Para o Equilíbrio do Corpo
Já se sabe há tempos que as cores evocam determinados estados emocionais. Os chineses consideram o vermelho a cor da alegria; o branco simboliza luto, e o preto, medo. Os médicos chineses colocavam pacientes epiléticos em cima de tapetes violeta e penduravam véus da mesma cor nas janelas. As vestimentas e cortinas do quarto de pacientes com escarlatina eram vermelhas, assim como as radiações luminosas que recebiam.
No Nei Ching - o texto médico mais antigo do mundo, datando aproximadamente de 2800 a.C., Huang Di, o “Imperador Amarelo”, descreve como o médico conseguia ver pela cor da pele o estado das energias vitais dos seus pacientes: cores fortes e claras significam vida, fluxo livre das energias; cores pálidas porém, demonstram que os vários órgãos estão esgotados e a energia vital se encontra em baixa sinais de que a morte está próxima
Segundo o escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, estudioso do assunto. o pintor que sempre escolhe cores pálidas mostra insegurança, assim como quem contempla esse tipo de pintura.
Escreveu ele:
“Povos primitivos, pessoas rústicas, crianças gostam de cores no auge de sua energia (...), gostam de uma mistura de cores fortes. Toda aquela mistura, porém, surge quando as cores, no auge de sua energia, se ajuntam sem equilíbrio harmonioso. Se, porém, surge um equilíbrio, causado por instinto ou por acaso, então o efeito é agradável.”
Em sua doutrina de cores, até hoje muito considerada por pintores e cromoterapeutas, Goethe afirmou:
“A experiência nos ensina que as cores primárias causam estados emocionais especiais.”
O amarelo é alegre, suave, quente, gostoso; o azul é frio, escuro; o vermelho é uma cor séria, digna, mas a mistura vermelho-amarelada evoca emoções de agressividade nos homens e animais. Verde - a mistura das polaridades amarelo e azul - transmite calma.
Uma cor que se destaca demais, segundo Goethe, ameaça o equilíbrio do organismo, pois “quando estamos sempre cercados por uma cor especifica que nos convida a ficar sempre num determinado estado, nos achamos em uma condição forçada, que nos faz mal, nos irrita. Queremos sair dali”. De acordo com Goethe, os olhos não se satisfazem com aquela situação tão unilateral; eles procuram inconscientemente pela totalidade de todas as cores.
O Nei Ching e a medicina chinesa consideram que todos os seres vivos do universo estão sujeitos às leis dos “cinco elementos”. A cada elemento pertencem determinados fenômenos da vida cósmica e humana: a rosa-. dos-ventos, as estações, os animais, as plantas, os órgãos humanos, os estados emocionais e as cores. E quando a um elemento qualquer falta energia, ocorre um fluxo de energia de um outro elemento. Mas isso pode levar a falta de energia em outros lugares.
Nos dois casos - falta ou excesso de energia -, o órgão em questão (coração, baço, fígado, pulmões ou rins) perde a resistência. Apenas o equilíbrio de todos os elementos, suas energias e os estados emocionais inerentes a eles, costumes de alimentação, etc. podem dar saúde real. Também as cores são uma ajuda concreta ao bem-estar do ser humano, pelo menos quando elas enfrentam os homens nas condições descritas por Goethe, de “totalidade e harmonia”.
Tais conhecimentos - como todas as coisas boas - não são totalmente novos e hoje existe uma forma de terapia bastante eficaz capaz de se adaptar as necessidades individuais do paciente/aluno. Michaela Hasse Touval e seu filho Ofir Touval já trabalham há mais de seis anos com a ajuda de vários tipos de cura e o autodesenvolvimento. No inicio, eles aplicavam cursos de Touch for Health (Saúde pelo Toque) em sua pátria, Israel. Mais tarde, acrescentaram cursos de “Massagem Polarizada”, Reiki, integração cerebral, um método para aprender a vã a aura, interpretar os chacras e o “Método Metamorfose”, de lean-Pierre Gastons.
Por enquanto, a técnica que mais importa é o “Sistema Osher para Auto-harmonização”, criado por eles mesmos e que, há mais de dez anos, estão ensinando em Berlim. Os dois terapeutas são instrutores de Touch for Health e aprenderam as formas mais variadas de meditação - mas uma parte dos seus ensinamentos e totalmente nova.
Osher é a palavra hebraica que expressa “uma sensação interior de felicidade profunda, uma sensação que apenas pode vir de dentro e não pode ser comprada”. É composta das três letras hebraicas Aleph, Shin e Reish, que, por sua vez, são as primeiras letras das palavras ahawa (amor), shalam (paz) e reut (amizade).
“Amor”, explica Michaela HasseTouval, “é em primeiro lugar o autoamor - devemos nos aceitar como somos, como Deus nos criou, com todos os defeitos, incluindo nossos óculos, nossa surdez, nossa obesidade e outros eventuais problemas fisiológicos”. ‘Ame seu próximo como a si mesmo’, diz a Bíblia. Mas quem não ama a si mesmo nunca será capaz de amar o próximo O que não temos não podemos dar aos outros. Quando falo de amor, falo de um amor incondicional, onipresente, incluindo todos os seres humanos, a natureza, os animais, o universo”.
“Com paz”, continua Michaela, “queremos dizer uma paz interior com nós mesmos, com nossa família, os vizinhos, com as plantas e animais, a natureza, o mundo inteiro e o cosmos.
A amizade significa espontaneidade, abertura; quer dizer também tratar estranhos com amizade, não fechar a porta para eles, ajuda-los se possível. Se chegamos a esses três estados, ai alcançamos ‘osher’: estamos felizes, irradiamos energia positiva e ao nosso redor tudo floresce, até as plantas. Osher é, então, um estado de harmonia e equilíbrio no nível espiritual”
Segundo Michaela Hasse-Touval, “quando o espírito está equilibrado, irradiamos alegria, felicidade, bom humor, em vez de nervosismo, complexos, problemas psicológicos, medos e doenças. Um espirito equilibrado resolve os problemas com facilidade, não entra freqüentemente em pânico, vê o mundo numa luz clara, positiva e agradável. Um espírito equilibrado sabe observar e entender, sentir dor, perdoar, sentir e receber compaixão Mas nunca exagera nenhum sentimento, nenhuma sensação, ate o ponto de excluir todas as outras sensações”.
Como, na Terra, um espírito saudável apenas consegue viver num corpo saudável, e é relativamente inseparável do corpo, a condição para a harmonia da alma é o estado do corpo. Por isso, a base do “Sistema Osher” é a integração e o equilíbrio do corpo com a ajuda das cores.
Como se sabe que existe integração e equilíbrio corporal, é mais fácil constatar a ausência de tal equilibro. Talvez um médico chinês experiente pudesse diagnosticar tal estado “objetivamente”. Porém, através do Tonch for Health, o leigo também pode decifrar o sistema energético A base dessa terapia e método de diagnóstico é o “teste muscular”.
Já foi provado que, da mesma maneira que determinados órgãos apenas podem ser saudáveis se a energia flui livremente nos seus “meridianos” correspondentes (como já sabíamos pela acupuntura), também a “força” ou a “fraqueza” de determinados músculos dependem do fluxo energético nos meridianos.
Na prática isso quer dizer que, por exemplo, o músculo deltóide (que recobre a articulação do ombro) não funciona plenamente quando o meridiano da vesícula biliar tem problemas. O teste muscular neste caso é o seguinte: a pessoa estende o braço para o lado, bem esticado. Depois o testador faz um pouco de pressão para baixo e a pessoa testada faz uma pressão no sentido oposto. Se o braço se abaixar com relativa facilidade, existe um problema no meridiano da vesícula biliar.
O “Método Osher” usa o teste muscular para descobrir as cores capazes de ajudar a pessoa em questão. De acordo com a antiga sabedoria chinesa, cada elemento tem suas cores, órgãos e meridianos correspondentes. Determinamos pelo teste muscular com qual dos elementos o corpo quer começar, através de perguntas simples, como: “É melhor trabalhar com o elemento madeira? Ou com o elemento água?” E assim por diante. Braço fraco significa “sim”; braço forte, “não”.
Segundo Ofir Touval, “quando trabalhamos num grupo maior, não podemos começar individualmente com cada elemento. Seria muito complicado. Por isso, começamos em geral com o elemento terra, que tem uma influência muito grande na vida das pessoas civilizadas. Atualmente, muita gente tem o meridiano estomacal bastante perturbado.
Quase todo tipo de estresse ataca o estômago. O estresse sobrecarrega o corpo, e ai seguem-se irritabilidade e briga; depois isolamento, medo de ser abandonado e finalmente raiva. Tudo isso perturba o fluxo energético no meridiano do estômago”. O cinesialogista Roger Callahan constatou que, com 80% dos que sofrem de uma fobia, o mero pensamento no objeto de sua fobia tem como conseqüência uma perturbação no elemento terra.
Ao cliente do “Método Osher” se oferecem plaquinhas em vários tons da cor correspondente ao elemento em questão. No caso do elemento terra, elas são em tons de amarelo. Depois, através de um processo especial, isola-se o meridiano do estômago, para que apenas ele reaja ao teste muscular. A pessoa que está sendo testada se concentra cada vez num tom da cor especifica. Logo se nota que o músculo reage fracamente a quase todos os tons, com exceção de um ou dois. E, ao se comparar os dois tons, apenas um será escolhido.
Ou seja: todos os tons de amarelo enfraquecem, apenas um deixa fluir livremente a energia no meridiano do estômago, fortalecendo o músculo. Depois disso se isola o outro meridiano no elemento terra: o baço-pâncreas, que é também testado. Freqüentemente, ele escolhe o mesmo tom do meridiano do estômago, o que se considera um sinal positivo.
Os dois meridianos da terra (yin e yang) já se harmonizam bastante um com outro. O estudante Osher leva, então,.as duas plaquinhas com as cores em questão para casa, durante uma semana. Sua tarefa é observá-las diariamente durante alguns minutos enquanto esfrega o meridiano correspondente, seguindo a direção certa (yin ou yang), ou bate, por exemplo, nos pontos do meridiano. As vibrações da cor estimulam o fluxo energético do meridiano; esfregar e bater ajudam o corpo a acostumar-se às cores.
Depois de uma semana se testa qual dos dois tons de amarelo foi preferido para equilibrar o elemento terra. Assim, fica apenas uma cor e, com a ajuda de determinados exercícios de integração, ambos os meridianos são colocados em contato com o mesmo tom. Esses exercícios podem ser, por exemplo, do tipo cross-crawl: usar ao mesmo tempo o braço direito e a perna esquerda e vice-versa - como quando se anda rapidamente. Dessa maneira, as duas partes do cérebro são estimuladas pela cooperação. Outra opção é cantarolar: assim o hemisfério direito do cérebro - o hemisfério musical-criativo - é estimulado; ou contar (estimulando-se a parte esquerda, a mais racional)
Achamos, então, a cor do primeiro elemento, restando ainda mais quatro Michaela e Ofir continuam, geralmente, com o elemento madeira, que abrange o meridiano do fígado e da vesícula biliar, os quais são perturbados por raiva e irrita-ção. Sua cor é o verde Depois, se-guem com o elemento água – ou seja, os meridianos dos rins e da be-xiga, que são atingidos pela emoção e o medo, e cuja cor é o azul.
O elemento fogo relaciona-se ao coração, intestino delgado, circulação, órgãos sexuais e ao meridiano que regula a temperatura do corpo. Sua cor é o vermelho, e as emoções correspondentes, alegria e desejo que, em exagero, podem enfraquecer. O elemento metal está ligado ao intestino grosso. As emoções negativas que a ele se relacionam são: preocupação e doenças; a cor e o branco. “A cor branca nos liga a luz e a divindade”, diz Michaela Hasse Touval. Para essa finalidade, porem, os participantes não recebem as plaquinhas coloridas costumeiras; em vez disso, cada um escolhe na sala um objeto cujo tom branco lhe e simpático.
Para todos os elementos e cores, procede-se do mesmo modo como já descrito acerca do elemento terra. Após cinco semanas, todos os participantes remem uma série de cinco cores, exatamente de acordo com suas necessidades pessoais, escolhidas pelo próprio corpo. Tais cores o fortalecem porque têm uma influência positiva sobre todos os campos de seu sistema energético. Depois disso, cada um pode carregar suas cores consigo e, se precisar, olha-las por alguns minutos. Quando alguém fica nervoso ou se sente mal, por exemplo: pode pegar nas cores (ou imaginá-las mentalmente) e logo se sentira bem melhor.
Segundo os inventores do “Método Osher” e os participantes dos seus seminários, o tratamento, sem dúvida, fortalece e equilibra. Situações agudas de estresse são superadas com mais leveza, as forças de autocura do corpo são muito fortalecidas: elas acabam rapidamente com pequenas infecções e as doenças crônicas são expulsas do corpo em pouco tempo.
O “Método Osher” é mais que uma brincadeira com cores. Ofir e Michaela ensinam também vários tipos de meditação e dão cursos para participantes adiantados. Porém, a base de tudo, o que faz com que o corpo adquira saúde e possa tornar-se o lar de um espirito saudável, é a cromoterapia aqui descrita. Evidentemente, muitas vezes, ocorrem reações típicas fortes, indicando talvez purificação e transformação, como resfriados, eczemas, uma febre leve, mais necessidade de dormir, vontade repentina de comer doces ou outros alimentos Tais fenômenos devem ser aceitos com Paciência.
Em uma coisa os participantes dos primeiros seminários Osher estão de acordo: sua vida se modificou totalmente. Uma mulher sob tratamento psiquiátrico durante muito tempo agora não precisa mais dele; uma outra diz que superou sem grandes problemas a separação de um parceiro de muitos anos. Um cozinheiro parou de fumar depois de três semanas Osher (em fumava ate 80 cigarros por dia); um pouco mais tarde, também diminuiu consideravelmente seu consumo de bebidas alcoólicas: “Não precisava me esforçar, me dominar”, afirma; “agora estou simplesmente indo bem. Senão, olho durante uns minutos minhas cores. Isso sempre ajuda. Antes trabalhava com dois colegas, mas agora faço a mesma coisa com um só; trabalho como duas ou três pessoas, muitas vezes durante 12 horas, e ainda me sinto bem”.
Para as pessoas que ainda não tiveram oportunidade de participar de um curso Osher, este método contém alguns ensinamentos valiosos sobre nosso relacionamento com as cores. Um ponto importante é saber, por exemplo, que na escolha de cores para as roupas e os móveis as pessoas devem deixar se levar pela intuição, e não pela moda ou livros sobre cores e suas influências. Cada corpo procura, instintivamente, as cores de que sabe precisar naquele estado, mesmo se outras pessoas não acham sua escolha correta, porque nelas as mesmas cores têm influências negativas.
· Estenda o braço, bem esticado, para o lado. Peça ao seu parceiro que faça uma leve pressão, de cima para baixo, mais ou menos entre o pulso e o cotovelo. Se o braço oferecer resistência normal, o meridiano da vesícula biliar esta em ordem. Se puder ser logo empurrado para baixo ou reagir com hesitação, a energia desse meridiano esta desequilibrada. Só se deve continuar com o teste se este problema for superado. Para isso, deve-se bater levemente varias vezes ao redor de uma glândula denominada timo no sentido anti-horário. Essa glândula - essencial para o bom funcionamento do sistema imunológico - se encontra no tórax, debaixo da segunda costela (contando de cima). Tal exercício faz com que a energia física, pelo menos durante um tempo, se equilibre. Um segundo teste, normalmente, mostrará agora um braço “forte”.
· Coloque sua outra mão no umbigo e se deixe testar de novo. O toque do umbigo atinge de modo inexplicável todos os meridianos do corpo; se algum outro meridiano, além da vesícula biliar, tiver problemas, se perceberá na hora. Nesse caso, deve-se bater outra vez no timo. Depois que os meridianos com problemas são “corrigidos”, podemos começar com o teste verdadeiro.
· Fique com sua outra mão no umbigo, pegue uma tabuleta com as varias cores e se concentre - uma depois da outra - em cada uma delas. Deixe-se testar - e surpreendente como seu braço e todo seu corpo reagem de modo diferente aos vários tons de cores. Teste também outros fatores, como alimentos (coloque um pedaço na língua), peças de roupas, luz e sombra, pensamentos positivos e negativos. Assim se recebem as primeiras impressões sobre as possibilidades da “cinesiologia aplicada”.
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Circulação e órgãos sexuais |
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Texto de Hans Fink
Publicado no Brasil pela primeira vez
em Setembro de 1990
Pela revista Planeta