Limpe sua casa e, assim, sua mente!
Desapegar-se de objetos e lembranças é, também, uma
maneira de praticar meditação, sabia? Descubra como este exercício pode
dar aquele empurrãozinho na sua vida
Pare por um instante e dê uma rápida observada em tudo o que está ao seu redor. Olhe para os objetos que compartilham o ambiente com você e verifique se há algo fora do lugar, alguma coisa quebrada ou que parece sem uso. Encontrou algo?
Bem, independentemente de qual seja sua resposta, o importante é mesmo treinar esta percepção. Ao longo da vida, acumulamos tralhas materiais e mentais que, em algum momento, passam a ocupar mais espaço do que deveriam.
Por isso, nada melhor que detectar quais são essas coisas para, então, descartá-las, e assim poder organizar a própria vida.
É mais ou menos essa a ideia defendida pela autora Gail Blanke no livro Jogue fora 50 coisas, recentemente publicado no Brasil pela Editora Ediouro. Na obra, Gail defende a importância de eliminar pesos extras que agregamos ao longo de anos e anos, principalmente aqueles vindos de lembranças do passado, já que tais coisas perdem a utilidade com o tempo e passam a bagunçar nossa rotina – até impedir que percebamos o que é realmente importante no nosso dia a dia.
Quer saber mais sobre esta faxina mental e material? Então, acompanhe a leitura!
Guia de organização – e meditação!
Gail Blanke propõe aos leitores um exercício que, à primeira vista, pode parecer um tanto quanto complicado: eliminar, ao menos, 50 objetos que se tornaram obsoletos dentro de casa. Mais que isso, Gail também enfatiza a necessidade de desprender-se de sentimentos negativos que vão ficando guardadinhos na memória e provocam uma verdadeira bagunça mental – atividade que funciona, inclusive, como uma espécie de meditação.Aliás, em muitas tradições indianas, o desapego é também visto como peça-chave para a evolução espiritual. Não à toa tantos mestres hindus e budistas abrem mão de todos os possíveis privilégios e optam por uma vida simples, livre de qualquer regalia. É claro que não precisamos chegar a tal ponto, mas o exercício de identificar e dispensar o que se tornou inútil é um ótimo caminho para quem busca crescimento.
Lembranças empoeiradas
Para a maioria das pessoas, guardar objetos é uma forma de relembrar o que aquilo representa, como, por exemplo, o momento em que foi adquirido ou a maneira como foi entregue, caso seja um presente. “Portanto, se desfazer destes objetos parece significar não dar a devida importância à lembrança. É por isso que, para muitas pessoas, não existe a possibilidade de dar embora estes objetos, pois seria o mesmo que agir com ingratidão ou indiferença”, explica a psicóloga Roseleide Santos, da Clínica Viver Com Qualidade, de São Paulo (SP).Nessas horas, aconselha a psicóloga, é preciso compreender que as lembranças realmente importantes vão continuar presentes mesmo que o objeto não esteja mais por perto: “É necessário compreender que a conexão com aquela boa lembrança não acontece através do objeto em si, mas, sim, do que fica guardado em nossas memórias”.
Energia vital
Ficar aprisionado a entulhos materiais e mentais provoca mais que bagunça e desorganização. Segundo algumas das principais filosofias orientais, há algo mais “perigoso” neste padrão de comportamento: a partir dele, é como se ficássemos ligados demais às portas que se fecharam no passado e, assim, deixássemos de lado as novas oportunidades que surgem no decorrer do caminho.“As pessoas acabam ficando aprisionadas a situações inacabadas que demandam boa parte de sua energia vital, mesmo que não haja possibilidade de resolução. Por isso, o melhor a fazer é sempre buscar uma forma de resolver os conflitos, individualmente ou com quem se tem pendências, para que haja espaço para novas experiências, defende a psicóloga.
Compreender o valor sentimental de um objeto, por exemplo, é meio caminho para assimilar de que forma aquilo pode ou não nos manter acorrentados a episódios mal resolvidos. A partir disso, evidentemente, fica muito mais fácil desprender-se do objeto e buscar uma solução.
Inspiração mental
O guru indiano Osho é, hoje, um dos grandes líderes espirituais do mundo contemporâneo. Segundo seus ensinamentos, o desprendimento mental é caminho certo para a purificação e elevação espiritual. Acompanhe o que o sábio tem a dizer sobre o assunto e inspire-se a realizar uma verdadeira transformação!"Esta é a situação da sua cabeça: vejo ali "guidons" de bicicleta, pedais e coisas estranhas que você foi juntando de toda parte. Uma cabeça tão pequena... e sem espaço para se viver nela!
E esse material inútil fica revolvendo-se em sua cabeça; sua cabeça fica girando e tramando - e isso mantém você ocupado. Imagine só que tipos de pensamentos vão passando pela sua mente...
Qualquer dia, simplesmente sente-se, feche os olhos, e coloque no papel, durante meia hora, o que quer que passe pela sua mente. Você compreenderá o que estou querendo dizer, e ficará surpreso com o que transita no interior da sua mente. Isso tudo vai ficando nos bastidores, fica ali o tempo todo, e acaba envolvendo-o, como uma nuvem.
Devido a essa nuvem, você não consegue distinguir a realidade, não consegue chegar à percepção espiritual. É preciso desfazer-se dela.
E apenas com a sua decisão de descartá-la é que ela irá desaparecer. Você está apegado a ela - a nuvem mesma não tem o menor interesse em você, lembre-se disso”.
[Trecho extraído da obra Osho The Sun Rises in the Evening Chapter 9]
Texto • Geisa D'avo