Nas tradições do Oriente, a região onde fica o chamado ponto hara - entre três e quatro dedos abaixo do umbigo - representa o centro de gravidade do corpo e também um reservatório de vitalidade, vigor e criatividade. Desenvolver a consciência dessa parte do corpo, ativá-la e harmonizá-la nos ajuda a ficar centrados e a encontrar o equilíbrio para viver de maneira mais positiva.
Concentrar a atenção nesse ponto nos coloca no eixo e proporciona estabilidade física e emocional, permitindo a “unidade do homem consigo mesmo”. Esse poder estabilizador faz da ligação com o hara um dos pilares fundamentais na meditação e nas artes marciais orientais, como tai chi chuan e aikido, por exemplo, em que são necessários concentração e autocontrole.
CENTRO DO PRAZER
Os chineses chamam a região do hara, o ventre, de tan tien. Os indianos acreditam que nesse local fica o swadhisthana, o segundo chakra, um dos sete principais centros energéticos do corpo, segundo a medicina ayurvédica. Esse centro é onde se acumula não só força vital mas também a alegria de viver e o prazer sexual.
Além de ficar próximo ao útero e aos ovários, na mulher, e às vesículas seminais, no homem, ele também se relaciona com a libido, pois, segundo a tradição hindu, o segundo chakra rege a sexualidade. Ao ativar o hara, acumula-se e organiza-se a energia vital, o que pode contribuir para melhorar o desempenho sexual.
No Japão, o hara também está relacionado ao senso de honra e dignidade. Antigamente, quando se sentiam desonrados, os japoneses cometiam um suicídio ritual, o harakiri, cravando o punhal na região do hara. Assim encerravam a vida no lugar onde ela havia nascido. Um hara forte também significa pode espiritual. Nas gravuras japonesas e chinesas, os homens santos costumam ser representados com um círculo de luz localizado no baixo ventre. É por isso que um Buda, um iluminado, é visto nas imagens com a barriga proeminente.
CONEXÃO COM A TERRA
Segundo a medicina chinesa, o lugar do hara no corpo está relacionado ao elemento terra. É como se fosse nosso chão, onde encontramos segurança e estabilidade. Uma pessoa centrada no hara parece plantada no solo, como uma árvore sólida. No metrô de Tóquio, você vê os japoneses com os olhos semicerrados e pés bem firmes no chão. Eles não estão cochilando, mas se concentrando no hara, ganhando força e vitalidade para enfrentar mais um dia de trabalho.
Por essa associação com a terra, o fortalecimento do hara proporciona a sensação de enraizamento. Para quem se sente desvitalizado - portanto, com a energia do hara enfraquecida -, professores de tai chi chuan sugerem mexer com a terra, moldando argila, cuidando das plantas ou simplesmente pisando na lama. Estar em contato com o solo fortifica, revitaliza.
Assim como a terra, o hara é uma fonte de fertilidade. Quem tem ele desenvolvido se relaciona de maneira produtiva com pessoas e o meio ambiente: seus relacionamentos florescem, os projetos frutificam. Bem equilibrado, o hara nos torna calmos, produtivos e criativos. Quando está desvitalizado, porém, nos sentimos ansiosos, vulneráveis e instáveis.
Quem aprende a se concentrar nesse ponto descobre uma âncora para o dia-a-dia. Existem massagens e exercícios que ativam e fortalecem a região. Meditar sentado, colocando a atenção na região do ventre, também é uma forma de estimulação do local. Durante as caminhadas, por exemplo, você também pode se concentrar nesse ponto do abdômen sempre que se sentir disperso ou desvitalizado. Dança do ventre ou artes marciais, praticadas regularmente, também ajudam a fortalecer esse centro vital.
MASSAGEANDO A BARRIGA
Na região do hara, estão pontos energéticos relacionados aos diversos órgãos, segundo os princípios da medicina oriental. Para realizar uma massagem que estimula o bom funcionamento do organismo, siga as instruções:
- Deitado, bem relaxado, mantenha a respiração tranquila. Pressione suavemente com a ponta dos dedos, durante alguns segundos, cada um dos pontos, seguindo a ordem numérica de 1 a 17, de acordo com a imagem abaixo. Exerça pressão apenas ao soltar o ar dos pulmões, quando a barriga afunda.
EXERCÍCIOS PARA FORTELECER O HARA
Para ganhar vitalidade e estabilidade, você pode praticar regularmente estes dois exercícios, inspirados nas artes marciais orientais:
Exercício 1
- Em pé, com os pés separados, coloque as duas mãos no abdômen, abaixo do umbigo. Primeiro a mão esquerda toca o ventre e depois coloca-se sobre ela a mão direita.
- Feche os olhos e concentre-se nesta região. Tranquilize e aprofunde a respiração. Ao inspirar, movimente o quadril para trás e, na expiração, leve-o para a frente.
- Repita os movimentos durante um período de 3 a 5 minutos.
Exercício 2
- Em pé, com os pés paralelos, joelhos levemente flexionados, estenda os braços para a frente, como se fosse abraçar alguém, até que as pontas dos dedos se toquem. Mantenha a posição entre 3 a 5 minutos.
- Esse exercício alivia as tensões dos ombros e do pescoço, melhora a respiração e proporciona a sensação de enraizamento. Para potencializar esse efeito, imagine raízes que saem de seus pés e se aprofundam na terra.
Utilize este vídeo com o som das tigelas tibetanas para um exercício de energização da região do hara(segundo chakra), se concentrando e levando a energia da respiração para essa região:
Utilize este vídeo com o som das tigelas tibetanas para um exercício de energização da região do hara(segundo chakra), se concentrando e levando a energia da respiração para essa região:
Fonte: Bons Fluidos, Ed. 42, Editora Abri
O hara e tanden e a importância no Reik
腹 Hara – o abdómen
Hara é a região abdominal, quer no campo anatómico quer no campo energético. Na medicina japonesa, representa a área que vai desde o esterno até à púbis, ocupando a largura do nosso corpo. Num conceito mais comum, chamamos ao hara o centro energético que fica abaixo do nosso umbigo. O seu nome, em japonês, é Tanden, em chinês é considerado o baixo dantian e no yoga chama-se swadhisthana ou chakra esplénico. Este centro energético é o grande reservatório de ki, chi, prana, que são os nomes dados à energia pelos japoneses, chineses e indianos.
丹田 o Tanden
Tanden, em japonês, significa o ponto abaixo do umbigo, é um ponto para a atenção nas técnicas de meditação. Nas práticas chinesas é conhecido como um reservatório, uma fonte de energia vital, daí o nome de «oceano do qi». Este é o nosso centro de gravidade.
O Tanden e a sua importância no Reiki
Ao ponto abaixo do umbigo, damos o nome concreto de seika tanden (臍下丹田 centro do baixo ventre). É o centro através do qual adquirimos a atenção sobre o corpo, é onde encontramos força e equilíbrio. Na prática de Reiki podemos centrar-nos no seika tanden para fazer a meditação gassho; A prática de Joshin Kokyu Ho para aumentar e reciclar a energia vital; Fazemos ainda técnicas de desintoxicação como o Gedokyu Chiryo. No autotratamento, trabalhamos o seika tanden como correspondência ao chakra esplénico – Os objectivos de vida; A felicidade; Alegria; Interrelacionamento; Órgãos reprodutores; Vitalidade.
Se em algum momento da tua vida te sentes sem força, avalia como está o teu seika tanden. Faz o Joshin Kokyu Ho para te revitalizares e preencheres de energia.