Caracteriza-se pela dificuldade na produção dos hormônios sexuais (progesterona e estrógeno para mulheres, testosterona para homens). A produção das células reprodutoras (óvulos e espermatozoides) também é afetada.
É grave? O que pode acontecer com quem sofre de hipogonadismo?
A medicina classifica o hipogonadismo em duas categorias, de acordo com a sua origem:
- Hipergonadotrófico ou primário, quando a doença incide diretamente sobre as gônadas;
- Hipogonadotrófico ou secundário, quando ela se manifesta na hipófise ou no hipotálamo, regiões do cérebro que controlam as glândulas produtoras de hormônios do corpo, incluindo as gônadas.
A consequência mais grave provocada pelo hipogonadismo é a infertilidade, principalmente para quem quer ter filhos. Mas a doença pode ainda produzir outros efeitos, como:
- maior risco de derrames e infartos;
- alterações no desenvolvimento sexual;
- alterações no humor;
- aumento do risco de câncer de mama;
- ganho de peso;
- redução da massa muscular;
- redução da massa óssea.
O que causa o hipogonadismo?
O hipogonadismo pode ser congênito (herdado geneticamente) ou adquirido. Entre as principais causas para sua ocorrência, podemos citar:
- a obesidade, que pode ser tanto causa como consequência da doença (principalmente entre homens);
- também entre homens, traumas ou infecções nos testículos, incluindo a caxumba;
- o uso de medicamentos que contenham opióides;
- o hipotireoidismo;
- a hereditariedade (síndrome de Klinefelter nos homens e síndrome de Turner nas mulheres).
Com menor frequência, outras causas que também podem levar ao hipogonadismo são:
- a rápida perda de peso (principalmente para mulheres atletas),
- as cirurgias ou radiações realizadas sobre regiões do corpo próximas aos testículos, aos ovários ou à hipófise,
- algumas doenças como a hemocromatose, a aids ou a síndrome de Kallmann;
- os tumores hipofisários;
- doenças autoimunes, doenças hepáticas, doenças renais ou outras doenças crônicas.
Após os 60 anos de idade, a redução natural da produção de hormônios sexuais pode favorecer o surgimento da doença.
Hipogonadismo congênito: síndrome de Klinefelter e síndrome de Turner
Tanto a síndrome de Klinefelter entre os homens, como a síndrome de Turner entre as mulheres são anomalias na formação do par de cromossomos que define as características sexuais da pessoa. Essas anomalias têm origem no material genético do pai e/ou da mãe.
Normalmente, as células humanas contêm 23 pares de cromossomos, totalizando 46. Um desses pares determina o sexo da pessoa, sendo formado por dois cromossomos do tipo X para mulheres (XX) e por um cromossomo X e outro Y para os homens (XY).
A síndrome de Klinefelter atinge um em cada 500 meninos nascidos. Ela dá origem a células com 47 cromossomos. O cromossomo a mais é do tipo X, o que faz com que em lugar do par XY, forme-se um trio XXY. Como resultado, a criança apresenta um desenvolvimento físico e cognitivo alterado, incorporando algumas características femininas.
Na síndrome de Turner, que afeta uma em cada duas mil meninas nascidas, o par de cromossomos determinantes para o sexo apresenta um cromossomo X funcional, enquanto o outro pode estar ausente, danificado ou com características do cromossomo Y. Meninas que nascem com a síndrome de Turner podem apresentar diversos problemas em seu desenvolvimento físico e cognitivo.
Quais são os sintomas do hipogonadismo?
Alguns sintomas do hipogonadismo são específicos para homens ou mulheres. Há também sintomas que se manifestam na vida adulta e outros que surgem já na transição da infância para a adolescência.
Sintomas para homens adultos
Para homens em idade adulta, os principais sinais para um possível quadro da doença são:
- baixo apetite sexual;
- quantidade escassa de pelos no corpo;
- baixa produção de esperma;
- disfunção erétil;
- dificuldade para engravidar a parceira;
- impotência sexual;
- redução da massa muscular;
- aumento dos níveis de gordura;
- surgimento de mamas;
- desenvolvimento do quadril;
- voz fina;
- crescimento anormal dos braços e das pernas;
- falta de energia, desânimo.
Sintomas para mulheres adultas
Já para mulheres em idade adulta, os sintomas mais comuns são:
- desregulação do ciclo menstrual; em alguns casos, a mulher deixa de menstruar por mais de três meses;
- dificuldade de engravidar;
- problemas durante a gestação;
- redução do apetite sexual;
- redução dos pelos no púbis e nas axilas;
- falta de energia;
- perda de massa muscular;
- ondas de calor;
- secura vaginal;
- fogachos antes dos 40 anos de idade.
Sintomas na transição da infância para a adolescência
Alguns sintomas também podem se manifestar na passagem da infância para a adolescência, como por exemplo:
- em meninas, chegar aos 14 anos de idade sem o desenvolvimento das mamas, dos pelos pubianos e sem a ocorrência da primeira menstruação;
- em meninos, chegar aos 16 anos de idade sem o desenvolvimento do pênis e sem alterações na voz, ou ainda, o não desenvolvimento dos pelos pubianos.
Como diagnosticar o hipogonadismo?
Diante de alguns dos sintomas citados, é importante buscar uma avaliação médica. Clínicos gerais, radiologistas, urologistas, ginecologistas e endocrinologistas estão entre os profissionais mais indicados para tal.
De acordo com o histórico do paciente e o exame clínico realizado pelo médico, alguns exames complementares podem ser necessários, tais como:
- painel de hormônios;
- espermograma;
- ultrassom dos testículos;
- ultrassom da pelve;
- ressonância da hipófise;
- outros.
Como tratar o hipogonadismo?
As formas de tratamento do hipogonadismo variam de acordo com suas causas.
Se a causa está associada a um tumor hipofisário, medicamentos específicos ou uma cirurgia são as formas de tratamento mais indicadas.
Já quando a doença tem origem em algum trauma nos testículos ou nos ovários, não há como atacar diretamente a causa, mas é possível compensar seus efeitos com uma reposição hormonal.
Para mulheres, existe ainda a possibilidade de um tratamento de estimulação da ovulação.
Concluindo
Diante de sintomas típicos de hipogonadismo, procure ajuda e jamais recorra à automedicação.
A automedicação representa sempre um risco, não só de não resolver o problema, mas de agravá-lo ainda mais ou então gerar efeitos colaterais indesejados. Detalhe: suspender o uso ou alterar as dosagens de um medicamento sem o conhecimento e a autorização do médico que o receitou também são formas de automedicação.
Por outro lado, deixar de procurar ajuda por desconhecimento ou acomodação implica em passar por riscos e sofrimentos desnecessários, já que a medicina dispõe de recursos que podem permitir seu tratamento.
O acompanhamento médico é a única forma segura de tratar o hipogonadismo.