segunda-feira, 23 de setembro de 2013

DESPERTANDO A CONSCIÊNCIA - AS ARMADILHAS DO EXCESSO DA VAIDADE

 AS ARMADILHAS DO EXCESSO DA VAIDADE



Em uma época de informações on-line e de tecnologia avançada, é quase impossível não se contaminar pelo mar de novidades que recebemos a cada dia. Uma pesquisa divulga que chocolate faz bem, e lá vamos nós todos comer chocolate. Divulga-se outra pesquisa informando que chocolate faz mal. Lá vamos nós parar de vez com o chocolate. Um cálice de vinho, meditação, 50 escovadas no cabelo, gengibre, soja, linhaça dourada, exercícios físicos, ração humana, toxina botulínica, receita caseira para a pele, ufa! E tudo isso para travarmos uma batalha impossível de ser vencida, pois não adianta lutarmos contra o tempo. Os anos passam, os cabelos brancos vêm, as rugas chegam e, por mais que a tecnologia evolua e drible algumas questões, na época atual estamos beirando o ridículo quando temos sessenta anos e acreditamos poder voltar aos dezesseis.
Certa vez eu estava em um restaurante e vi uma menina de costas. Ela estava de minissaia, cabelos louros e compridos, vestida em um estilo bem adolescente. Eu não a conhecia, então continuei andando. De repente, ouvi a voz de uma senhora de idade me chamando: “Não reconhece mais os amigos?” Quando me virei, a menina de minissaia aparentava uns sessenta e cinco anos e a reconheci pela voz e pelos olhos. Era uma pessoa que eu não via há algum tempo e que havia feito tantas cirurgias que estava incognoscível. Não quero fazer julgamentos, pois nada tenho a ver com a vida das pessoas. Cada um é livre para exprimir-se do jeito que melhor lhe aprouver. O que acontece é que, quanto mais as pessoas por aí tentam corrigir sua imagem no espelho, mais tristes e infelizes elas se tornam, porque a cirurgia que precisa ser feita é na alma, para que elas se aceitem do jeito que são, que consigam divertir-se consigo mesmas, sentir amor por si mesmas.
Muitas vezes, a pessoa nasce com um corpo que ela não considera o ideal porque justamente aquele nariz que ela não suporta vai aflorar nela situações de timidez que ela precisa curar. Então, ela vai lá e “corta” a metade do nariz e então se sente melhor, percebendo que isso funciona. Então, ela pensa: “Ah, se funcionou com o nariz, deve funcionar com as orelhas”. Depois com os seios, e a barriga, e os braços etc., até que a pessoa fique com a saúde em risco, com suas expressões descaracterizadas ou com problemas mentais, porque ela já nem sabe mais quem é.
Em uma viagem que fiz a trabalho, comecei a observar as mulheres que entravam no avião. Surpreendentemente, as mulheres de uma mesma faixa etária possuíam os cabelos, as bocas e os olhos todos iguais. Rostos tristes, cansados, decepcionados... Uma aplicação de botox não pode trazer autoestima, porque ela nada tem a ver com imagem corporal, e sim com a consciência de gostarmos de ser do jeito que nós somos. Cirurgias não curam a autoimagem distorcida que muitas pessoas enxergam no espelho. Isso vem de dentro; portanto, antes de tomar qualquer decisão cirúrgica, tome uma decisão que vai melhorar a sua alma, pois ela é imortal, ela não perece e não sofre com o tempo, só melhora. O envelhecimento do corpo é importante para lidarmos com o nosso orgulho e aceitarmos que nosso corpo físico é mortal e perecível.
A vaidade tem limites e não é a coisa mais importante do mundo. Isso nós só percebemos quando vamos adquirindo maturidade, o que pode ocorrer aos oito ou aos oitenta anos. Existem muitas crianças maduras e muitos idosos infantis. Pense nisso!

 Patrícia Cândido

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