-hipófise, que basicamente regula nosso metabolismo quando se trata de água e sais minerais. A glândula, portanto, é um verdadeiro centro de regulagem e manutenção do nosso sistema hormonal. É indispensável desde a vida fetal, para que a criança em gestação tenha o estímulo necessário para começar a produzir hormônios da tireóide. Eles são absolutamente essenciais para que o recém-nascido tenha crescimento normal e ótimo desenvolvimento cerebral. Da mesma forma, o hormônio de crescimento (GH) é extremamente importante para o estímulo das zonas de crescimento ósseo, mesmo depois do término do período de crescimento da criança e do adolescente. É curioso saber que o GH é secretado à noite, durante o sono da criança, em repetidos picos. Eles são mais freqüentes quando o período de crescimento é mais intenso. O GH também é secretado durante o dia, principalmente quando a criança pratica exercícios aeróbicos.
Entre os outros hormônios regulados pela hipófise está o ACTH, que controla a secreção dos vários hormônios das glândulas adrenais (como a cortisona), importantes no controle dos níveis de sais minerais, como o potássio e o sódio. O LH e o FSH são indutores da puberdade e permitem, na vida adulta, que ocorra a ovulação na mulher. Também estimulam a função hormonal masculina e a produção de espermatozóides. Por fim, a hipófise também produz a prolactina — que, como o nome indica, está ligada ao estímulo pós-parto para que as glândulas mamárias produzam o leite essencial à nutrição do recém-nascido.
Quando a hipófise funciona pouco (ou demais)
Quando a hipófise provoca uma produção exagerada de hormônio de crescimento antes da puberdade, pode ocorrer o gigantismo. O adolescente cresce de forma rápida e intensa, alcançando estatura digna de figurar no livro dos recordes. Quando o hormônio de crescimento é secretado em profusão na vida adulta, surge um problema chamado de acromegalia. Quando isso ocorre, há crescimento da face, mandíbulas, mãos, pés, órgãos internos (incluindo fígado e coração), vértebras e sistema ósseo em geral. Já a secreção anômala da prolactina pode levar a produzir leite fora do período de aleitamento pós-parto (problema conhecido como galactorréia). Durante a gravidez, a hipófise aumenta de volume, a circulação se amplia e a quantidade de hormônios produzidos se eleva. Logo depois do parto, a hipófise volta ao tamanho normal. Às vezes pode ocorrer um distúrbio circulatório que 'destrói' parcialmente a hipófise no pós-parto. Esse fato leva à dramática falta de funções da pituitária, provocando a necessidade de reposição dos hormônios que estão faltando.
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