sábado, 16 de fevereiro de 2013

TANTRA - O CAMINHO DO AUTO-CONHECIMENTO




 Origem da expressão

A palavra "tantra" é composta por duas raízes acústicas: "tan" e "tra". "Tan" significa expansão e "Tra" libertação.
Tal denominação tem as suas raízes em fatores históricos muito sutis, pois esta filosofia comportamental, durante a época medieval, foi severamente reprimida na India Hinduista, fortemente espiritualizada. Esta era a forma como os seguidores desta filosofia a viam. Libertadora, mas mantida em segredo (na escuridão)[1].
Dispondo de imensos significados e interpretações, mais ou menos corretos, tais como teia, trama ou entretecido. Tantra pode ser interpretado, mais correctamente, como algo que é regulado por regras gerais[1].

 Descrição

Tantra é uma filosofia hindu muito antiga cuja natureza comportamental mais lhe faz delinear, tendo por características: matriarcal, sensorial, naturalista e desrepressora [carece de fontes?], também é o Tantra um complexo sistema de descrição da realidade objetiva tornando-o assim uma ciência prática e aplicável, sendo a base do pensamento de um povo muito muito antigo que até hoje faz ecoar sua influência sobre a sociedade contemporânea.
Nas sociedades primitivas não-guerreiras, na qual a cultura não era centrada na guerra, a mulher era fortemente exaltada e até mesmo endeusada, na medida em que dava vida a outros seres humanos. Dai, a qualidade matriarcal. A partir dessa qualidade desdobra-se a qualidade sensorial ("a mãe dá à luz pelo seu ventre e alimenta o filho pelo seu seio") e a desrepressora, tendo que a mãe é sempre mais carinhosa e liberal que o pai, pelo facto de o filho ter nascido do seu corpo e a própria natureza, normalmente, ter o macho de mais agressivo [carece de fontes?].
Baseado quase inteiramente no culto de Shiva e Shakti, o tantra visualiza o Brahman definitivo como Param Shiva, manifesto através da união de Shiva (a força ativa, masculina, de Shiva) e Shakti (a força passiva, feminina, de sua esposa, conhecida também como Kali, Durga, Parvati e outras).
Está centrado no desenvolvimento e despertar da kundaliní, a "serpente" de energia ígnea, de natureza biológica e manifestação sexual, situada na base da espinha que ascende através dos chakras até se obter a união entre Shiva e Shakti, também conhecida como samadhi.
No Tantra, ao contrário da maioria das filosofias espiritualistas, se vê o corpo não como um obstáculo mas como um meio para o conhecimento, para o Tantra, todo o complexo humano é vivo e possui consciência independente da consciência central e por isso mesmo é merecedor de atenção, respeito e reconhecimento, para tanto, usa mantras (vocalização de sons e ultra sons em sânscrito), yantras (figuras geométricas, desde simples a complexas, como mandalas, por exemplo, que representam as diversas formas de Shakti) e rituais que incluem formas de meditação de grande complexidade (realizadas apenas com apoio de um guru experiente, pois podem ser fatais).
Afirma-se que poucas pessoas estão prontas para o tantra, principalmente aquelas tipo pashu-bava (disposição animal). A observância da honestidade, respeito aos mais velhos, limpeza corporal, limpeza ritual através de orações e outros processos, por longos anos, deve levar ao abandono dos desejos, ambição, etc. Se ainda assim estas características persistirem, a pessoa não está apta para o tantra. Portanto, mais ainda que outros yogas, o tantra, seja hindu ou budista, é um sistema que depende de um guru e que tem poucos adeptos fora da Índia.

 Os dois ramos

Segundo alguns autores o tantra é composto por dois ramos denominados a "mão esquerda" e a "mão direita". Embora o objectivo geral dos dois seja o mesmo, os processos utilizados diferem. A "mão esquerda" está ligada muitas vezes à procura de poderes ocultos e à extroversão de energia psíquica sob forma de capacidades supra-normais. A "mão direita" está ligada à canalização de toda a energia para a elevação espiritual do ser humano. Este é também conhecido como Vidya Tantra ou tantra do conhecimento e a mão esquerda como Avidya Tantra. O tantra correctamente praticado acelera rapidamente o progresso espiritual do ser humano. Apesar disso o tantra é muitas vezes encarado com desconfiança devido a certos aspectos do avidya tantra. É bem conhecido o fato de que o Budismo Tântrico sempre enfatiza a necessidade de supervisão por um orientador de confiança.

 Influência no ocidente

Alega-se que o tantra teve forte influência no ocidente nas ciências ocultas. Diversos ramos do ocultismo contemporâneo, particularmente os que se dizem gnósticos ensinam alguma versão de "sexo sagrado", e são conhecidos pela expressão "espermo-gnósticos".
Muito da linguagem sexual encontrada na alquimia supostamente tem sua origem em tradições orientais relacionadas com o Tantra.
Particularmente a linha thelemita, fundada pelo polêmico mago e ocultista do início do século XX, Aleister Crowley, alega ter levado essa influência ao seu maior extremo e se apresenta como um tantra ocidentalizado.
Outra linha tântrica, que pode ser chamada de Tradição da Mão Direita, foi muito difundida, Arnold Krumm-Heller e Samael Aun Weor. Para eles, o Tantra teria como "braço mágico" certas práticas que canalizariam a energia sexual para o Despertar da Consciência Espiritual
13. O prazer como alavanca para a evolução interior
 A proposta do tantra é desencadear autoconhecimento e evolução interior a partir do prazer. É o exacerbar do prazer físico a tal dimensão que irá extrapolar os limites físicos e transbordar levando ao aprimoramento. A corrente tântrica produz portanto aprimoramento através do prazer.

Vários povos, ao longo de várias épocas, utilizaram estas técnicas: existe um Budismo tantrico, um Taoísmo tantrico, um Yôga tantrico e até mesmo um Cristianismo tantrico.

14. A relação sexual


No tantra, a relação sexual é denominada maithuna. O maithuna compreende, desde que haja intenção, oito maneiras diferentes de se estabelecer contacto sexual:
-         Olhar para alguém do sexo oposto;
-         Andar com alguém do sexo oposto;
-         Falar com alguém do sexo oposto;
-         Pensar em fazer sexo com alguém do sexo oposto;
-         Desejar a união sexual com alguém do sexo oposto;
-         Propor a união a alguém do sexo oposto;
-         Ter a determinação quanto ao acto sexual com alguém do sexo oposto;
-         Cumprimento do acto sexual com alguém do sexo oposto.

Ao contrário dos costumes arianos, o tantra não trata questões morais ou depende dos modismos sociais. No tantra não há dogmas e muito menos culpa ou pecado, conceitos típicos das tradições patriarcais.

Na tradição tântrica, ao contrário da tradição brahmácharya, a mulher ocupa um papel preponderante: é ela quem, de modo geral, toma a iniciativa para o sexo. Uma forma de identificar a influência do tantra numa escultura ou pintura hindu, que represente um homem e uma mulher, é verificar se a mulher está por cima ou à frente do homem (em primeiro plano).

15. O contacto sexual sem orgasmo


No Dakshinacharatantra, o contacto sexual sem orgasmo é uma opção recomendada. De notar que orgasmo e ejaculação são coisas diferentes: o orgasmo é a energia que se descarrega no final da relação; ejaculação é a matéria orgânica (sémen) que se elimina em simultâneo com o orgasmo, ou não. Para o tantra apenas interessa o aproveitamento dessa energia, o orgasmo (que usualmente é desperdiçada no final da relação, quer na mulher, quer no homem).
Com a sua postura desrepressora, o tantra conhece as funções, dá ênfase e tira proveito da prática do maithuna, permitindo o desenvolvimento das potencialidades do ser humano, levando-o ao auto-conhecimento. Apesar de o tantra o ensinar há muito, só agora começa a ser confirmado através de pesquisas científicas feitas no mundo inteiro sobre a energia orgástica.
Analisando os dois gráficos abaixo, constatamos que no primeiro há uma subida de excitação, uma brusca elevação (orgasmo), e em seguida a depressão rápida até ao nível zero. No segundo gráfico, observamos que antes da energia sexual chegar ao clímax e culminar no orgasmo, o praticante diminui a intensidade do contacto, deixa que o corpo se restabeleça, e dá continuidade ao exercício. Exercício esse que pode durar alguns minutos e prolongar-se por várias horas.
Na relação sexual do tantra, o que ocorre na esfera genital com a ampliação energética, é que a excitação e o prazer vão tomando conta de todo o corpo e psiquismo do praticante.
Com o desenvolvimento da potência sexual e da contenção do orgasmo, pode-se entrar em níveis de consciência supra-humanos (sabe-se há muito que o ser humano utiliza apenas 10% das suas capacidades). É por este motivo que o tantra considera o parceiro sexual como uma divindade em carne e osso.
Ambas as linhas, negra e branca, pretendem a ampliação da energia sexual. Entretanto, há diferença de opiniões entre as duas: depois de um longo contacto e de uma intensa satisfação, enquanto que, na linha negra tem-se o orgasmo no final da relação, na linha branca sugere-se a contenção do orgasmo. Segundo esse ponto-de-vista, o orgasmo nada mais é do que o fim do prazer: Omni animale post coitum triste est.
Na retenção orgástica o indivíduo aumenta tanto a força genésica que, simplesmente, a natureza o preserva. Com isso, atenua-se tanatos, o impulso da morte e destruição; e intensifica-se eros, o impulso de vida. Sendo um reprodutor em potencial, possivelmente útil à espécie ser-lhe-á garantida uma vida mais longa e plena.
Entre as consequências da exacerbação do prazer e do refreamento do orgasmo estão: o aumento do próprio desempenho sexual, a melhoria da saúde, o aumento da capacidade imunológica, ampliação dos sentidos, das percepções sensoriais e extra-sensoriais, dos reflexos, bem como mais alegria e menos depressões, melhor produtividade no trabalho, nos estudos, no desporto, etc.
Para usufruir da energia gerada pelo maithuna saudavelmente é necessário que o indivíduo tenha uma excelente infra-estrutura física e psíquida. Essa infra-estrutura é obtida pelas técnicas do yôga, nomeadamente pelo ashtanga sádhana. Além das consequências do maithuna acima citadas, o praticante de yôga constatará que a sua força sexual irá auxiliá-lo no despertamento da kundaliní e, consequentemente, ao alcance do samádhi, a meta do yôga.
 17. Yôga Tântrico, Yôga Brahmácharya, e a Kundaliní

 Existem dois grupos opostos de yôga: o de linha tântrica e o de linha brahmácharya. Ambos afirmam que despertar a kundaliní é fundamental. Porém, apenas a linha tântrica utiliza o maithuna como alavanca de evolução, explorando a sensorialidade. A outra classe, praticada pela grande maioria dos yôgis na Índia, restringe o contacto sexual. Consequentemente, é anti-sensorial. O yôga de tendência brahmácharya encontra-se na segunda categoria.

20. Tantra Yôga

 Tantra yôga: é o yoga sensorial. Utiliza técnicas sensoriais que trabalham as energias subtis do nosso plano físico, dirigindo-as aos centros energéticos responsáveis por estados de elevação da consiência.

21. Káma Sútra

Ao contrário do que se possa pensar, o Káma Sútra não tem nada a ver com o tantra. O livro Káma Sútra é um tratado de etiqueta sexual encomendado pelo Marajá ao sábio Vatsysyána para educação dos seus filhos. É provável que o verdadeiro texto do Káma Sútra seja bastante diferente da maior parte das traduções publicadas no mercado. O seu conteúdo não apresenta técnicas tântricas ou expõe os princípios ou propostas dessa filosofia comportamental.
Kamasutram (Sânscrito: कामसूत्र), geralmente conhecido no mundo ocidental como Kama Sutra, é um antigo texto indiano sobre o comportamento sexual humano, amplamente considerado o trabalho definitivo sobre amor na literatura sânscrita. O texto foi escrito por Vatsyayana, como um breve resumo dos vários trabalhos anteriores que pertencia a uma tradição conhecida genericamente como Kama Shatra.
Kama é a literatura do desejo. Já o Sutra é o discurso de uma série de aforismos. Sutra foi um termo padrão para um texto técnico, assim como o Yôga Sútra de Pátañjali. O texto foi escrito originalmente como Vatsyayana Kamasutram (ou "Aforismos sobre o amor, de Vatsyayana"). A tradição diz que o autor foi um estudante celibatário que viveu em Pataliputra, um importante centro de aprendizagem. Estima-se que ele tenha nascido no início do século IV. Se isso for correto Vatsyayana viveu durante o ápice da Dinastia Gupta, um perído conhecido pelas grandes contribuições para a literatura Sânscrita e para Foi dito por alguém que não há ordem ou momento exatos entre o abraço, o beijo e as pressões ou arranhões com as unhas ou dedos, mas que todas essas coisas devem ser feitas, de um modo geral, antes que a união sexual se concretize, ao passo que as pancadas e a emissão dos vários sons devem ocorrer durante a união. Vatsyayana, entretanto, pensa que qualquer coisa pode ocorrer em qualquer momento, pois o amor não se incomoda com o tempo ou ordem."

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